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Espiritualidade


A rosa e os espinhos
 
AUTOR: IR. JOSÉ ANTONIO DOMINGUEZ, EP
 
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Por sua cativante formosura, a rosa é um símbolo adequado de Nossa Senhora, pois evoca a mais alta contemplação de Deus e, ao mesmo tempo, a repulsa intransigente ao mal.

Quem nunca feriu os dedos ao segurar, sem o devido cuidado, um formoso “bouquet” de rosas? A reação é instintiva: uma curta exclamação de dor, seguida de um leve balançar da mão. Se a picada tiver sido suficientemente profunda, logo se verá o brilho de um ponto vermelho, o qual se avoluma até se transformar num filete de sangue que vai traçando o seu caminho ao longo do dedo.

Na mente da vítima pode nascer certa perplexidade: uma flor tão bela, a rainha das flores, e com esses espinhos tão pontiagudos!… Deus não poderia ter criado a rosa sem espinhos? A pergunta é compreensível. A resposta virá mais adiante.

Já nos primeiros séculos da Igreja, a rosa passou a ser tomada, por sua beleza, como um símbolo da Virgem Maria. No hino “Akathistos Paraclisis”, das Igrejas do Oriente, se canta: “Maria, Tu, Rosa Mística, da qual saiu Cristo como milagroso perfume”. Também, no Ocidente, na Ladainha Lauretana, rezamos: “Rosa Mística, rogai por nós!”

Por que rosa? Por que mística? E será com espinhos?!

A rosa, como todos sabem, é constituída por pétalas que se sobrepõem e se envolvem numa harmonia perfeita. À medida que ela vai se abrindo, mostra gradativamente suas belezas, ocultas no interior, onde encerra o melhor de seu perfume. Se fixarmos a atenção na textura das pétalas, veremos que são de uma suavidade sem igual, evocando o modo de ser afável e acolhedor com que Nossa Senhora trata seus filhos e filhas.

As flores não emitem sons, mas, se a rosa falasse, como seria o tom de sua voz, para representar Nossa Senhora? Sem dúvida, teria analogia com o aveludado de suas pétalas…

Também, ao longo da História, o aprofundamento no conhecimento de Maria cresceu, à medida que a Igreja foi desvendando os tesouros de sua alma imaculada, tal como descobrimos a beleza encantadora da rosa enquanto vai desabrochando.

Entre as riquezas que Maria guarda no interior de seu coração virginal – tal como o encanto da rosa se esconde no âmago de suas pétalas – há graças e dons do Espírito Santo que elevam sua alma à mais íntima união com Deus.

Aos que se aproximam da Rosa Mística com admiração e devoção, Ela os faz generosamente participar de suas graças e de seus dons, inebriando- os com a fragrância de seu odor, que não é senão o próprio perfume de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Mas, e os espinhos? Não são o contrário da suavidade e delicadeza próprias à Virgem das Virgens?

São eles uma imagem eloqüente da rejeição ao pecado. Lembram-nos a existência do mal.

Como nem a mais leve sombra de mancha ou imperfeição obscureceu a alma de Maria, por sua completa rejeição ao mal, Ela é o terror dos demônios, sendo representada em muitas de suas imagens calcando aos pés a Serpente. Sem perder nada da suavidade maternal com que acolhe os que Lhe pedem proteção, Ela a pisa com firmeza e superioridade esmagadora, sem baixar o olhar, sequer, para o réptil que rasteja a seus pés.

A rosa é, pois, um belo e adequado símbolo de Nossa Senhora, evocando a mais alta contemplação de Deus e, ao mesmo tempo, a repulsa intransigente ao mal. Se a rosa tivesse sido criada sem espinhos, que flor conseguiria representar tão bem essas virtudes contrárias, mas harmônicas, da alma puríssima de Maria? (Revista Arautos do Evangelho, Maio/2006, n. 53, p. 51)

 
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