Aprendemos na escola que todas as espécies vivas resultam de uma evolução ao longo do tempo, baseada na seleção natural. Cada ser vivo, para chegar até hoje, teria passado por sucessivas e pequenas transformações que possibilitaram sua sobrevivência; esse processo de mudanças orgânicas ocorre por necessidade de adaptação ao meio. É a doutrina criada por Charles Darwin no século XIX, denominada Teoria da Evolução1.
Um Animal incrível
O leitor realmente acredita nisso? Paremos para analisar uma ave pequena e aparentemente simples: o pica-pau.
É um animal incrível, que nos deixa atônitos. Possui um resistente bico, com uma força incomum, mais do que as demais aves. Também tem patas especiais. São duas garras para frente e duas para traz, já que as demais aves possuem apenas duas para frente e uma para trás. Isso auxilia na mobilidade de nosso amigo, ajudando-o a andar na árvore em qualquer direção. Sua calda possui penas fortes e resistentes, uma vez que a utiliza como uma terceira perna para apoiar-se na árvore. Desta forma pode, confortavelmente, permanecer num tronco vertical com estabilidade.
O pica-pau passa o dia martelando a árvore com seu bico. Isso corresponderia, transpondo para medidas humanas, a lançar-nos contra uma parede com toda a força. Entretanto, nunca ninguém viu um pica-pau desmaiado pelo fato tê-lo feito centenas de vezes por dia. Por quê? Deus deu-lhe um “equipamento”, podendo proceder assim, sem nenhum perigo. Entre o bico e o crânio, possui uma peça de cartilagem que funciona como um amortecedor. Seu crânio também é mais espesso que as demais criaturas, proporcionalmente.
O Pica-pau primitivo
Ora, a Teoria da Evolução nos diz que os animais passaram pela seleção natural. Isso significa que sobreviveram aqueles que eram mais aptos, ou seja, os que possuíam vantagens, características que o levaram a viver de forma ótima, transmitindo-as a seus descendentes.
Imaginemos, então, um pica-pau primitivo, que ainda não possuía essa cartilagem entre o bico e o crânio. Ao martelar a árvore, logo morreria, pois levaria uma forte pancada. Se não o fizesse, morreria certamente de fome. Como conseguiria o pica-pau sobreviver sem essas características próprias à sua espécie?
Outras peculiaridades impressionantes
Sua língua é capaz de se estender por até vinte e cinco centímetros fora do bico. Assim, pode extrair da árvore o inseto com que pretende alimentar-se. Mas como pegar o inseto e trazê-lo para fora sem que ele escape? Deus, ao cria-lo, colocou pequenas farpas na ponta de sua língua, o que lhe permite espetar o inseto. E ainda, tem uma glândula que produz uma cola suficientemente forte para grudar a presa e puxá-la. Mas vai comer o inseto cheio de cola? Não, pois possui uma glândula que dissolve a cola dentro de seu bico.
O pica-pau, ao bicar a árvore, fecha os olhos. Medindo a força de sua batida na madeira, verificou-se que, caso ele “esquecesse” de fechá-los, eles saltariam para fora da órbita no impacto. Portanto, antes de cada bicada, ele abre os olhos, focaliza o ponto, fecha os olhos, e repete o movimento. Alguém já conseguiu contar quantas bicadas um pica-pau dá por segundo? São em média doze golpes, e em cada um deles o processo é repetido com uma velocidade extraordinária.
Se existisse o pica-pau primitivo, ao dar a martelada na árvore com os olhos abertos, morreria. Se o fizesse sem a cartilagem entre o bico e o crânio, quebraria a cabeça na madeira. Ainda que conseguisse fazer o orifício tão desejado, não conseguiria espetar e capturar seu alimento. Como teria conseguido sobreviver e transmitir essas características a seus descendentes?
É claro que nosso amigo não poderia ter evoluído. É necessário que tenha todas essas qualidades, senão não sobreviveria jamais.
Além disso, o pica-pau nos traz uma alta lição: se Deus teve tanta deferência por uma simples criatura, quanto mais não se compadecerá de nós, dando-nos as graças necessárias para nossa Salvação Eterna? É o que nos diz o salmista com estas tocantes palavras:
“Senhor, Vós me sondais e conheceis, A palavra nem chegou à minha língua,
e já, Senhor, a conheceis inteiramente.
Por detrás e pela frente me envolveis;
pusestes sobre mim a Vossa mão.
Esta verdade é por demais maravilhosa,
é tão sublime que não posso compreendê-la.
Em que lugar me ocultareis de vosso Espírito?
E para fugirei de vossa face?
Se eu subir até os céus, ali estais;
se eu descer até o abismo, estais presente.
Se a aurora me emprestar as suas asas,
para eu voar e habitar no fim dos mares;
mesmo lá vai me guiar a vossa mão
e segurar-me com firmeza vossa destra.
Se eu pensasse: ‘A escuridão venha esconder-me
e que a luz ao meu redor de faça noite!’
Mesmo as trevas para Vós não são escuras,
a própria noite resplandece como o dia,
e a escuridão é tão brilhante como a luz2.”
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1 ARAGUAIA, M. Evolução. In: BRASIL ESCOLA. Biologia Evolutiva. Disponível em: <http:www.brasilescola.com/biologia/evolução.htm>. Acesso em: 12 out. 2010.
2(Sl 138(139), 1-12)