Eis chegado, afinal, o tão esperado dia 13 de outubro, no qual Nossa Senhora faria o grande milagre que prometera. Seria o momento da confirmação de tudo quanto se passara naquele abençoado lugar.
A manhã estava fria e chuvosa. Os pastorinhos se aprontaram, vestindo a melhor roupa que tinham. Juntamente com os pais, partiram em direção à Cova da Iria, abrindo caminho entre uma multidão de 70 mil peregrinos, vindos de todas as regiões do país.
Só com muito esforço, sob uma chuva torrencial, as três crianças alcançaram sua tão querida e já famosa azinheira. Apesar do aguaceiro, Lúcia pediu ao povo que fechasse os guarda-chuvas, para rezarem o Terço.
Pouco depois de terminada a oração, viram o reflexo da luz e, em seguida, a Santíssima Virgem pairando sobre a azinheira.
Apresentando-se como a Senhora do Rosário, Maria lhes recomendou que não deixassem de recitar o Terço todos os dias. Anunciou o fim próximo da Primeira Guerra Mundial, assegurando que os militares voltariam em breve para as suas casas. Com fisionomia mais triste, acrescentou:
– Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido.
Dizendo isto, começou a se elevar. Então um fato maravilhoso aconteceu: no céu apareceram, uma em seguida à outra, três novas visões, como se fossem quadros que simbolizavam os Mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos do Rosário.
Primeiro se via a Sagrada Família: São José, com o Menino Jesus nos braços, e Nossa Senhora do Rosário. Traçando três vezes no ar uma cruz, São José e o Divino Infante abençoaram o povo.
Noutra cena, Lúcia viu a Nosso Senhor, transido de sofrimento, como a caminho do Calvário, e Nossa Senhora das Dores, mas sem espada no peito. O Divino Redentor igualmente abençoou o povo.
Encerrado este quadro, apareceu Nossa Senhora do Carmo, coroada Rainha do Universo, com o Menino Jesus ao colo.
Enquanto os três pastorinhos contemplavam estas visões celestiais, deu-se, aos olhos da multidão, o milagre anunciado.
Em meio às nuvens que se rasgavam, aparece o sol como um imenso disco de prata, brilhando intensamente, mas sem ferir as vistas das pessoas que admiradas o contemplavam. Inesperadamente, o grande astro se põe a dançar, girando como uma gigantesca roda de fogo, numa espantosa velocidade. Suas bordas ficam avermelhadas e passam a espalhar chamas em todas as direções. Em seguida, descrevendo um ziguezague enorme, joga-se em direção à multidão aterrorizada.
Vista parcial de algumas das 70.000 testemunhas visuais, no momento em que assis-tiam ao Milagre do Sol, 13 de outubro de 1917 |
Soltando um imenso grito, todos caem de joelhos na lama, pensando que vão ser queimados pelo fogo. Muitos rezam em voz alta o ato de contrição. Pouco a pouco, o sol começa a se elevar traçando o mesmo ziguezague, até o ponto do ho¬rizonte de onde havia descido. Torna-se então impossível olhá-lo. É já o sol de todos os dias que brilha no céu.
Tudo aquilo havia durado cerca de dez minutos. As pessoas se olhavam assustadas. Depois, a alegria explodiu:
– O milagre! As crianças tinham razão!
Os gritos de entusiasmo ecoavam pelas colinas vizinhas, e muitos notavam que a roupa, encharcada alguns minutos antes pela chuva, estava completamente seca.
O povo afinal se convencera: por seis vezes, de maio a outubro, era a própria Mãe de Deus que descera do Céu à Terra, aparecendo aos três pastorinhos. Através deles, deixava ao mundo uma grande mensagem de Fé, de chamado à conversão e de luminosas esperanças.
(Livro Jacinta e Francisco Prediletos de Maria – Monsenhor João Clá)