Os voluntários, como o nome indica, são pessoas abnegadas que se oferecem para trabalhar sem qualquer remuneração, movidas unicamente pelo amor à Virgem Maria e ao próximo. Não só isto. Além de sacrificar dias de férias ou prejudicar seus próprios negócios para auxiliar os mais necessitados, arcam eles mesmos muitas vezes com suas despesas de viagem, refeições e hospedagem.
Eloquente atestado da graça existente em Lourdes
Dividem-se em três grupos. Os numerosos “hospitalares” – “brancardiers”, em francês – incumbem-se do transporte dos doentes e deficientes físicos, empurrando macas e cadeiras de rodas, enfim, prestando-lhes a ajuda necessária à movimentação.
Um segundo grupo – cerca de mil – tem por missão específica dar boa acolhida aos peregrinos e, mesmo, aos simples visitantes. Exercem sua atividade em numerosos pavilhões existentes em Lourdes para essa finalidade, os quais são mantidos por diversas organizações religiosas.
Outro grupo, com mais de mil voluntários, dá sua valiosa colaboração na Casa de São Pedro, instituição cujo objetivo é prover e ajudar os peregrinos mais desfavorecidos.
A simples existência desses milhares de obreiros da caridade fraterna atesta bem a intensidade da graça presente junto à Gruta de Lourdes, onde cada visitante se sente nos braços da Virgem Santíssima.
Mas como conseguir tanta gente disposta a prestar serviços gratuitamente?
Não há problema. Fiéis de todas as partes do mundo oferecem-se em tão grande número que às vezes precisam esperar um ano inteiro para serem alistados como voluntários. Muitos deles são pessoas curadas milagrosamente pela Virgem de Lourdes, ou que lá receberam graças espirituais insignes, e desejam, assim, manifestar a Nossa Senhora sua gratidão.
Dois expressivos exemplos
É este o caso, por exemplo, da enfermeira italiana Delizia Cirolli. Quando menina, teve um tumor maligno no joelho, que exigia uma amputação. Antes da dramática cirurgia, foi, cheia de confiança, implorar o milagre a Nossa Senhora deLourdes. Pouco tempo depois, no Natal de 1976, ficou inteiramente curada. O milagre foi reconhecido de forma oficial pelo Bispo de Catânia, Itália, em 1989.
As autoridades religiosas procedem com extrema cautela, antes de reconhecer o caráter milagroso de uma cura. Há necessidade imperiosa de exames documentados antes da vinda a Lourdes, exames meticulosos no próprio centro médico do Santuário, atestado médico da impossibilidade da cura por meios naturais, e outras exigências incômodas para os miraculados. Por este motivo, somente 66 casos foram reconhecidos pela Santa Igreja como milagrosos.
O último destes é o de Jean-Pierre Bély. Atingido por uma esclerose múltipla, foi ele declarado inválido pelo departamento francês de previdência social. Em outubro de 1987, peregrinou a Lourdes, viajando deitado em uma maca. Na terceira noite, depois de ter recebido a Unção dos Enfermos, sentiu subitamente uma sensibilidade reaparecer em seu corpo e pôde começar a mexer-se. De início, não ousou levantar-se da cama em que jazia. Na noite seguinte, uma voz interior lhe disse: “Levanta-te e anda!” Ele obedeceu. Desde então, readquiriu uma saúde perfeita, a tal ponto que a previdência social suspendeu-lhe a pensão concedida anteriormente por invalidez total.
“O Senhor sarou-me primeiro o coração, para depois curar meu corpo” – declarou Jean-Pierre, cheio de gratidão. Sua cura foi declarada milagrosa pelo Bispo de Angoulême, França, em 1999. (Revista Arautos do Evangelho, Fev/2004, n. 26, p. 43)