Mãe benigna d’Aquele que disse: “Não são os que gozam de saúde que precisam de médico”, e em outra ocasião: “Perdoai até setenta vezes sete!”. Quando é que as nossas repetidas quedas poderão esgotar o Vosso poder ou a ternura da Vossa solicitude maternal? Ides em busca do pecador que todos repeliram, e, ao encontrá-lo, o abraçais e reanimais, e não descansais enquanto não o curais.
Eu sou um dos Vossos doentes, salvai-me. “Eu sou Vosso, salvai-me” (Sl 118, 94). Este será o meu grito de esperança em todos os dias do meu desterro. Quanto mais me lembrar das minhas quedas passadas, mais me lembrarei de Vós, que pudestes e quisestes com toda a bondade levantar-me delas; e maior será a minha certeza de que não me abandonareis a meio da minha cura.
E por fim, no Céu, quando timidamente for ocupar o meu lugar entre os que Vos devem a salvação, porque, no meio das suas misérias, puseram em Vós toda a sua esperança, serei a vossa glória, como um doente é a glória do médico que o arrancou da morte já às portas dela, e não uma vez somente, mas muitíssimas.
Então – e será este o fruto mais delicioso que a graça terá produzido -, as minhas próprias faltas serão o pedestal da Vossa glorificação e, ao mesmo tempo, o trono das divinas misericórdias, que eu eternamente quero cantar: Misericordias Domini in æternum cantabo! (Sl 88, 2). Cantarei pelos séculos dos séculos as misericórdias do Senhor!
(Pe. Joseph Tissot. A arte de aproveitar as próprias faltas. São Paulo: Quadrante, 1995, p. 126) – (Revista Arautos do Evangelho, Nov/2009, n. 95, p. 2)