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Catecismo


Por que o Dia de Finados?
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 29/10/2021
 
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É uma antiquíssima tradição da Igreja Católica rezar por todos os fiéis falecidos, no dia 2 de novembro. A todos os que morreram "no sinal da fé" a Igreja reserva um lugar importante na Liturgia: há uma lembrança diária na Missa, o Memento (lembrança) dos mortos, e no Ofício divino.

No dia de Finados a Igreja autoriza que cada sacerdote possa celebrar três Missas em sufrágio das almas dos falecidos, pois desde os primeiros séculos a Igreja celebra o dia dos finados, visto que, já no segundo livro de Macabeus, na Bíblia, encontramos esta recomendação: “É coisa santa e salutar lembrar-se de orar pelos defuntos, para que fiquem livres de seus pecados”. (2Mac 12,46)

Existência do Purgatório na Tradição da Igreja

Com a lembrança dos finados, a Igreja quer lembrar a grande verdade baseada na Revelação: a existência da Igreja triunfante no Céu, padecente no Purgatório e a militante na terra. O Purgatório é o estado intermediário, mas temporário, “onde o espírito humano se purifica e se torna apto ao céu”.

Deste modo, o nosso Catecismo explica: “Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu. A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados”.(n. 1030 -1031)

Assim, a Tradição da Igreja está repleta de ensinamentos sobre a oração pelos mortos. Já S. João Crisóstomo (349-407), bispo e doutor da Igreja, no século IV, recomendava orar pelos falecidos: “Levemos-lhe socorro e celebremos a sua memória… Porque duvidar que as nossas oferendas em favor dos mortos lhes leva alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer as nossas orações por eles” (Hom. 1Cor 41,15).

“Os Apóstolos instituíram a oração pelos mortos e esta lhes presta grande auxílio e real (In Philipp. III 4, PG 62, 204).

Que significa rezar pelos mortos?

Tertuliano (†220) – Bispo de Cartago, diz: “A esposa roga pela alma de seu esposo e pede para ele refrigério, e que volte a reunir-se com ele na ressurreição; oferece sufrágio todos os dias aniversários de sua morte” (De monogamia, 10).

Isto posto, o sagrado bispo atesta o uso de sufrágios na liturgia oficial de Cartago, que era um dos principais centros do cristianismo no século III: “Durante a morte e o sepultamento de um fiel, este fora beneficiado com a oração do sacerdote da Igreja”. (De anima 51; PR, ibidem)

São Cipriano (†258), bispo de Cartago, refere-se à oferta do sacrifício eucarístico em sufrágio dos defuntos como costume recebido da herança dos bispos seus antecessores (cf. epist. 1,2). Nas suas epístolas é comum encontrar a expressão: “oferecer o sacrifício por alguém ou por ocasião dos funerais de alguém”. (Revista PR, 264, 1982, pag. 50 e 51; PR ibidem)

Outro Santo, Cirilo, bispo de Jerusalém (†386), afirma: “Enfim, também rezamos pelos santos padres e bispos e defuntos e por todos em geral que entre nós viveram; crendo que este será o maior auxílio para aquelas almas, por quem se reza, enquanto jaz diante de nós a santa e tremenda vítima”(Catequeses. Mistagógicas. 5, 9, 10, Ed. Vozes, 1977, pg. 38).

Por que há um dia dos finados?

No dia de Finados não festejamos a morte, mas a vida após a morte, a ressurreição que Cristo nos conquistou com sua morte e Ressurreição. Assim sendo, o Catecismo da Igreja lembra que: “Reconhecendo cabalmente esta comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os tempos primeiros da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos…”(CIC, § 958)

Como também as almas finadas também rezam por nós, algo muito importante, afirma o Catecismo: “A nossa oração por eles [no Purgatório] pode não somente ajudá-los, mas também torna eficaz a sua intercessão por nós”. (n. 958)

A Igreja ensina que as almas em purificação no Purgatório não podem mais fazer nada por elas mesmas, até porque a morte põe fim ao tempo de conquistar méritos diante de Deus. Assim, quem as socorre são os santos e o fiéis na terra. Por isso, é grande obra de caridade para com as almas oferecer para sufrágio delas a santa Missa, o Terço, as indulgências, as orações, penitências e esmolas.

O apelo dos Papas pelos finados

Já nos lembrava dos falecidos o Papa João Paulo II: “Numa misteriosa troca de dons, eles [no Purgatório] intercedem por nós e nós oferecemos por eles a nossa oração de sufrágio.” ( L´Osservatore Romano de 08/11/92, p. 11)

“A tradição da Igreja exortou sempre a rezar pelos mortos. O fundamento da oração de sufrágio encontra-se na comunhão do Corpo Místico… Por conseguinte, recomenda a visita aos cemitérios, o adorno dos sepulcros e o sufrágio, como testemunho de esperança confiante, apesar dos sofrimentos pela separação dos entes queridos” (LR, n. 45, de 10/11/91)

Portanto, recomenda-nos o Papa Francisco: “A memória dos defuntos, o cuidado pelas sepulturas e os sufrágios são o testemunho de uma confiante esperança, enraizada na certeza de que a morte não é a última palavra sobre o destino do ser humano, porque o homem está destinado a uma vida sem limites, que tem sua raiz e sua realização em Deus” (Oração do Ângelus, 02/11/2014).

Por Professor Felipe Aquino

Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno.

 

 

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Comentários
Antonio Franco Martins - 02 de Novembro de 2017
Que as almas do purgatório se descanse em paz !
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maria helena - 01 de Novembro de 2018
Senhor dai o descanso a todos os familiares e pessoas que nem conhecemos que estão no purgatório.
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Antônio - 01 de Novembro de 2018
Muito esclarecedor esse texto do admirável professor Felipe de aquino, de quem sou fã. Muitos pontos que li enriquecem sobre a nossa amada Igreja.