Precedendo à fundação da CNBB (que teria lugar anos mais tarde), celebrou-se o “Primeiro Concílio Plenário Brasileiro”, entre os dias 2 e 20 de julho de 1939, na Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro. Contando com a presença de 104 prelados, a assembléia foi presidida pelo Legado Papal, Cardeal Dom Sebastião Leme da Silveira Cintra, Arcebispo da então capital federal.
Pelas páginas do Legionário Dr. Plinio saudou o evento o qual, além de numerosos decretos e normas para a vida religiosa nacional, ensejou o lançamento de uma Pastoral Coletiva ao Povo Brasileiro:
“No momento em que se iniciam os trabalhos do Primeiro Concílio Plenário do Episcopado Brasileiro, não poderia o ‘Legionário’ deixar de consagrar algumas linhas àquele grande acontecimento. (…) É óbvio que, durante o Concílio, serão discutidos e resolvidos os principais problemas concernentes à conservação, intensificação e extensão da Fé católica em nosso País. Ora, como os problemas concernentes à missão da Santa Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo transcendem incomensuravelmente em importância a quaisquer problemas políticos, sociais ou econômicos, pois que não há problema que se possa comparar em relevância e gravidade aos que se relacionam com a maior glória de Deus e salvação das almas, nada pode haver de mais importante no momento, para o País, do que o Concílio Plenário que ora se realizará no Rio de Janeiro. (…)
Ainda mesmo sob o ponto de vista temporal, a tarefa do Concílio ocupa, no conjunto dos interesses pátrios, uma posição de relevância inigualável.(…)
[Com efeito], cada povo tem uma missão histórica para a qual foi dotado pela Providência de uma estrutura psicológica particular. Sempre que a psicologia nacional se encontra na linha de progresso da estrutura psicológica do País, este estará em rumo ascendente. Sempre que, pelo contrário, a alma nacional evolui em sentido oposto à sua vocação e à sua estrutura psicológica, o declínio será inevitável.
A Fé católica, longe de suprimir as características da psicologia nacional de cada povo, as acentua. A razão disto é simples. Todos os povos foram criados por Deus, e as qualidades nacionais não são senão dons naturais que Deus lhes fez. Ora, a Igreja acrescenta aos dons naturais os dons sobrenaturais. A ação dos dons sobrenaturais não destrói a natureza. Pelo contrário, a graça a eleva e aperfeiçoa. E por isto uma nação não pode jamais explicitar tanto sua própria psicologia, quanto saturando-a profundamente de espírito católico. (…) Queremos um Brasil verdadeiramente brasileiro? Façamos dele um Brasil verdadeiramente católico. Queremos matar a própria alma do Brasil? Arranquemos a sua Fé.
Onde, nas grandes cidades brasileiras, vive hoje o verdadeiro Brasil? (…) [Vive], sobretudo, nessa legião de sacerdotes abnegados que desenvolvem no País a semente espiritual que Anchieta plantou. Será necessário dizer mais, para demonstrar a grandeza histórica da obra à qual se consagra o atual Concílio?” (Revista Dr. Plinio, Julho/2004, n. 76, p. 5).