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Evangelho do 5º Domingo da Quaresma
 
AUTOR: MONS. JOÃO SCOGNAMIGLIO CLÁ DIAS, EP
 
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“Pai, glorifica o teu nome!” Ao receber um sinal de sua Paixão próxima, Jesus vê chegar a hora da glorificação.

A Liturgia seleciona o Evangelho deste 5º domingo da quaresma com vistas à preparação da Paixão de nosso Salvador. A Morte de Jesus se avizinha e, ao mesmo tempo, já se antecipam os primeiros lampejos de sua glorificação posterior. “Per crucem ad lucem!” — chegará aos esplendores do triunfo por meio da Cruz.

Alguns gregos desejam conhecer Jesus

Alguns gregos gentios se aproximaram de Filipe desejosos de ver Jesus.

21 Aproximaram-se de Filipe, que era de Betsaida da Galileia, e disseram: “Senhor, gostaríamos de ver Jesus”.

A presença de gregos junto de Nosso Senhor indica a próxima conversão dos gentios.

Pelo contexto do Evangelho de São João, vê-se que não desejam encontrar-se com o Divino Mestre apenas por curiosidade. Deviam ter ouvido narrações sobre os atos maravilhosos operados por Jesus, e ecos de sua divina doutrina. Cheios de admiração, estavam ansiosos para se aproximarem d’Ele, e talvez quisessem apresentar-Lhe questões como as que com frequência surgem entre neoconvertidos. Quiçá até já tivessem tido contato com os Apóstolos. Filipe — como faz questão de sublinhar o Evangelista — era de Betsaida, local onde os gregos eram numerosos. Assim, sentiram-se mais à vontade dirigindo-se a ele.

O sinal esperado por Nosso Senhor

Ao longo do Evangelho, várias vezes a natureza humana de Nosso Senhor aparece com maior intensidade, enquanto noutras ocasiões refulge sua divindade. No presente episódio, Ele reage como Homem àquele pedido dos gregos, com o qual ficou intensamente impressionado. Por quê? Porque estava à espera de um sinal claro de que sua hora estava chegando.

A aproximação desses gentios — conforme comenta Santo Agostinho1 — era este sinal, pois dava a entender que povos de todas as nações haveriam de crer n’Ele depois de sua Paixão e Ressurreição. Indício, portanto, do caráter universal de sua pregação e missão, e da aproximação da hora em que seria glorificado.

A hora da glorificaçãoEvangelho domingo

Sabemos que a humildade é uma alta virtude, cuja prática é imposta a todos pelo Divino Mestre: “todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado” (Lc 14, 11). Entretanto, vemos agora nosso Redentor afirmar: “Chegou a hora em que Filho do Homem vai ser glorificado”. Como explicar esta aparente contradição?

Na verdade, existe uma glória verdadeira ao lado da glória vã. Assim, Jesus não procura sua própria glória, mas não deixa de afirmar a máxima excelência de sua natureza divina e de manifestá-la aos outros, sempre que as circunstâncias o exijam. Há, então, uma exaltação e uma glória que são boas. Como se distinguem da vanglória? Com sua consagrada clareza, São Tomás de Aquino2 elucida este problema na Suma Teológica.

Glória e vanglória

O Doutor Angélico começa por se perguntar se o desejo de glória é pecado. Para responder, ele lembra que, segundo Santo Agostinho, “ser glorificado é receber um brilho”. E continua: “O brilho tem uma certa beleza que se manifesta diante de todos. É a razão pela qual a palavra glória implica manifestação de alguma coisa que os homens acham bonita […].

Tendo definido o sentido de glória, ele afirma: “Que alguém conheça e aprove seu próprio bem, não é pecado”. Igualmente “não é pecado desejar que suas boas obras sejam aprovadas pelos outros, porque se lê em São Mateus: ‘Que vossa luz brilhe diante dos homens’ (5, 16a). Por esta razão o desejo da glória, de si mesmo, não designa nada de vicioso”.

Em sentido contrário, explica São Tomás que o apetite da glória vã é vicioso e se verifica em três circunstâncias: quando a realidade da qual se quer tirar a glória não existe ou não é digna de glória; quando as pessoas junto às quais se procura a glória não têm opiniões confiáveis; e quando o desejo de glória não está relacionado com o fim necessário, isto é, a honra de Deus ou a salvação do próximo.

É legítimo desejar a própria glória

O resultado é que se pode desejar o louvor ― continua o Santo ― “enquanto útil a alguma coisa, ou para que Deus seja glorificado pelos homens, ou para que os homens tirem proveito do bem que acaso vierem a descobrir em outro, ou até mesmo para que o próprio indivíduo, conhecendo pelo testemunho do elogio alheio o bem que tem em si mesmo, continue seu esforço para perseverar no bem e progredir mais ainda”.

Temos, portanto, de um lado a vanglória, e de outro a verdadeira glória, virtuosa desde que voltada para o louvor de Deus, para o fazer bem aos outros e para a própria santificação.

Duas lições

O Evangelho de hoje nos traz duas belas e importantes lições: para a glória de Deus, não só devemos aceitar o sacrifício de nossa própria vida, como também apartar-nos da vanglória; e, se necessário for, buscar a verdadeira glória para o bem dos outros e de nós mesmos.

“Christianus alter Christus — O cristão é um outro Cristo”. Temos a obrigação de ser outros Cristos no que tange ao nosso fim último: “ad maiorem Dei gloriam”, para a maior glória de Deus, conforme o lema de Santo Inácio de Loyola.
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