Como dizia seu epitáfio, foi "o famoso Nuno, o Condestável, fundador da Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos".
No dia 24 de junho de 1360 nascia São Nuno Álvares Pereira, mas a localidade permanece incerta. Aos treze anos seu pai fez com que o jovem Nuno iniciasse nova vida, destinando-o a ser um cavaleiro: partiu então para a corte, tornando-se pajem de Dona Leonor, a Rainha.
Casou-se cedo com a esposa, Leonor de Alvim, e passou a ter uma vida pacata, administrando suas propriedades. Participava diariamente de duas Missas (até mesmo três, nos dias santificados), e nas viagens fazia-se acompanhar de um sacerdote para não faltar ao Santo Sacrifício. Após o primeiro ano de vida matrimonial nasceu a primeira filha do casal, Beatriz, e posteriormente outros dois filhos, mas que morreram com pouca idade.
Inicia-se uma guerra entre dois reinos - Castela e Portugal – em 1383, e São Nuno tomou as armas a pedido do rei, iniciando assim um novo capítulo na história de sua vida.
Foi, porém, somente na Batalha de Aljubarrota, 14 de agosto de 1385, que foi selada a derrota definitiva dos castelhanos, imposta pelo rei português D. João e seu fiel Condestável, assim chamado São Nuno, tendo sido este quem definiu inteligentemente o local onde o combate seria travado, pois pôde estudar a área com antecipação.
O capitão cristão chegou mesmo a utilizar de táticas defensivas utilizadas vários séculos antes, pelas legiões romanas.
Mesmo em tempos de guerra Nuno assistia diariamente a Santa Missa, duas vezes se possível, tal sua piedade, e para isso sempre se fazia acompanhar de ao menos um sacerdote nas viagens e deslocamentos.
Tendo-lhe chegado a notícia de que sua esposa adoecera gravemente, viajou para o Porto, cidade onde ela se achava, mas não a tempo de encontrá-la com vida.
Assim, visto que a paz do reino estava assegurada, e agora viúvo, o Condestável distribuiu seus bens e perdoou todas as dívidas. Ficou apenas com a roupa que vestia e ingressou aos 62 anos na ordem carmelitana, onde a vida contemplativa era a sua única ambição.
Aproximando-se o momento de partir para a eternidade, Nuno pediu os últimos sacramentos, tendo feito uma confissão geral que abrangeu toda a sua vida.
Recebeu uma vela (que portou na mão esquerda) e um Crucifixo (na mão direita), e pediu que lhe fosse lida a Paixão segundo o evangelho de São João: às palavras "eis o teu filho", sua alma partiu deste mundo.
Contava 71 anos e 11 meses, sendo seu corpo exposto na igreja do mosteiro, onde foi visitado pela quase totalidade dos habitantes de Lisboa que ali compareciam para dar adeus a seu valoroso compatriota.
Em seu epitáfio foi escrito: "o famoso Nuno, o Condestável, fundador da Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos".
Beatificado em 1918 por Bento XV, o Condestável foi canonizado por Bento XVI em 26 de abril de 2009.