Santo Estanislau Kostka bem poderia ser o padroeiro da mocidade. Primeiro por que morreu jovem, com apenas 18 anos; depois também porque jovem enfrentou a tentação dos prazeres inconsequentes e pecaminosos dos que não acreditam no Senhor.
Mas calma, caro leitor, ainda chegaremos lá.
Nascido em 1550, de uma nobre família polonesa, o jovem Estanislau Kostka encantou seus pais desde cedo. Inteligente, educado, piedoso, repleto de bons-costumes: este era o retrato do nobre polonês. Com quatorze anos, seus pais o enviaram, junto com seu irmão mais velho, a um seminário jesuíta em Viena para que concluísse seus estudos.
Mas Deus não preparou a via corriqueira ao seu querido Estanislau. O coração duro do imperador Maximiliano sobressaiu: este ordenou o fechamento de todas as instituições jesuítas na Áustria, ficando Estanislau Kostka órfão do convívio com os irmãos religiosos.
A solução encontrada pelo governo foi abrigar toda a mocidade estudantil no castelo de um príncipe Protestante. Foi a via crucis do jovem polonês: como perseverar na lei de Deus perante os espetáculos e jogos luxuriosos do hipócrita castelão?
O que para os homens é impossível, para Deus é possível, foi o que anunciou São Gabriel à Nossa Senhora quando se apresentou àquela como embaixador divino. Assim também com Estanislau: dando-se a oração e a piedade, lutando contra as tentações e fugindo dos divertimentos mundanos, tornou-se o anjo inocente que nascera para ser, mesmo diante da podridão generalizada do ambiente.
Mesmo de seu irmão não tinha apoio: este o batia, tentando arrastar sua inocência pela lama do pecado. O jovem Kostka apenas repetia não ser destinado aos prazeres efêmeros, que acabam rápido, mas sim à glória eterna.
Toda a situação contribuiu para que Estanislau Kostka caísse doente, à beira das portas da morte. Mais uma vez, contudo, sua fé o salvaria: milagrosamente Santa Bárbara apareceu para lhe dar a comunhão.
Como se isso não bastasse, a própria Virgem Santíssima se mostrou trazendo seu Divino Filho e entregando-o à Estanislau para que o segurasse ao colo. Extasiado de amor e alegria, talvez a próprio pedido do Menino Sagrado, Estanislau decidiu-se fazer religioso da Companhia de Jesus.
Quando comunicou sua decisão ao seu pai, que viera lhe visitar para ver suas condições de saúde, este negou qualquer ideia de vida religiosa. O moço polonês não teve dúvida: fugiu, vestido de mendigo, e se dirigiu à casa de jesuítas mais próxima.
Como andou nosso Estanislau! Numa época sem transporte elétrico, onde apenas eram dados aos mais nobres andarem de carruagem, o menino de 15 anos cruzou a fronteira da Áustria com a Alemanha, num percurso de 700 quilômetros! Foi a fé que o impeliu a continuar, mesmo quando as pedras machucavam seus pés, e o cansaço se abatia sobre seu pueril corpo.
Lá, em Treves, se abrigou sob a proteção de São Pedro Canísio, que não deixaria uma alma tão motivada a entrar no serviço do Senhor ser impedida por mesquinharias.
O pai de Estanislau Kostka, porém, foi ao mosteiro e jurou por toda sua riqueza que ele haveria de tirar seu filho dos jesuítas, mesmo que tivesse que mover todos os nobres da Polônia e expulsar a ordem de lá também, como havia sido feito na Áustria.
São Pedro Canísio tinha, porém, uma carta na manga: preparou uma carta de recomendação ao superior dos jesuítas, que na época era também de uma ilustre família: São Francisco de Bórgia. A casa Bórgia já havia lutado em guerra e consolidado seu poder nas fronteiras italianas. Com seu filho irredutível, querendo se entregar à ordem, e à sombra de um homem tão influente e poderoso, o nobre Kostka, pai de Estanislau, desistiu do intento.
Com 17 anos, Santo Estanislau vai para Roma, com o intuito de concluir os seus estudos, mas Deus tinha outros planos: caindo acamado por uma febre misteriosa, Estanislau falece com seus 18 anos, nove meses após chegar na cidade romana.
Quis o Senhor talvez premiá-lo mais cedo, levando-o consigo. Santo Estanislau Kostka, o jovem que venceu o mundo, rogai por nós.