Quando se inicia o Tempo do Advento, as igrejas se vestem de serenidade: não há mais instrumentos, apenas o teclado ou órgão, somando as vozes do coro. Não há flores, nem ornamentos, apenas um castiçal com quatro velas grandes, grossas.
Os sinos anunciam a Santa Missa: o padre e o diácono estão vestidos de roxo, com as mãos postas, indo em direção ao altar.
Como explicado no artigo anterior, a Santa Igreja tem um calendário próprio, onde baseia suas épocas nos mistérios de nossa fé. Para lê-lo, clique aqui.
O Tempo do Advento marca, antes de tudo, o início de um novo ano litúrgico. Vamos viver mais um ciclo de festas e celebrações que levarão nossas considerações pela vida de Jesus e de seu testemunho, do seu nascimento à sua morte e ressurreição, até sua ascensão e vinda do Espírito Santo.
O primeiro grande acontecimento é o Natal do Santo Menino, o Emanuel, Deus conosco. Tempo de alegria e grande contentamento, exige que nós, cristãos, estejamos com a alma pura e a consciência limpa.
Para tal intenção, o Magistério Romano instituiu assim o Tempo do Advento, com fortes notas penitenciais.
Por isso o Tempo do Advento traz a cor roxa. O escuro e sóbrio da cor lembra ao fiel a seriedade com que devemos tomar essa preparação para o Natal do Senhor.
A espera pelo nascimento sagrado toma forma de penitência. Afinal, foram 4000 anos de paciência para vinda de Jesus, desde o pecado de Adão e Eva, nossos primeiros pais.
O povo Hebreu, tendo a promessa de Deus, peregrinou décadas pelos desertos da espera, aguardando a boa nova, a vinda do Messias. Por isso, como eles, nessas quatro semanas, cada uma simbolizando um milênio, esperamos contritos pelo nascimento do Salvador.
As leituras trazem à tona o sentimento de espera dos profetas e justos. Ora temos Isaías narrando os acontecimentos futuros como se fossem em seu tempo, degustando-os, ora temos os profetas Ezequiel e Daniel, sofrendo com o povo prometido no Exílio, na destruição do Templo e sua reconstrução, símbolos do aguardo e paciência para os Tempos de Deus.
No primeiro Domingo, dia 28 de novembro, lembramos a memória de São João Batista, aquele que recebeu, como herança da paciência de todos que vieram antes dele, a graça de ver o Senhor.
Contemplamo-lo no rio Jordão, a batizar, anunciando a penitência para receber bem ao Messias: Aplainai os vales e montes! Assim devemos fazer nós, Cristãos, com as montanhas de orgulho e nossos pântanos de impurezas para sermos dignos da vinda de Jesus no Natal.
Não se canta mais o Glória, pois o hino dos anjos só será entoado no dia em que Cristo vier à Terra, abençoando aqueles que rumarem ao seu encontro.
As grandes velas, quatro ao todo, são acessas uma a cada domingo, também simbolizando que o povo de Deus espera atento, vigilante, a vinda do Noivo. Em alguns lugares, há o costume de fazê-las coloridas: uma roxa, outra verde, outra rosa e, por último, uma branca.
Preparemo-nos, então, caro leitor, aproveitemos o Tempo do Advento! Coloquemos empenho em nossa penitência, aguardemos com fé e coração purificado a vinda do Senhor!