São Francisco Xavier tem uma história no mínimo curiosa. Ela nos mostra o poder de Deus, sua providência, e como tudo acontece para sua maior glória.
Filho de uma importante família de Navarra, atual Espanha, Francisco nasce em 1506. Aos 9 anos ele passa sua primeira dificuldade: seus irmãos vão para guerra e caem diante dos inimigos.
Quase nesta mesma época seu pai falece, e sua mãe, agora sozinha, envia-o a Paris para começar os estudos. Forma-se em línguas, filosofia e literatura. É realmente um prodígio o pequeno Xavier.
Segue o caminho da academia. O mais cedo possível torna-se professor de filosofia, alcançando enorme prestígio numa das mais importantes faculdades da época: Sorbonne.
Tudo parecia estar dando certo, após as tormentosas perdas de sua infância. Sábio, nobre, rico: esse era Francisco Xavier.
Mas Deus não queria isso apenas à Francisco: seu desejo era que ele fosse um herói. E para isso, usou um dos seus servos mais dedicados: Santo Inácio de Loyola.
O pequeno Loyola, baixo de estatura mais enorme de espírito, era companheiro de dormitório do Mestre Xavier. Todo dia, quando Francisco saía para dar aula, Santo Inácio tentava convencer o professor a se juntar a seu Grupo, na época o começo do que conheceríamos como a Companhia de Jesus ou Jesuítas.
Santo Inácio de Loyola era mais velho, um soldado calejado. Da mesma época que perdera seu pai, Francisco via em Inácio o soldado que tomara uma canhoada na perna, estraçalhando-a. Por isso o ardente homem era manco, e o Xavier tinha um certo receio de estar com ele.
Santo Inácio, porém, quando terminava seu convite, recebia de Francisco sempre um "não". Sem desanimar, o santo de Loyola concluía olhando para o Mestre Francisco: “Do que adianta conquistar o mundo inteiro se vier a perder sua alma?”
Essa frase evangélica, dita por Nosso Senhor na Judeia, reboava na alma oca do Xavier. “Do que adianta conquistar o mundo inteiro se vier a perder sua alma?” Agora que Santo Inácio percebia, pelos dotes com que Deus o cumulara, de inspecionar as almas, o quanto esse conselho evangélico repercutia no Mestre de filosofia, repetia-o ainda mais.
A semente, enfim, deu frutos. Francisco Xavier se rende ao Senhor. Percebe o quanto o mundo é vazio, o quanto vale a pena se dedicar ao Criador. E de corpo, alma, mente e sabedoria se doa todo à Companhia de Jesus.
São Francisco é um novo homem; e Santo Inácio, agora ambos fora da faculdade, vê todo o potencial de seu discípulo e lhe dá uma nobre missão: ele partiria para evangelizar os povos asiáticos, contar-lhes a boa-nova.
A partir daí, a vida do santo Xavier muda completamente. Serão viagens de barco intermináveis, contatos com novas culturas, novos corações e novas almas. É um capítulo tão longo da vida de São Francisco Xavier que deixaremos para um próximo artigo.
O que precisamos ter em mente, na festa do ilustre santo, é que Deus sempre vence. Mesmo cercado de glórias mundanas e ilusão de poder, Francisco sente a graça divina a lhe inspirar a alma e cumpre sua missão.
Bendito o Santo que navegou primeiro nas águas de seu orgulho e aportou inicialmente no Senhor antes mesmo de navegar pelos mares pagãos e pelos povos cruéis.
Foi fiel no sofrimento aquele que ouviu, no conforto, o chamado de Deus.
Rogai por nós, São Francisco Xavier, para que, em nossa vida de todos os dias, saibamos ouvir os pedidos de Deus e coloca-los em prática.