Há uns dias estávamos celebrando a aprovação pontifícia dos Arautos; hoje comemoramos a dedicação de sua primeira igreja, Nossa Senhora do Rosário, no dia 24 de fevereiro de 2008, completando-se 14 anos da ereção do egrégio templo.
Nesta data tão especial, precisamos entender, antes de tudo, quais são os conceitos da dedicação de uma igreja, um local de oração e peregrinação dos fiéis.
A dedicação de um lugar consagrado a Deus vem, costumeiramente, da Sagrada Revelação. Temos o próprio Senhor pedindo a Davi que construísse para si um Templo, que Salomão, seu filho, concretizou.
Antes disso, porém, em algumas passagens encontramos certas referências do Senhor Deus dos exércitos para esta casa que lhe agradaria possuir.
A primeira que citamos está na promessa feita a Abraão, quando Deus disse que lhe daria uma terra prometida, um lugar que fosse fisicamente dedicado ao povo da verdadeira religião, portanto, um lugar para o culto perfeito.
Depois temos a Sarça Ardente de Moisés: é Deus quem habita sem consumir o local, tornando-o santo, como narra o Gênesis: “Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, porque o lugar onde você está é solo sagrado” (Gn 3,2).
Mais para frente, na história que acompanha o povo de Israel, temos outros símbolos: a cruz posta no deserto, fazendo de seu contato um motivo de salvação, a arca da aliança que habitava tendas e caminhava junto com o povo, etc.
Depois de Jesus, com o nascimento da Igreja, fazendo de Pedro sua pedra fundamental, o Senhor quis, com tantos outros favores, sempre evidenciar sua alegria pela construção e dedicação de um templo para si.
Com passar do tempo e o elaborar dos teólogos, a Santa Igreja decretou certos ritos para a dedicação de mais um local de culto. No tempo do Império Romano, as matronas santas apenas entregavam algumas de suas propriedades à Igreja, num gesto de generosidade. Já hoje em dia, a dedicação de um templo exige grandes comemorações.
Alguns atos litúrgicos não podem faltar, como a aspersão da água benta sobre todo o templo e a assembleia que acompanha, num sentido de purificação. Também há a unção do altar com óleo bento, onde o celebrante unta a pedra ou a mesa de madeira destinada aos santos sacrifícios.
Em outro momento, há também a queima do incenso, onde o celebrante derrama, sobre o carvão quente, grãos do mais puro odor, sentido que lembra o quão agradável e perfumado é os irmãos estarem ali reunidos, celebrando o Senhor.
O altar recebe as relíquias de santos, pois porta nosso respeito e nossa fé; as paredes se iluminam com o rito das velas: são doze, em honra aos apóstolos, que o celebrante acende ao percorrer os corredores da igreja.
Por fim, a Santa Missa, depois destes ritos, transcorre normalmente, com a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística.
O celebrante da dedicação da primeira igreja dos Arautos foi o Cardeal Franc Rodé, CM, naquele então prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.
Concelebraram também o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e D. José Maria Pinheiro, Bispo Diocesano de Bragança Paulista, bem como por mais de 20 bispos e numerosos sacerdotes.
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário possui 1.125 m2, com capacidade para 1.100 pessoas sentadas, e atinge uma altura interna de 24 metros. O projeto arquitetônico foi orientado pelo Mons. João Scognamiglio Clá Dias, fundador dos Arautos do Evangelho, e concretizado no estilo gótico policromado.
Ao fim da cerimônia, Mons. João Clá deu leitura ao paternal telegrama enviado por Sua Santidade Bento XVI concedendo a todos os presentes a Bênção Apostólica.