O cristão tem o direito e o dever de buscar a perfeição. Como direito, está sua herança de irmão de Cristo, e como dever tem o mandato do Senhor: “Sede perfeitos como vosso Pai Celeste é perfeito”.
Por isso, precisa conhecer a doutrina católica e o que ela preceitua, em especial como evitar os pecados mortais e veniais, e como alcançar a virtude através da ajuda de Deus.
Neste artigo, teremos a oportunidade de conhecer melhor o Quinto Mandamento da Lei divina: “Não matarás”, uma prescrição que aparentemente é a menos infringida do Decálogo. Será?
Matar ofende ao Criador da vida
O homicídio, em suas variadas formas, sempre foi uma proibição nas relações humanas. Do código de Hamurábi, guardamos em nossa memória o seguinte preceito: "Olho por olho, dente por dente". Assim, aquele que cometia um assassinato também era pago com a mesma moeda, evitando através do medo da morte, que muito cometessem semelhante ato.
O Quinto Mandamento, que prescreve não matar, é o mais claro em nossa consciência. A violação da vida é algo tão grande e tão profundo que, naturalmente, amedronta e entristece. São poucos os que não se importam com a sua vida e a dos seus entes queridos, e não querem que um acidente fatal venha a encurtar os seus dias.
É por isso que a doutrina católica, quando versa sobre o Quinto Mandamento, proíbe atividades que exponham as pessoas ao risco desmedido e não seguro.
Práticas que violam o direito à vida, como o aborto, a eutanásia, a automutilação e o suicídio também são proibidas; bem como agressões e brigas que não tenham o fundamento de defender a vida ou o direito do próximo – tal casuística é conhecida no Direito Penal como legítima defesa, quando se age primeiro com a intenção de proteger alguém.
“Não matar” não é o Mandamento menos trangredido
O cristão descuidado poderá pensar que o Mandamento menos transgredido é o “não matar”, afinal, a campanha de conscientização de proteção à vida e a promulgação dos direitos do ser humano não são apenas de cunho católico, várias organizações não religiosas também fomentam campanhas desse tipo.
Apesar de o aborto se configurar como uma ofensa ao Quinto Mandamento, o número de abortos cometidos vem crescendo numa proporção assustadora e macabra.
No entanto, não é a ao aborto que nos referimos ao afirmar ser o Quinto Mandamento uma prática tão comum como as outras violações, isto porque o “Mandamento da vida” não rege só a vida terrena, muito importante, porém, não a essencial.
O ser humano é composto de corpo e alma, e sua alma, seu espírito, sua mente, precisam de tanta proteção quanto o seu corpo, e os atentados à vida espiritual hoje são tantos, tão generalizados e tão comuns que temos inúmeras almas sendo mortas desde sua mais tenra infância, antes mesmo do seu desenvolvimento.
De que modo podem as almas sofrer um atentado?
Em seu Evangelho, Jesus faz uma pungente comparação: “Ai daqueles que escandalizarem a um destes pequeninos! Seria melhor que amarrasse uma pedra de moinho em seu pescoço e se atirasse ao mar” (Mt 18, 6).
Essa expressão de Cristo é um tanto forte e equipara bem, com o equilíbrio perfeito, o peso da vida da alma e da vida do corpo.
A morte do lado espiritual tem consequências funestas, e são os mortos de espírito que, no mais das vezes, se tornam assassinos do corpo.
E o que significa escandalizar um pequenino? Implica em um mau exemplo, um mau conselho, uma má exposição. A televisão, por exemplo, em sua programação, é uma assassina de almas. Quantas perversidades ela já não espalhou?
E a internet, então? Essa ferramenta criada por nós, hoje está descontrolada, uma assassina de inocências.
Assim, quanto mais grave é o mau exemplo, mais grave é a ofensa contra o Quinto Mandamento, consistindo em um pecado mortal, que necessita de confissão para o seu perdão.
Portanto, devemos pedir a Nossa Senhora que nos ajude a evitar matar a alma de um pequenino, de um que nos olha com admiração, seja um parente ou amigo, e que, de fato, Ela torne o Quinto Mandamento o menos transgredido do Decálogo.