A queda 

73. Como se compreende a realidade do pecado?

O pecado está presente na história do homem.

Tal realidade só se esclarece plenamente à luz da Revelação Divina, e sobretudo, à luz de Cristo, Salvador universal, que fez superabundar a graça onde abundou o pecado.

74. O que é a queda dos Anjos?

Com esta expressão indica-se que Satanás e os outros demônios, de que falam as Sagradas Escrituras e a Tradição da Igreja – anjos criados bons por Deus –, transformaram-se em maus porque, mediante uma opção livre e irrevogável, recusaram a Deus e a seu Reino, dando, assim, origem ao inferno.

Eles procuram associar o homem à sua rebelião, mas, em Cristo, Deus afirma a sua vitória segura sobre o maligno.

75. Em que consiste o primeiro pecado do homem?

O homem, tentado pelo diabo, deixou apagar no seu coração a confiança em relação ao seu Criador e, desobedecendo-Lhe, quis tornar-se “como Deus” (Gn 3, 5), sem Deus e não segundo Deus.

Assim, Adão e Eva perderam imediatamente, para si e para todos os seus descendentes, a graça da santidade e da justiça originais.

76. O que é o pecado original?

O pecado original, no qual todos os homens nascem, é o estado de privação da santidade e da justiça originais. É um pecado por nós contraído e não cometido; é uma condição de nascimento e não um ato pessoal.

Por causa da unidade de origem de todos os homens, ele transmite-se aos descendentes de Adão com a natureza humana, “não por imitação, mas por propagação”. Esta transmissão permanece um mistério que não podemos compreender plenamente.

77. Que outras consequências provoca o pecado original?

Em consequência do pecado original, a natureza humana, sem ser totalmente corrompida, fica ferida nas suas forças naturais, submetida à ignorância, ao sofrimento, ao poder da morte e inclinada ao pecado. Tal inclinação é chamada concupiscência.

78. Depois do primeiro pecado, o que fez Deus?

Após o primeiro pecado, o mundo foi inundado por pecados, mas Deus não abandonou o homem ao poder da morte. Pelo contrário, prenunciou, de modo misterioso, no Protoevangelho (Gn 3,15), que o mal seria vencido e o homem levantado da queda. É o primeiro anúncio do Messias Redentor.

Por isso, a queda será chamada feliz culpa, porque “mereceu um tal e tão grande Redentor” (Liturgia da Vigília Pascal).