Que diz o Sétimo Mandamento?
Ele enuncia o destino, a distribuição universal e a propriedade privada dos bens, e ainda o respeito às pessoas, aos seus bens e à integridade da criação.
A Igreja encontra fundada neste Mandamento também a sua doutrina social, que compreende o reto agir na atividade econômica e na vida social e política, o direito e o dever do trabalho humano, a justiça e a solidariedade entre as nações e o amor aos pobres.
Em que condições existe o direito à propriedade privada?
O direito à propriedade privada existe se ela for adquirida ou recebida de modo justo e desde que seja respeitado o destino universal dos bens para a satisfação das necessidades fundamentais de todos os homens.
Qual é o fim da propriedade privada?
O fim da propriedade privada é a garantia da liberdade e da dignidade de cada uma das pessoas, ajudando-as a satisfazer as necessidades fundamentais próprias daqueles por quem se tem a responsabilidade e dos outros que vivem em necessidade.
O que prescreve o Sétimo Mandamento?
O Sétimo Mandamento prescreve o respeito dos bens alheios, mediante a prática da justiça e da caridade, da temperança e da solidariedade.
Em particular, exige o respeito das promessas e dos contratos estipulados; a reparação da injustiça cometida e a restituição do mal feito; o respeito pela integridade da criação mediante o uso prudente e moderado dos recursos minerais, vegetais e animais que há no universo, com especial atenção para com as espécies ameaçadas de extinção.
Como é que o homem se deve comportar com os animais?
O homem deve tratar os animais, criaturas de Deus, com benevolência, evitando quer o amor excessivo para com eles, quer o seu uso indiscriminado, sobretudo para experimentações científicas efetuadas para lá dos limites razoáveis e com sofrimentos inúteis para os próprios animais.
Que proíbe o Sétimo Mandamento?
O Sétimo Mandamento, antes de mais, proíbe o furto, que é a usurpação do bem alheio contra a razoável vontade do seu proprietário. É o que também sucede no pagamento de salários injustos; na especulação sobre o valor dos bens para obter vantagens com prejuízo para os outros; na falsificação de cheques ou faturas.
Proíbe, além disso, cometer fraudes fiscais ou comerciais, causar dano às propriedades privadas ou públicas. Opõe-se também à usura, à corrupção, ao abuso privado dos bens sociais, aos trabalhos culpavelmente mal feitos e ao esbanjamento.
Qual é o conteúdo da doutrina social da Igreja?
A doutrina social da Igreja, como desenvolvimento orgânico da verdade do Evangelho sobre a dignidade da pessoa humana e sobre a sua dimensão social, contém princípios de reflexão, formula critérios de juízo, oferece normas e orientações para a ação.
Quando é que a Igreja intervém em matéria social?
A Igreja emite um juízo moral em matéria econômica e social quando isto é exigido pelos direitos fundamentais da pessoa, do bem comum ou da salvação das almas.
Como se deve exercer a vida social e econômica?
Segundo os seus próprios métodos, no âmbito da ordem moral, ao serviço da pessoa humana na sua integridade e de toda a comunidade humana, no respeito da justiça social. Ela deve ter o homem como seu autor, centro e fim.
O que é que se opõe à doutrina social da Igreja?
Opõem-se à doutrina social da Igreja os sistemas econômicos e sociais que sacrificam os direitos fundamentais das pessoas ou que fazem do lucro a sua regra exclusiva ou o seu fim último.
Por isso, a Igreja rejeita as ideologias associadas, nos tempos modernos, ao “comunismo” ou às formas ateias e totalitárias de “socialismo”. Rejeita, além disso, na prática do “capitalismo”, o individualismo e o primado absoluto da lei do mercado sobre o trabalho humano.
Qual é o significado do trabalho para o homem?
O trabalho é para o homem um dever e um direito, mediante o qual ele colabora com Deus Criador.
Com efeito, trabalhando com empenho e competência, a pessoa põe em ação capacidades inscritas na sua natureza, exalta os dons do Criador e os talentos recebidos, sustenta-se a si e aos seus familiares, serve a comunidade humana.
Além disso, com a graça de Deus, o trabalho pode ser meio de santificação e de colaboração com Cristo para a salvação dos outros.
A que tipo de trabalho tem direito a pessoa humana?
A todos deve ser possível obter um trabalho seguro e honesto, sem discriminações injustas, respeitando a livre iniciativa econômica e uma justa retribuição.
Qual a responsabilidade do Estado acerca do trabalho?
Compete ao Estado fornecer a segurança das garantias das liberdades individuais e da propriedade, para além de uma moeda estável e de serviços públicos eficientes; compete-lhe ainda zelar e orientar o exercício dos direitos humanos no setor econômico.
A sociedade deve ajudar os cidadãos a encontrar trabalho, conforme as circunstâncias.
Qual a missão dos responsáveis das empresas?
Os responsáveis das empresas têm a responsabilidade econômica e ecológica das suas operações. Estão obrigados a ter em conta o bem das pessoas e não apenas o aumento dos lucros, embora estes sejam necessários para assegurar os investimentos, o futuro das empresas, o emprego e o bom andamento da vida econômica.
Quais os deveres dos trabalhadores?
Devem realizar o seu trabalho com consciência, competência e dedicação, procurando resolver, com o diálogo, eventuais controvérsias.
O recurso à greve não violenta é moralmente legítimo quando se apresenta como instrumento necessário, em vista de um benefício proporcionado e tendo em conta o bem comum.
Como realizar a justiça e a solidariedade entre as nações?
No plano internacional, todas as nações e instituições devem atuar na solidariedade e na subsidiariedade, com vista a eliminar, ou pelo menos reduzir, a miséria, a desigualdade dos recursos e dos meios econômicos, as injustiças econômicas e sociais, a exploração das pessoas, a acumulação da dívida dos países pobres e os mecanismos perversos que criam obstáculos ao progresso dos países menos desenvolvidos.
Como é que os cristãos participam na vida política e social?
Os fiéis leigos intervêm diretamente na vida política e social animando, com espírito cristão, as realidades temporais e colaborando com todos, como autênticas testemunhas do Evangelho e promotores da paz e da justiça.
Em que se inspira o amor aos pobres?
O amor aos pobres inspira-se no Evangelho das bem-aventuranças e no exemplo de Jesus com a sua constante atenção aos pobres. Jesus disse: “Todas as vezes que fizerdes isto a um só destes irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes” (Mt 25, 40). O amor aos pobres manifesta-se na ação contra a pobreza material e contra as numerosas formas de pobreza cultural, moral e religiosa.
As obras de misericórdia, espirituais e corporais e as numerosas instituições de beneficência que surgiram ao longo dos séculos constituem um concreto testemunho do amor preferencial pelos pobres que caracteriza os discípulos de Jesus.