De casa nobre e rica da Sicília, havia-se Águeda consagrado a Deus, desde a infância. O governador da ilha, tendo ouvido falar da sua beleza e bens, considerou-a objeto próprio para lhe satisfazer a impudicícia e avareza, e tudo envidou para dela se apossar. Valendo-se dos editos de perseguição, ordenou a prendessem. A santa fez então esta prece:
"- Jesus Cristo, Soberano Senhor de todas as coisas, sabeis qual é o meu desejo; sede o único possuidor de tudo quanto sou. E conservai-me contra o tirano. Sou a vossa ovelha, tornai-me digna de vencer o demônio."
O governador pô-la, durante um mês entre as mãos de uma péssima mulher, para que esta a desviasse, mas tudo foi inútil. Obrigou-a então, pessoalmente, a um interrogatório no qual, tendo-lhe falado da sua nobreza, respondeu-lhe ela que a nobreza mais ilustre e a mais verdadeira liberdade consistem em servir a Jesus Cristo.
Falando-lhe ele da adoração devida aos deuses, perguntou-lhe Santa Águeda se concordaria em ver sua própria esposa como Vênus, e ele como Júpiter.
O governador, não podendo admitir tal idéia, mandou que a batessem no rosto e a conduzissem para a masmorra. Quando, no dia seguinte, lhe perguntou se havia pensado na maneira de salvar a vida, respondeu-lhe a santa: "- Jesus Cristo que é a minha vida e salvação." O governador ordenou que a torturassem.
Santa Águeda padeceu a tortura não somente com paciência, senão também com júbilo. Cada vez mais enfurecido, ordenou lhe torturassem os seios durante longo tempo, e depois lhos cortassem.
" Tirano cruel e ímpio, disse-lhe ela, então, não vos envergonhais desta injúria, vós que sugastes o seio de vossa mãe?"
Mandou ele que a reconduzissem à prisão, proibindo lhe ministrassem qualquer alívio e lhe dessem qualquer comida; mas pelo meio da noite, São Pedro lhe apareceu, curou-a e consolou-a. Quatro dias mais tarde, tendo de novo sofrido tormentos, Santa Águeda entregou a alma a Deus.
"Senhor meu Deus, sempre me protegestes desde o berço. Fostes vós que me desarraigastes do coração do amor do mundo e mês destes a paciência necessária para sofrer. Recebei, agora, minha alma." O nome de Santa Águeda foi colocado no cânone da missa. (Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume III, p. 9-10)