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Santo do Dia


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São Filipe Néri: o sino da Igreja Romana - Data: 26 de Maio 2019
 
 
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Ao Senhor, toda alegria e simplicidade

Felipe NériNasceu em Florença, no dia 22 de Julho de 1515, de Francisco de Néri, advogado, e de Lucrécia Soldi. Com a idade de cinco anos, São Filipe Néri recitava as orações e os salmos com sua irmã Isabel, quando Catarina, sua avó, veio importuná-los; ele a repeliu inconveniente houvesse feito. O jovem menino verteu lágrimas de arrependimento, foi a única reprimenda que o pai teve que fazer-lhe durante toda a vida.

Falecida a mãe, teve uma madrasta, mas que lhe tomou tal afeição que ficou inconsolável ao vê-lo partir para Florença, e que pensava continuamente nele. Com efeito, nada se via de mais doce e de mais amável; ele parecia não conhecer a cólera. Chamavam-no por abreviação o Bom Lipe; mais tarde, Bom Filipe.

Com a idade de oito anos, quase chegou a perecer. Um asno voltava à casa, carregado de maçãs: o menino havia-lhe subido no dorso: caiu do alto de um caminho, com o animal, para o fundo de um grota, e se encontrou de tal maneira debaixo do animal, que apenas lhe viam um braço. Acreditaram que estivesse perdido: nada sofreu e nunca cessou de agradecer a Deus. Quando perdia algo, punha-se em oração e reencontrava o objeto. Gostava muito de ouvir os sermões e visitar as igrejas, particularmente a dos dominicanos de Florença, cujos bons exemplos lhe inspiravam afetuosa veneração: ali aprendeu o amor da paciência e o desprezo do mundo.

São Filipe Néri vai em busca do Senhor

Após os primeiros estudos, foi enviado, com a idade de dezoito anos, para junto de um tio, rico comerciante, de quem deveria herdar. Mas sentiu-se chamado a uma vida mais perfeita e deixou tudo para ir a Roma.

Um gentil-homem o tomou em casa para educar os dois filhos, a quem ele ensinou a virtude não menos que as letras. Levava uma vida de eremita e todos prediziam que se tornaria um santo. Estudava, ao mesmo tempo, filosofia e teologia: exercitou-se também na poesia, tanto em latim como em italiano. Mas sua ciência das coisas divinas era antes um dom do Espírito Santo do que dos frutos dos seus estudos.

Como São Filipe Néri tivesse um aspecto bom e simples, muito se admiravam de vê-lo discorrer com profundeza e exatidão, e de improviso, sobre assuntos os mais difíceis e delicados. O bem-aventurado Alexandre Sauli, apóstolo da Córsega, ouvindo-o falar assim num entretenimento particular, reconheceu para sua surpresa, que não era menos admirável pela doutrina do que pela piedade. Mas Filipe empenhou-se, sobretudo, no aprendizado da ciência dos santos, não querendo saber senão de Jesus Crucificado; vendia mesmo os livros, dando o preço aos pobres; amou a pobreza como irmã, entregou-se inteiramente à contemplação das coisas divinas com tanto prazer, que perseverava durante quarenta horas em seguida. Nesses momentos, o amor divino lhe inflamava de tal maneira o coração, que muitas vezes se via constrangido a atirar-se por terra, entreabrir as vestes, descobrir o peito e fazer outras coisas semelhantes para moderar os ardores que o consumiam.

Dormindo pouco, deitado sobre uma dura enxerga intensificava todos os dias a disciplina com pequenas correntes de ferro. Para levar a vida de eremita em Roma, visitava todas as noites as sete principais igrejas e se recolhia ao cemitério de Calixto, ou como dizem outros, às catacumbas de São Sebastião. Diziam que passou assim, dois anos, as noites nas catacumbas. Quando encontrava as igrejas fechadas, parava sob os pórticos, e muitas vezes o encontraram lendo ao clarão da lua; porque tanto amava a pobreza, que dispensava o luxo de uma lâmpada. Nessas noturnas peregrinações, unia-se a Deus pela oração. E Deus o cumulava de tanta doçura e o inundava de tantas delícias, que ele exclamava frequentemente.

"Basta, Senhor, basta! Detende, Senhor, detende eu vos peço, as correntes de vossa graça!" Também tinha o costume de dizer aos filhos: "Para os que amam a Deus nada há de mais fastidioso do que a própria vida".

O pentecostes que lhe alargou o coração

Com a idade de vinte e nove anos, no dia de Pentecostes, como fazia todos os dias, suplicou ardentemente ao Espírito Santo lhe concedesse os seus dons. Subitamente sentiu o coração de tal maneira abrasado do amor divino, que não mais podendo conter-se em pé, atirou-se por terra e entreabriu as vestes sobre o peito, a fim de refrescar-se um pouco. Acalmado um pouco o ardor impetuoso, levantou-se; todo o corpo lhe estremeceu. Colocando a mão sobre o peito, sentiu que se erguera da altura de um punho, sem que sentisse qualquer dor. Somente cinquenta anos depois, por ocasião de sua morte, foi que isso se descobriu. Aberto o corpo pelos médicos, viram que as duas falsas costelas acima do coração, a quarta e a quinta, se achavam completamente rompidas pelo meio, de sorte que as duas extremidades estavam muito distanciadas uma da outra, tanto que não puderam unir-se durante cinquenta anos.

Desde esse Pentecostes, Filipe experimentou uma contínua palpitação do coração e um estremecimento, mas somente quando se ocupava das coisas divinas: dependia dele conservar ou suspender o movimento, simplesmente pelo pensamento. Na oração, suas alegrias sobrenaturais eram tão grandes, que chegava a ponto de quase morrer, o que o levava a dizer: "Afastai-vos, Senhor, afastai-vos porque a fraqueza mortal não resiste a uma alegria tão intensa". "Eis que morro, se não vierdes em meu socorro". E o Senhor, tocado por suas preces, amenizou o incêndio de seu coração, de sorte que São Filipe Néri dizia no fim de sua vida que mais devoção tinha na juventude do que então.

Após essa efusão do Espírito Santo, Filipe saiu de seu retiro, dirigiu-se às escolas, às tavernas, às praças e aos lugares mais frequentados, para conquistar mais almas para Deus. Sua amabilidade natural, aperfeiçoada ainda pela graça divina, dava um encanto irresistível às suas palavras. Conquistou assim um grande número entre os quais Henrique Lapierre de Plaisancem que, havendo abandonado o comércio e recebido o sacerdócio, foi o primeiro colocado à testa de uma associação de piedosos fiéis, os quais se devotavam, segundo o decreto do concílio de Trento, a ensinar o catecismo às crianças e ao povo: instituição das mais recomendáveis, que de Roma se propagou por outras terras, e à qual São Filipe Néri não pouco contribuiu com suas exortações e conselhos.

O sino da Igreja Romana

Entre os que conquistou assim para vida de perfeição, muitos entraram para as ordens religiosas, conquanto ele mesmo permanecesse leigo. Também Santo Inácio, que o conhecia e amava singularmente, o comparava a um sino chamando o povo à Igreja, conquanto ele mesmo permaneça na torre: assim Filipe levava os outros à religião, enquanto ele mesmo permanecia no século. Visitava assiduamente os hospitais, servia afetuosamente os doentes, ensinando-lhes sobretudo a santificar-se por intermédio dos sofrimentos. Grande número de pessoas lhe seguiu o exemplo, clérigos e leigos, e um de seus discípulos, São Camilo de Lélis, fundou a congregação dos clérigos regulares para o serviço dos doentes. Filipe tanto o aprovou que um dia, exortando esses religiosos a cumprir com zelo o cargo de caridade, lhes disse:

- Vi os anjos inspirando as palavras a dois de vós, enquanto exortáveis os moribundos e recomendáveis suas almas a Deus.

Foi tal a caridade para com o próximo que levou Filipe, com um santo sacerdote, Persiano Rosa, seu confessor, a fundar, para os peregrinos e convalescentes, o hospital de Santa Trindade, ainda hoje um dos mais florescentes e melhores em todo o orbe cristão. Começou a funcionar no dia de São Roque, 16 de Agosto de 1548, na igreja de São Sauvel del Campo.

São Filipe Néri recebeu o sacerdócio no mês de Junho de 1551; com a idade de trinta e seis anos, por ordem de seu confessor, que queria assim pô-lo em condições de prestar ainda maiores serviços à Igreja. Retirou-se para a comunidade dos padres de São Jerônimo, que gozava de grande reputação de virtude, onde vivia o seu confessor Persiano Rosa. Cada padre fazia as refeições em particular, e praticava jejuns proporcionais à sua devoção e às suas forças.

Filipe aplicou-se de modo especial, e por obediência, a ouvir as confissões, e produziu frutos incalculáveis. Como se falasse então muito das maravilhas que operava a Companhia de Jesus nas Índias pela conversão dos infiéis, Filipe sentiu grande desejo de consagrar-se à mesma obra com uma vintena de companheiros. Para saber com certeza qual a vontade de Deus, consultou um santo religioso da ordem dos cistercienses, que, às letras divinas e humanas unia um espírito profético. Agostinho Ghettino, assim chamava-se o religioso, havendo consultado a Deus, recebeu por resposta: que Filipe não devia procurar as Índias, mas Roma, e que era para lá que Deus o destinava, ele e seus filhos, para salvar as almas.

Filipe abraçou essa missão com ardor que ia em ritmo crescente. São Filipe Néri, amigo de tantos bons Papas, morreu em 26 de Maio de 1595 e foi canonizado em 1622, por Gregório XV.

Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume IX, p. 211 à 218.
 
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