Júlia Maria Francisca Postel era filha de João Postel e de Teresa Levallois. Nascida em Barfleur, no dia 28 de Novembro de 1756, foi batizada no dia mesmo em que veio ao mundo, à tardinha.
À santa virgem deve-se a fundação do Instituto das Irmãs das escolas cristãs da Misericórdia.
Desde os cinco anos, Maria Madalena principiou a preocupar-se com a pobreza e os enfermos. De uma feita, pequenina ainda, encontrou na estrada um menino todo vestido de farrapos: impressionada e contristada, deu-lhe o casado; a um outro, de sapatos rotos, deu-lhe os seus novos, adquiridos fazia pouco. E esmolava para os mendigos, carregava água para as mulheres atarefadas com a penca de filhos, acendia o fogo para as donas de casa enfermas, tratava das crianças abandonadas.
Aos nove anos, fez o voto de castidade e o de devotamento à salvação do próximo. E tanto era benquista que o bispo resolveu admiti-la à primeira comunhão, porque, "como Júlia Postel outra não haveria".
Às escondidas dos pais, jejuava duramente, passando a pão seco.
Um dia, ao sair da escola, findas as aulas, deparou com dois soldados, velhos desafetos, prontos para se digladiar num duelo: Júlia ajoelhou-se à frente dos dois, mostrou-lhes o Crucificado, e os soldados, tocados pela graça, abraçando-se, com lágrimas nos olhos, reconciliaram-se para sempre.
Em 1774, com dezoito anos, terminados os estudos, abriu um pensionato em Barfleur. Ali, pacientemente, ministrava ensinamentos às crianças: linguagem, cálculos, aulas de crochê e de culinária para as meninas.
Dos pobres, os seus pobres, jamais se esqueceu. Procurava-os, consolava, aliviava no que lhe era possível, sempre zelosa para com os que nada tinham de próprio.
Em 1798, foi admitida entre os terciários de São Francisco.
A instituição das Pobres Filhas da Misericórdia nasceu aos 8 de Setembro de 1807, e a sua rega era "silêncio, obediência pronta, absoluta e alegre".
Logo duzentas meninas freqüentavam as aulas das pobres filhas da agora Maria Madalena. Em 1817, com grande fome, as religiosas foram as laboriosas organizadoras das chamadas sopas populares, em que os menos favorecidos eram carinhosamente socorridos. E a instituição, abençoada por Deus, foi crescendo.
A 21 de Setembro de 1837, catorze veteranas e dez noviças pronunciavam o voto, segundo novas constituições, as de São João Batista de La Salle: instrução gratuita aos pobres; ensinar e trabalhar nos hospitais; dependência direta de Roma.
Maria Madalena Postel, teve a alegria, antes de morrer, de ver fundadas trinta e sete casas. Estava velha, mas trazia na alma a cantar; como jovem cheia de energia, sentia-se feliz por tudo aquilo que fizera, pelo bem que semeara, pelo trabalho que desenvolvera. Nem mesmo a asma, que a perseguia, deixou-a de mau humor por um único instante que seja.
Aos que se inquietavam, quando jazia numa das crises, dizia-lhes, sorrindo:
- Estou bem, já que estou como o Bom Deus quer que eu esteja.
Santa Maria Madalena Postel faleceu em 1846, aos 15 de Julho. Previra o futuro, multiplicara pães, curara doentes. Fora-se para Deus depois de noventa anos de vida, de vida vivida para o bem, rodeada de cento e cinqüenta professas e vinte postulantes.
Declarada venerável a 31 de Maio de 1903, foi beatificada a 22 de Janeiro de 1908 e canonizada a 24 de Maio de 1925. (Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XIII, p. 88 à 90)