Quem poderá conceber o triunfo de Maria, quando, deixando a terra, este vale de lágrimas, ela se elevou com majestade pudica nas asas dos querubins, ao encontro dos santos, dos anjos e dos arcanjos, que vieram em massa formar o cortejo triunfal de sua rainha e cantar sua glória?
Quem é esta, perguntam eles, que, por um novo prodígio, se eleva do fundo do deserto, cheia de graça e de delícias, como aurora divina, brilhante como o sol, doce como a luz e poderosa como um exército em ordem de batalha? É a nova Eva, exclama o Pai dos homens, é a nova mãe dos vivos, a mulher prometida para reparar a tudo, que gerou a vida e a misericórdia, e esmagou a cabeça da serpente. É a estrela de Jacó dizem os profetas, o arco da aliança, a glória de Jerusalém, a alegria de Israel, a honra do nosso povo, que obteve sobre o inimigo uma vitória eterna, porque tem acima de tudo a pureza virginal. É a maravilha do Altíssimo, dizem os profetas, a Virgem incomparável, que concebeu Virgem e gerou, Virgem, um filho único, a quem todo poder foi dado, e que se chama Emanuel ou Deus conosco. É dizem os Apóstolos, para encerrar todas essas maravilhas, em duas palavras, é Maria, da qual Jesus nasceu!
Salve, Então! Exclama todo o cortejo celeste, salve! Eternamente salve! Maria, Mãe de Deus, Mãe de Jesus! Salve, mil vezes salve, Maria, nossa mãe e Rainha! O Senhor é convosco, o Senhor vosso Deus, vosso Rei, vosso Esposo, vosso Filho, que vos prepara um trono de graça ao lado de seu trono de glória. Vós sois bendita, louvada, exaltada acima de todas as mulheres, amada e querida acima de todas as mães; e bendito, louvado, amado, adorado para sempre, é o divino fruto de vossas castas entranhas, Jesus, vosso filho, vosso amor e vossa vida; ide, Rainha augusta, o Altíssimo vos chama: vinde, filha muito amada, mãe amável, esposa sem mancha; vinde, sede coroada de graça e de glória, como a Rainha do Céu e da Terra, dos anjos e dos homens; vinde reinar pela bondade e pela clemência como o refúgio dos pecadores, a consoladora dos aflitos, a saúde dos enfermos, o socorro dos cristãos, a protetora da Igreja!
Ah! Minha pobre alma! Nossa mãe está no céu e eis-nos aqui na terra. Mas tenhamos coragem! Iremos vê-la um dia. Eis como. É elevada em glória acima de todas as criaturas porque de todas as criaturas foi a mais humilde. Pois bem, sejamos humildes como ela. Sobre a terra, levou uma vida pobre e comum, mas levou-a santamente. Pois bem, façamos como ela, santifiquemos como ela as ações mais comuns de nossa vida. Sim, é assim; essa é a minha resolução.
Ó minha Mão, abençoai, abençoai-me, abençoai todos os meus irmãos; abençoai, sobretudo neste dia, a Igreja e seus pastores, abençoai todos com todas as bênçãos do céu e da terra, e com todas as bênçãos do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Mas, em que lugar a Santa Virgem morreu?
A igreja de Jerusalém e, com ela, toda a tradição do Oriente, responde-nos que foi sobre o monte Sião, e que seu corpo foi levado ao jardim do Getsêmani, onde está seu sepulcro, mas vazio. São Sofrônio, patriarca de Jerusalém, num de seus hinos sobre os santos lugares, encontrado pela cardeal Mai, fala com amor do jardim de Getsêmani, que recebeu outrora o corpo da santa Mãe de Deus e onde estava seu sepulcro mas não fala do mesmo corpo, como lá estando.
São João Damasceno, que passou uma grande parte da vida em Jerusalém, acrescenta uma circunstância. Na primeira estrofe de seu segundo hino, sobre o príncipe dos apóstolos, fala da viagem repentina de São Pedro, de Roma à montanha de Sião para assistir aos funerais da Santa Virgem, que ele chama de nuvem viva de Deus. Lemos igualmente nas vidas de São Dionísio Areopagita, uma das quais escrita por Miguel Sincelle, padre de Jerusalém: Dionísio mereceu estar presente com os apóstolos, à morte e aos funerais de Santa Maria, mãe de Deus, cujo corpo foi transportado pelas mãos dos apóstolos da montanha de Sião, ao sepulcro no jardim das Getsêmani, de onde foi recebido no céu. É o que diz expressamente o padre de Jerusalém. (Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XIV, p. 432 à 435