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Santo do Dia


Santo do Dia


Santo Amado, Abade de Lorena, e seu amigo São Romarico - Data: 13 de Setembro 2019
 
 
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Quando São Colombano deixou o mosteiro de Luxeuil, foi eleito abade Santo Eustásio, um dos embaixadores que o rei Clotário enviara no ano 613 a Colombano para fazê-lo retornar à Itália. Ao passar pelo mosteiro de Agaune, Santo Eustásio travou conhecimento com Santo Amat ou Amado, religioso dessa célebre comunidade, à qual seu pai Heliodoro, nobre romano de Grenovel, o consagrara desde a infância. Havia três anos que levava vida solitária na cova de um rochedo. Eustásio persuadiu-o a acompanhá-lo a Luxeuil. Ao ter conhecimento do raro talento com que anunciava a palavra de Deus, enviou-o à Austrais pregar a fé e a penitência. No decurso das suas missões, Amado alojou-se em casa do fidalgo Romarico, que acabava de recuperar, sob Clotário, a grande cópia de bens que perdera sob Teodorico, por haver-se mostrado fiel a Teodeberto.

Um dia, quando estavam à mesa, Romarico, pediu-lhe que pregasse a palavra da salvação. "Vede esse prato de prata?" indagou Amado. Quantos senhores, ou melhor, quantos escravos já teve e quantos ainda há de ter? Também não sereis mais seu escrevo do que seu senhor, já que só o possuis para conservá-lo? Ficai ciente, porém, que vos serão pedidas contas um dia. Pois está escrito: "Vosso ouro e vossa prata criarão ferrugem e a ferrugem que os consome servirá de testemunho contra vós. É por isso que o Senhor disse: "Desgraçados de vós, ricos, que já fostes consolados! Santo homem, respondeu Romarico, rogo-vos permaneçais alguns dias em minha casa, a fim de ensinar-me o que devo fazer; pois já se realizou em mim o que eu desejava havia muito tempo. Surpreende-me, observou Amado, que sendo tão nobre, tão rico e tão esclarecido, não conheçais o que o Salvador respondeu a um jovem desejoso de tornar-se seu discípulo: Vendei tudo quanto possuís e daí o produto aos pobres. Alguns dias depois, Romarico deu liberdade a seus escravos, uma parte de seus bens aos pobres, o resto ao mosteiro de Luxeuil, no qual se fez monge, juntamente com a maioria de seus antigos servos. Romarico, por sua vez, tornou-se servo de todos. Sentia-se atraído para as tarefas mais abjetas. Gostava de cultivar o jardim e, sobretudo, não cessava de aprender de cor os salmos.

A conselho de Santo Amado e de Santo Eustásio mandou construir em terras dos Vosges, de que ainda não dispusera, um duplo mosteiro segundo as regras de São Colombano; um de mulheres, de maiores proporções, dedicado a São Pedro, e do qual Santa Mactefleda foi a primeira abadessa, e outro para homens, governado por Santo Amado, que, juntamente com Santo Romarico também foi encarregado da direção das religiosas. Como ao mosteiro dessas últimas afluísse grande número de religiosas, o santo abade nele estabeleceu a salmodia perpétua; para isso dividiu-as em sete coros, de doze religiosos casa um, a fim de que pudessem revesar-se para cantos e louvores a Deus, sem interrupção. Esse mosteiro, que então se chamava Habend, tomou mais tarde o nome de seu fundador, assim como a cidade que se formou à sua volta. Chamaram-no Remiremont, em alemão Rombsberg, isto é, montanha de Romarico.

Os dois amigos tinham um terceiro, que fora antepassado de Carlos Magno; Arnulfo, a princípio primeiro senhor, primeiro ministro do reino da Austrásia, depois bispo de Metz; tendo este, finalmente, renunciado a todas as coisas profanas e distribuído seus bens aos pobres, recolheu-se, também pobre, à solidão que o amigo Romarico lhe preparara nos Vosges, não longe do seu mosteiro. Esse grande senhor, antepassado de tantos heróis e de tantos reis, servia com suas próprias mãos os monges e os lepreosos, limpava-lhes as sandálias, lavava-lhes os pés, fazia-lhes as camas e preparava-lhes a comida, enquanto sofria fome. Morreu na prática desses exercícios de humildade e caridade, no ano 640, entre as mãos de São Romarico, que o enterrou no seu mosteiro. Porém, no ano seguinte, São Goerico, acompanhado de dois outros bispos, Paulode Verdum e Theofroi de Toul, foi ao mosteiro, exumou os despojos de Arnulfo e trasladou-os para Metz, no dia 18 de junho, data na qual a Igreja lhe reverencia a memória.

Entrementes, um monte intrigante, chamado Agrestino, indispusera Santo Amado e São Romarico contra Santo Eustásio, amigo de ambos. Bem depressa estes últimos perceberam que haviam sido enganados e repararam com redobrado fervor o erro cometido. Santo Amado, um ano antes da morte, mandou colocar na cama um saco cheio de cinzas, explicando que precisava fazer uma grande penitência para compensar algumas culpas que lhe pesavam.

Depois de ter deitado na cinza e de cobrir-se com um cilício, confessou em voz alta todos os pecados na presença dos religiosos, Perseverou nas austeridades durante o ano inteiro e praticou várias outras mortificações, que de tão modo o extenuaram, que os ossos lhe furaram a pele. Morreu cerca do ano 627, e no seu túmulo, na entrada da Igreja da Virgem, foi gravado o seguinte epitáfio por ele próprio ditado: Homem de Deus que entrais neste santo lugar para orar, implorai a misericórdia divina para a alma de Amado, penitente, que aqui está sepultado, a fim de que, se a tibieza da minha penitência tiver deixado algumas dívidas dos meus pecados, vossa caridade e vossas orações me obtenham a inteira remissão.

São Romarico que lhe sucedeu no cargo de abade, governou cerca de vinte e seis anos os monges e as religiosas de Remiremont, de acordo com a regra de Colombano, a que novamente obedeciam. De outro lado, os bispos que, influenciados pelas insinuações de Agrestino, se tinham declarado contra o instituto, finalmente lhe fizeram justiça e empenharam-se em estabelecê-lo em suas dioceses. A tempestade teve como único resultado fortalecê-lo cada vez mais. (Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XVI, p. 166 à 169)

 
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