Coragem é uma palavra que resplandece especialmente em Santa Águeda, ou Ágata, segundo algumas traduções. Mas corajosa foi ela que Davi diante de Golias, que Sansão diante do Leão, pois não tinha ela a força deste nem sequer a funda daquele.
Estava sozinha diante do terrível carrasco, e mesmo assim não esmoreceu. Teve seu corpo feminino mutilado por ódio, inveja, desejo. Santa Águeda, assim, leva a fé em Cristo a um patamar completamente diferente. Vejamos sua história.
A santa nasceu de uma ilustre família romana, de muitas posses e riquezas. Desde cedo foi formada na fé cristã, que decidiu os rumos de sua vida futura. Inspirada nos exemplos evangélicos, Santa Águeda se consagrou a Jesus, como sua esposa eterna, e prometeu guardar sua virgindade para sempre.
Assim, recusou muitas e famosos propostas de casamento, sempre se esquivando destes compromissos. Porém, como costuma acontecer, um homem, motivado pela louca luxúria que o pervertia, não desistiu da ideia do casamento com Santa Águeda: Quinciano, cônsul da Catânia, terra da santa virgem.
Mas ele propunha várias vezes, sempre insuportável, sempre inconveniente. Quando desistiu de fazer por bem, foi procurar o mal: contratou uma feiticeira versada em artes das trevas para fazer uma magia a fim de Santa Águeda se apaixonar por ele.
A bruxaria, tão egoística e malfazeja, não teve resultado nenhum, pois a virgem Águeda estava presa ao Senhor como a uma Rocha. Quando perguntada por que não funcionou, a feiticeira respondeu que Santa Águeda era cristã, não era possível alcançar a ela este tipo de mal.
Sendo Quinciano tão mal como impuro, exultou ao saber disto. Convocou seus soldados e mandou que prendessem a nobre donzela. Começa, então, a via crucis da santa moça.
Primeiro, o cônsul a obrigou, pela força, a se hospedar em um prostíbulo, a fim de conviver todo dia com as mais devassas impurezas. Ela, porém, convicta na fé, não se abalou; suas orações a aliviaram de qualquer desejo que surtisse naquele antro.
Passado um mês de contínua tortura, Quinciano ordenou que a retirassem dali. Começaram os maus tratos, as surras e torturas. A tudo se mantinha ela firme, sem blasfemar ou pedir para parar.
Quinciano, louco de raiva, a mandou deitar me uma grelha para ser queimada. Não isso sendo o bastante, ainda fez uma enorme crueldade: a despiu e esmagou seus seios, depois os cortou fora, mandando-a ao calabouço sem um único curativo.
Mas Deus a socorreu, pois era seu eterno Pai. São Pedro apareceu em seu cárcere, e a curou, restabelecendo a sua integridade corporal.
Porém, tremendo de fúria, Quinciano se superou a si mesmo no quesito crueldade: ordenou que a enrolassem nua em faixas com cacos de cerâmica e a atirassem sobre as brasas. A tudo isto sofreu Águeda serena, confiante em seu Divino Esposo.
Um espantoso terremoto fez cessar seu sofrimento. Fugindo os soldados e seu chefe, Santa Águeda morreu soterrada, de joelhos, louvando a Jesus.
A virgem santa foi enterrada com pompa e devoção, pois todos sabiam de sua história e martírio. Seu nome é dito nos cânones da Santa Missa até hoje, como uma forma de honrar esta excelsa soldada de Cristo que morreu no ano de 251.
Em um de seus aniversários de morte, o vulcão Etna entrou em erupção, causando grande comoção e dor nos citadinos. Com grande fé, eles tomaram o véu de Santa Águeda, que guardavam como relíquia, e foram de encontro à lava que descia do vulcão. Quando subiram o monte e encararam o líquido ardente de frente com a relíquia, a erupção cessou e a lava parou sua descida!
Hoje, Santa Águeda é invocada como a protetora contra vulcões, terremotos, e outras forças destrutivas da natureza.