O santo de hoje se destaca por reger uma situação complicada num momento chave para o desenvolvimento da Santa Igreja na Europa. São Zacarias, Papa, foi um excepcional instrumento de Deus para guiar a conversão plena da Filha Primogênita da Igreja Católica, a França. Vejamos sua história.
De sua história antes da ascensão ao papado, temos apenas a referência de que era de ascendência síria-grega, o último de sua linhagem no trono de São Pedro. Subiu ao pontificado em 741, eleito quatro dias após a morte do seu antecessor, São Gregório III.
Sua atuação no Papado ficou marcada por um desfecho nas invasões bárbaras: sendo traído por um duque de confiança, que havia feito uma aliança de defender os territórios papais do chefe dos Lombardos, Luitbrando, São Zacarias decidiu seguir pelo caminho da diplomacia.
Ele foi até o rei bárbaro e propôs, com sabedoria, mansidão e autoridade, um acordo de que as terras chefiadas pela Santa Igreja não fossem atacadas. A santidade de São Zacarias, Papa, conquistou a atenção do Lombardo, que fechou um acordo. Luitbrando não só deixou de atacar Roma, como devolveu muitas das cidades que havia conquistado em trinta anos de assalto ao Antigo Império: Ameria, Horta, Polimartio e Bler foram algumas das regiões que os bárbaros prometeram deixar em paz.
Também atuou em defesa a Ravena, cidade do império Bizantino. Foi ter mais uma vez com Luitbrando, e este voltou atrás na ação, tal o carisma profético do Papa São Zacarias.
Pouco tempo depois, Luitbrando falece, e, com seu primeiro sucessor, Hildebrando, desistindo do trono, o próximo na linhagem era Ratchis, que sempre esteve presente nas negociações de Luitbrando com São Zacarias, e o admirava muitíssimo.
Tanto admirava a pessoa do Papa, que, vendo Cristo em seu representante, decidiu abandonar tudo para se tornar monge e atender ao chamado do Senhor. Era o ano de 747. Com o rei Ratchis assumindo a vida religiosa, os Lombardos enfim estabeleceram um reinado tranquilo à sombra da Santa Igreja. No mesmo ano, outro rei se tornava religioso: Carlomano, rei dos Francos, filho de Carlo Martel, o grande herói da batalha de Poitiers, que anos antes havia barrado a entrada na Europa de uma massiva invasão dos mouros, abandonou a coroa em troca do capuz.
Concidentemente, os dois antigos reis se alojaram sob o mesmo teto, e São Zacarias, comovido com a ação do Espírito Santo, vendo os dois antigos soberanos, um cuidando das cabras e o outro da vinha, bendisse ao Senhor e abençoou seus hábitos. Foi provavelmente a ação do Papa São Zacarias na corte do rei lombardo, sua atuação e diplomacia com os francos que iniciou o maior reinado Católico que a História já presenciou: O Sacro Império Romano Germânico.
Isto porque, Carlomano tendo abandonado o trono, assumiu seu irmão, Pepino, o Breve, sendo coroado como o Rei dos francos. Um dia, ele teria um filho que carregaria o nome de sei avô, Carlos, e seria aclamado, tal sua virtude e força, pelos Lombardos, Francos e mais outros tantos povos, como o Magno.
Carlos Magno será coroado imperador no natal do ano 800, um pouco menos de 50 anos depois de São Zacarias falecer, no ano de 752. Infelizmente, nosso santo papa foi chamado para descansar no Senhor antes de ver o grande revoar de cultura que a Santa Igreja providenciaria com a Escola Palatina do grande Carlos. As grandes catedrais, as grandes faculdades, os grandes filósofos e teólogos que a Igreja faria florescer, tudo passou pelas mãos de São Zacarias naqueles entraves complicados dos anos 750.
Isto porque Deus constrói a História da Humanidade pela ação dos santos. Não tenhamos dúvida: se quisermos eternizar nossa memória, só há um caminho: a santidade. São Zacarias, morto há mais de um milênio, é hoje lembrado em todas as Igrejas do mundo inteiro. Que ele nos conquiste, com sua intercessão, mais graças de Deus, a fim de correspondermos à nossa missão, e, como ele, marcar a História, ganhar o Céu.