Ó Deus de misericórdia, socorrei a nossa fraqueza para que, ao celebrarmos a memória da Virgem Imaculada, Mãe de Deus, possamos, por sua intercessão, ressurgir de nossos pecados.
A 11 de fevereiro a Santa Igreja comemora a série de aparições da Virgem a Santa Bernadete. É a festa da Imaculada Conceição em Lourdes. Foram, pois, 18 vezes que Maria Santíssima se dignou premiar a pastorinha com sua altíssima presença, às margens do rio Gave, nos arredores de uma vila francesa.
O diálogo de Nossa Senhora com Bernadete termina com uma pergunta toda especial da santa menina. Instada foi ela pelo bispo a questionar quem era a linda Senhora de branco que lhe aparecia na gruta. Assim, a jovem obedientemente solicitou à Maria sua identidade. Ela respondeu: "Eu sou a Imaculada Conceição".
Mas, afinal, qual relação histórica entre este lindo dogma de Maria e as aparições à pastorinha? Por que residir o mistério da Conceição Imaculada em Lourdes?
Já se passavam quatro anos desde que o Papa Pio IX definira solenemente esta verdade de fé:
“A doutrina que sustenta que a Beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus, e por isto deve ser crida firme e inviolavelmente por todos os fiéis”.
O Beato Pio IX, com uma coragem de anjo, proclamou-o a todos os homens, mesmo que muitos se sentissem ameaçados pelo dogma. Já o mundo católico exultou de alegria por ver nas aparições uma celestial confirmação do Dogma, uma vez que Nossa Senhora apresentava-se como sendo a Imaculada Conceição.
A frase pronunciada pela pastorinha foi tão forte e impactante que, provinda de uma menina de família muito pobre e iletrada, deixou o bispo da aldeia profundamente consternado e surpreso.
Santa Bernadete era tão simples e inocente que teve que perguntar o que era “Imaculada Conceição”. Aliás, de um modo muito providencial, Nossa Senhora lhe falou em seu dialeto regional, o que reforçava ainda mais que não foi homem ou mulher que lhe contara tal revelação. Afinal, todos da aldeia eram poucos instruídos em termos teológicos tão profundos.
A Igreja Romana recebeu prontamente a resposta, e reconheceu ainda mais a beleza da providência em apoiar o dogma proclamado pelo Sumo Pontífice.
Para aqueles que eram contrários a este privilégio, alguém ser considerado superior a toda humanidade é algo inimaginável, insuportável.
Esse dogma colide frontalmente com os defensores da igualdade absoluta entre os homens. Eles defendem a ideia falsa de que o ser humano não é concebido no pecado: o homem é bom e imaculado por natureza. Ver, assim, exaltada em patamar tão alto uma criatura semelhante deixou os maus furiosos.
Se há algo que podemos ter certeza é de que quando os maus se juntam, é porque o bem os ameaçou. A voz pueril de Bernadete congregou imensos insultos e disparates para cima dela, de tal modo que tentaram coloca-la num hospital psiquiátrico sem sequer a avaliar clinicamente.
A menção profética, quiçá, da Imaculada Conceição em Lourdes residiu no duplo consolo santo feito pela Senhora de Branco à Santa Igreja: o primeiro foi alicerçar ainda mais a fé de seus filhos e o segundo curar suas chagas corporais com imensa maternalidade e bondade.