No mês de agosto, a Igreja festejará a Transfiguração de Jesus Cristo, no próximo dia 6. O Tabor, lugar onde se deu o glorioso acontecimento, é um monte majestoso, alcançando 660 metros de altitude. Maravilhoso panorama se descortina do alto, vendo-se o relevo ondulado da Galileia, o lago de Genezaré, o cimo nevado do monte Hermon, o monte Carmelo e o Mar Mediterrâneo. Quais foram as razões pelas quais quis Jesus que a humanidade, representada pelos apóstolos, estivesse presente em sua elevação?
Sabemos que Ele fez isto com o intuito de fortalecer os Apóstolos, e dar a eles energia e vigor de alma para os difíceis momentos da Paixão. E nós, não teremos pela frente dores, aflições, dramas? Como iremos passar por esses dramas todos? Por isso precisamos do apoio de Cristo, do auxílio da Divina Graça. Precisamos da figura transfigurada do Divino Filho para alimentar a esperança de nossa própria transfiguração no dia de nossa ressurreição. E assim aguentarmos com virtude todas as dificuldades que nos virão pelo futuro.
Na transfiguração de Jesus, devemos ter bem presente que Nosso Senhor não tomou nesta ocasião o corpo glorioso como alguns erradamente pensam. Ele estava ainda com o corpo padecente; então, realizou um milagre. Ele realizou um milagre para que nós compreendêssemos o que será a nossa ressurreição.
Os três Apóstolos ficaram tomados de espanto e maravilhados diante de Nosso Senhor Jesus Cristo transfigurado. Elias e Moisés representavam a Lei e os profetas estavam ali confirmando as profecias que anunciavam a vinda do Messias: e Ele estava diante deles! "Aquele que nós desejávamos; Aquele que foi anunciado ao longo dos séculos. O Filho de Deus!"
Mas, uma vez que se tratava de seu Filho, Deus mesmo não resistiu. O Pai, tendo diante de Si Seu Unigênito, esse Filho que Ele havia gerado desde toda a eternidade não resistiu e, de dentro dessa nuvem, ouve-se a voz de Deus, aquela mesma voz que falou a Moisés no Sinai, aquela mesma voz que no batismo de Nosso Senhor se manifestou a São João Batista e a outros. Essa mesma voz naquele momento se faz ouvir, e de uma forma clara e categórica: Este é o Meu Filho Bem-amado no qual eu pus todas as minhas complacências - ouvi-o! Ouvi-o!
Ele é o Filho Bem-amado, no qual colocou todas as complacências. Então por que quis Jesus descer do Céu e se encarnar? Por causa nossa! E por isso nós ouvimos essa recomendação do Pai: "Ouvi-o". Jesus se faz nosso irmão tal ponto, abandona a felicidade eterna na qual sempre viveu e aceita de vir encarnar-se porque ele nos ama. Aceita não só aceita encarnar-se, mas também recebe os tormentos todos da Paixão, aceita ser flagelado. "Ouvi-o", "ouvi-o"!, Não se ouviu um só gemido, não se ouviu uma só reclamação, não se ouviu uma só revolta - menos ainda - por tudo o que faziam contra Ele.
Não é como quem liga o rádio e ouve uma música, e não tem nada a ver com a música porque o rádio está tocando, e ouviu essa música. "Ouvi-o"não é também como quem ouve tocar um sino ou ouve tocar uma trombeta ou ouve um ruído na rua ou o estouro de uma bomba. Não é.
Este "ouví-O" do Pai tem o significado todo especial. O que quer dizer este "ouvi-o"? "Ouvi-o" significa: "identifique-se com", "seja igual a", na medida do possível e guardadas todas as devidas proporções, aproxime-se, seja também um filho bem-amado ou uma filha bem-amada. O que Deus quis neste momento em que Ele disse "Este é o Meu Filho Bem-amado no qual pus todas as minhas complacências", é que devemos segui-lo, é imitá-lo.
Quanta bondade neste seu Filho. "Ouvi-o", ou seja, é preciso que nós façamos o bem como Cristo fez o bem. É preciso imitarmos a Nosso Senhor. Ele não perdeu uma só oportunidade para fazer o bem. E este mundo tão feito de maldade, tão feito de intrigas, tão feito de contradições, tão feito de dramas, tão feito de ódios recíprocos, às vezes dentro de uma mesma família: É o pai que não se entende com o filho, é uma filha que não se entende com a mãe. É tio, é avó..., para quê isso? Porque nós somos chamados a cumprir este desígnio do Pai, esta recomendação do Pai: "ouvi-o! Seja semelhante a Ele!"
A linguagem dele é sempre: sim, sim; não, não. Nunca linguagem dupla, nunca nenhuma forma de politicagem ou futricagem, maledicências, calúnias: jamais. "Ouvi-o"! É preciso ser como Ele é, amante da verdade. Ele que dizia: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ele é o Caminho; e quando Deus Pai diz: "ouvi-o", Ele quer que nós sigamos este caminho. Este caminho de bondade, este caminho de lealdade, este caminho de caridade.
Isto sobretudo, nos momento de tormento, nos momentos de aflição, nos momentos de necessidade, nos momentos de angústia, nos momentos de drama, nos momentos de incompreensão, até nos momentos de perseguição, precisamos estar com a mesma disposição de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Magnífica frase do Pai em relação a Nosso Senhor! "Este é o Meu Filho Bem-amado no qual eu pus todas as minhas complacências" "Ouvi-o". Que Nossa Senhora, conceda a todos e a cada um, esta lealdade, esta fidelidade a esta determinação de Deus-Pai: "Ouvi-o", Ouvi a Nosso Senhor Jesus Cristo!