BEM-AVENTURADO CONRADO DE ASCOLI, Confessor
Conrado nasceu em Ascoli, na Marca de Ancona, numa família ilustre em 1234. O bem-aventurado, desde mocinho, mostrou-se muito amigo da penitência e das austeridades.
Conta-se de Conrado de Ascoli que, em Asciani, vivia um homem chamado Jerônimo Massi. Todas as vezes que com ele encontrava, Conrado prosternava-se a seus pés e lhe rendia homenagens.
Um dia, perguntaram-lhe a razão daquele procedimento. E o bem-aventurado respondeu que vira nas mãos daquele homem, certa vez as chaves do reino dos céus.
Tempos mais tarde, ficou esclarecido o sucessor: Jerônimo Massi, feito franciscano, substituiu a São Boaventura como mestre da ordem e acabou por ser Papa, com nome de Nicolau IV.
Os dois Conrado e Jerônimo, foram muito amigos, Juntos, entraram na ordem de São Francisco, no convento de Ascoli. Dali, passaram ao convento de Assis, depois ao de Perusa, onde fizeram os estudos. Durante anos, ensinaram teologia e pregaram em Roma.
Quando Jerônimo chegou a mestre geral da ordem, Conrado dele obteve a permissão para embarcar para a África, onde converteu inúmeros infiéis e operou milagres: curou paralíticos, expulsou o demônio e, mesmo, ressuscitou dois mortos.
Conrado de Ascoli foi heróico na penitência. Dormia, e muito pouco, sobre uma prancha, vestia-se grosseiramente, andava sempre descalço; de alimento, somente pão e água durante quatro dias da semana; dois dias, reservava-os ele, especialmente para orar pelo livramento das almas do purgatório.
Conrado pregou na França. Em Paris, ensinou teologia. No dia 19 de Abril de 1289, então em Ascoli, faleceu.
Enterrado na terra natal, teve magnífica sepultura. Jerônimo, então o Santo Padre Nicolau IV, que pretendia elevá-lo ao cardinalato, sentiu-lhe a perda imensamente.
Em 1371, encontrado o corpo de Conrado de Ascoli sem qualquer corrupção, transladaram-no para a nova igreja do convento franciscano. O culto que se lhe rendia já de longa data, aprovou-o o Papa Pio VI.
(Livro Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume VII, p. 105-106)
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SANTO ÁLFEGO, Bispo e Mártir
Álfego, também conhecido pelo nome de Godwine, nasceu no ano de 954.
Jovem, sentindo-se chamado por Deus, deixou a mãe aflita, viúva de poucos dias, e se consagrou ao Senhor no mosteiro de Deerhurst, que ficava no condado de Gloucester.
Sempre almejando vida mais e mais perfeita, achou que, retirando-se para a solidão, conseguiria maiorcantuária, são dunstan, abade, sucesso. E assim o fez. Construindo uma pequenina cabana nas vizinhanças de Hath, ali principiou como anacoreta.
Pouco depois, bandos de homens e mulheres deram de procurá-lo para conselhos e para que os recomendassem nas orações a que dirigia a Deus. Logo, aqueles que se sentiam atraídos pela vida religiosa, colocaram-lhe sob a conduta. E Álfego, tanto crescia o número dos discípulos, viu-se obrigado a fundar um mosteiro, do qual, em 970, fez-se abade.
Com trinta anos, o Santo era bispo: Ethelwold de Winchester morrera. E os monges, que amavam o Santo desmedidamente levaram-lhe o nome a São Dunstan, então bispo de Cantuária.
Dunstan hesitou. Mas, tendo orado e jejuado, recebeu resposta do céu, por intermédio de Santo André.
Disse-lhe o Apóstolo:
- O eleito do Senhor é o abade Álfego!
Para que o Santo aceitasse aquela dignidade foi mister arrancá-lo da solidão e usar de energia.
Sagrado bispo de Winchester a 19 de Outubro de 984, no exercício do cargo, Álfego mostrou grande austeridade de vida, admirável caridade e afável doçura. Diz-se que, no seu tempo, mendigo algum havia na cidade, tanto fizera por socorrer a população menos protegida da sorte.
O trabalho que desenvolveu para converter os ainda pagãos homens do Norte foi estupendo. Foi o santo bispo que, em 994, confirmou o rei Olaf da Noruega, convertido por missionários ingleses.
Álfego era tido em grande estima por Dunstan. E tanto o amava, que o designou para lhe ser o sucessor, o que aconteceu, em 1006, depois da morte de Alfrich.
Em Roma, das mãos do Papa, o Santo recebeu o pálio.
Conta-se, aqui, o que lhe sucedeu, quando regressava. Atravessando os Alpes, Álfego passou por uma pequena cidade da Itália. Os habitantes roubaram-no e obrigaram a procurar um abrigo fora daquelas terras.
Imediatamente depois daquele ato selvagem, um incêndio se alastrou pela cidade. E tal era o penhor do vento que, viram-no todos, o fogo logo devoraria todas as casas.
Era castigo! Uma punição do céu! E, assim julgando, os moradores do lugar correram procurar o Santo, no coração levando o imenso desejo de pedir perdão ao prelado que tanto haviam maltratado, e injustamente.
Descobriram-lhe o paradeiro e, com lágrimas, suplicaram-lhe que, com orações e rogos, pusesse fim ao sinistro.
Pouco depois de orar a Deus, o incêndio cedeu.
Quando os dinamarqueses invadiram o reino, Álfego saiu em socorro das populações violentadas nos seus direitos. E, enquanto trabalhava pelo rebanho, não se descuidava de lutar pela conversão dos invasores.
Preso, foi morto como Santo Estêvão, o primeiro mártir: a pedradas, no dia 19 de Abril de 1012. O corpo, conquistado pelos dinamarqueses convertidos, foi levado para Londres e enterrado na catedral de São Paulo. Onde anos mais tarde, ou seja, em 1023, Canuto transferiu-se para Cantuária.
(Livro Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume VII, p. 97 à 99)