Bertoldo de Andech, Marquês de Meran, Conde do Tirol, Príncipe ou Duque da Caríntia e da Ístria era seu pai. Sua mãe, chamada Inês, era filha do Conde de Rotlech. Tiveram oito filhos, quatro meninos e quatro meninas; dois dos filhos foram bispos, ou sejam: Bertoldo, Patriarca da Aquiléia, Erberto, bispo de Bamberg; os dois outros, Henrique e Oton, seguiram a profissão das armas e sucederam ao pai no governo de seus Estados.
As filhas foram Edviges, Inês, tão famosa por causa do seu casamento com Filipe Augusto, rei da França, Gertrudes, rainha da Hungria, mãe de Isabel; a quarta foi abadessa de Lutzing, na Francônia, da ordem de São Bento.
Santa Edviges, foi internada nesse mosteiro desde criança e lá aprendeu as letras sagradas, que mais tarde lhe foram motivo de contínuo consolo. Com a idade de 12 anos, deram-na em casamento a Henrique, Duque da Silésia, e mais tarde também, Duque da Polônia, e, no estado do matrimônio, ela se conservou continente, na medida do possível.
Desde a primeira gravidez, quando apenas contava treze anos, convencionou com o príncipe, seu marido, separar-se dele até do parto, prática que continuou a observar além da abstinência do advento e da quaresma, assomo como dos outros dias santos. Depois de terem seis filhos, conseguiu que o Duque consentisse em guardar a continência perpétua; comprometeram-se a fazê-lo através de um voto, com a benção do bispo, e assim viveram cerca de trinta anos. Tendo o fato se tornado público, resolveram morar inteiramente separados, e raras vezes se viam, sempre na presença de testemunhas, a fim de não escandalizarem os fracos. O Duque vivia como um religioso, embora não houvesse professado, e deixava crescer a barba como os irmãos conversos dos mosteiros, de onde lhe veio a alcunha de Henrique, o Barbudo.
A santa Duquesa Edviges, persuadiu-o a fundar em Trebnitz, junto a Breslau, na Silésia, um mosteiro de religiosas da Ordem de Citeaux, cuja primeira abadessa foi Petrisssa, que a Duquesa tivera como governante na sua infância. Mandou-a vir de Bamberg com outras religiosas; a inauguração deu-se no ano de 1203, a consagração da igreja em 1219. Santa Edviges reuniu na nova ordem um número avultado de religiosas e ofereceu a Deus sua filha Gertrudes que depois foi abadessa. Edviges educou algumas jovens da nobreza e muitas outras, das quais algumas abraçaram a vida monástica; quanto às restantes, casava-as. Ela própria, frequentemente, se recolhia no mosteiro, mesmo em vida do Duque, seu marido, e dormia no dormitório das religiosas; depois instalou definitivamente em Trebnitz, junto ao mosteiro, mas não dentro dele, e vestiu o hábito das religiosas, sem professar, a fim de conservar a liberdade de socorrer os pobres com seus bens. Enfrentou com admirável paciência a morte do Duque Henrique, seu marido, ocorrida em 1238, e consolava as religiosas de Trebnitz, consternadas com aquela perda.
De tal forma praticava a abstinência que não comeu carne durante quarenta anos aproximadamente, dissesse o que dissesse, através de pedidos ou de censuras, o Bispo de Bamberg, seu irmão, ao qual dedicava muito respeito e amizade. Até que Guilherme, Bispo de Modena e Legado da Santa Sé, tendo ido à Polônia, e encontrando-a doente, a obrigou, por obediência a comer carne. Costumava alimentar-se com peixe e laticínios aos domingos, terças e quintas; às segundas e aos sábados, com legumes secos; às terças e sextas, contentava-se com pão e água. Tinha suprimido de suas vestes não apenas os adornos e os requintes, mas a comodidade e o essencial, quase, só usando uma túnica e uma capa; andava descalça, com freqüência, não obstante o frio comum àquela região. Carregava consigo um cilício de crina e disciplinava-se até o sangue correr.
Suas preces eram longas, fervorosas e quase contínuas; costumava assistir várias missas por dia, sendo que a cada uma delas dava uma intenção, e finalmente recebia a imposição das mãos do sacerdote. Operou vários milagres e tinha o dom da profecia; prevendo a proximidade de sua morte, fez questão de receber a extrema-unção antes de adoecer. Enfim faleceu no dia 15 de Outubro de 1243. Determinada que seria enterrada no cemitério das religiosas, mas a abadessa, sua filha, não consentiu nisso e, contra o desejo por ela expresso, mandou colocá-la na igreja, na frente do altar principal.
As religiosas sofreram muitos aborrecimentos, tal como a santa predissera, por causa do grande número de pessoas que vinha rezar junto ao seu túmulo, no qual ocorreram numerosos milagres. Em vista disso, o bispo e os duques da Polônia, providenciaram junto à Santa Sé a canonização de Edviges, efetuada depois das informações de praxe pelo Papa Clemente IV, no dia 26 de Março de 1267. O Papa Inocêncio IX fixou sua festa no dia 17 de Outubro. (Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XVIII, p. 253 à 256)