Santa Inês de Montepulciano nos conta uma história de certezas, uma vida de perseverança. Isto porque, mesmo pequenina, contando apenas quatro anos, já não tinha dúvidas sobre sua vocação, seu chamado: queria ser religiosa, uma esposa de Cristo, consagrada totalmente à Santa Igreja.
Ao falecer, em 1317, Inês estava com um convento fundado, muitas filhas e discípulas trazidas pelo seu esforço, e muitas almas transbordando de gratidão pelos milagres e exemplos que concedera.
Como sermos mais como ela?
Inês, certa vez que passeava por uma colina de sua terra natal, foi atacada por um bando raivoso de corvos. Era um bando de demônios que girava pelas redondezas, pois ali perto havia uma casa de mulheres de má-vida. Pois bem, Santa Inês daria o troco no inimigo de Deus: o seu convento seria formalmente constituído destas mulheres, que, ouvindo a pregação e o ardor de Inês, a virgem de Montepulciano, se converteram e quiseram renegar sua vida pecaminosa. A casa de perdição foi destruída e o mosteiro foi construído em seu lugar.
Santa Inês recebeu também o dom das visões. Certa vez, estando na capela recitando suas orações, apareceu-lhe a Santa Virgem com seu Divino Filho nos braços. Com delicadeza, Nossa Senhora passou para seus braços o Menino Jesus. Inês não queria mais devolver o Deus-menino, e pediu a Maria Santíssima que a levasse junto. Mas ainda não era chegada a hora da Madre Inês. Esta, então, à guisa de lembrança, pegou a pequena correntinha que envolvia o pescoço do Menino. Nossa Senhora sorriu perante a atitude de Santa Inês, e a deixou, com o Divino Jesus lhe dando uma bênção.
Santa Inês recebeu de Deus muita atenção em suas preces. Desejou, com ênfase, dado a uma particular meditação que fazia sobre a vida de Nosso Senhor, que pudesse ter em suas mãos alguma relíquia da Terra Santa. Um anjo, então, em forma de ventania, levou até ela um pouco de pó da terra do calvário, salpicado de gotículas de sangue do Divino Mestre. Como se isso não bastasse, ela ainda recebeu um caco de barro de uma bacia que Nossa Senhora usou para banhar o Menino Jesus.
Seu poder de intercessão não tinha limites, pois Deus estava com ela. Livrou homens possessos de seus demônios, curou doentes apenas com suas visitas, ressuscitou uma vez uma criança que havia morrido afogado em uma terma medicinal.
Santa Inês possui, assim, perante nossa imaginação, aquela clássica vida de santo que opera abundante e milagrosamente. Não nos enganemos, porém, que todos os grandes lances de Santa Inês foram decididos em sua vida de piedade, que era assídua, e nos sacrifícios que fazia: antes de se tornar superiora, que aconteceu quando tinha apenas 15 anos, já jejuava, dormia diretamente no chão frio e se alimentava somente de pão e água.
Num mundo de poucas certezas, onde tudo gira com velocidade surpreendente, como ser mais como Santa Inês?
São Tomás de Aquino, em seus escritos, nos dá uma resposta simples, mas poderosa: nós nos tornamos aquilo que admiramos. Afinal, é o próprio Jesus quem diz: “onde está o teu tesouro, aí está o teu coração”. Se nosso encanto está em ser como pessoas do mundo, eleitas pela moda da vez, seremos tão infelizes quanto eles.
Agora, se nossa admiração está posta nas coisas da fé, na vida da Igreja, nas maravilhas dos santos, como Santa Inês de Montepulciano, nos tornaremos como eles. Pode ser até que demore um pouco, mas, com certeza, nos transformaremos pela obra da graça.
Que a lição de admiração que Santa Inês de Montepulciano nos traz hoje fique gravada em nossos corações para sempre.