Em 1207, a rainha Gertrudes, esposa do rei André da Hungria deu à luz uma filha, que recebeu na pia batismal o nome de Isabel. Desde o berço, a menina deu provas do destino que Deus lhe reservara.
Os nomes consagrados pela religião foram as primeiras palavras que lhe impressionaram a atenção, os primeiros também que ela balbuciou, à medida que a língua se lhe desprendia. Quando pode desembaraçadamente falar, principiou a recitar orações. Prestava surpreendente atenção aos primeiros ensinamentos da fé que lhe ministravam, se bem que uma luz interior já lhe aclarasse aquelas santas verdades, que então, se concretizavam.
Com a idade de três anos, segundo afirmam seus biógrafos, era toda ela ternura e compaixão pelos pobres, esforçando-se por suavizar-lhe com presentes, a miséria. Do berço, saíram-lhe a primeira esmola e a primeira oração.
Pesarosa, via as guerras que se alastravam na Hungria. Quando cessaram, à volta da tranqüilidade, o rei André viu, satisfeito, que as violações da lei de Deus, os excessos, as blasfêmias iam sendo menos freqüentes, e a princezinha alegrava-se.
O duque da Turíngia, um belo dia, pediu a jovem princesa em casamento, para o filho, o duque Luís. Isabel foi, assim, educada na corte da Turíngia desde a idade de quatro anos. Desde então, todos os pensamentos, todas as emoções pareciam estar concentrados no desejo de servir a Deus e merecer o céu.
Todas as vezes que podia, entrava na capela do castelo, e lá, deitando-se ao pé do altar, abria um grande saltério, embora não soubesse ler. Olhava-o terna, demoradamente, como que adivinhando o que continha e elevando o pensamento para o céu, ficava tempo enorme a rezar, em recolhimento precoce para a meditação.
Quando brincava com as companheiras, tudo fazia para que, sem perceberem, se encaminhassem à capela. Se sozinha, encontrando-a fechada, ternamente beijava a porta, a fechadura, os muros exteriores, por amor de Deus, que lá dentro repousava.
Em todos os brinquedos era o pensamento de Deus que dominava. Esperava ganhá-lo um dia, porque dava aos pobres tudo aquilo que lhe davam, impondo-lhes a recitação dum determinado número de Padre-nossos e Ave-Marias. Desejava sempre estar próxima de Deus, e, quando achava que já fazia algumas horas que não rezava, porque com as companheiras, inventava:
- Atiremo-nos ao chão, e vejamos quem mais tempo ficará com a respiração suspensa.
Assim, por terra, aproveitava-se para dirigir-se a Deus com um rápido Padre-nosso, uma curta jaculatória ou uma Ave-Maria.
Quando moça, já esposa e mãe, deliciava-se em referir aqueles inocentes ardis da infância.
Quase sempre também, conduzia as amiguinhas ao cemitério, E, dizia-lhes:
- Lembrai-vos que um dia nós também não seremos mais nada aqui na terra.
Aproximava-se do ossário, chamava-se as companheiras e dizia, apontando os ossos que lá branqueavam:
- Eis os ossos dos mortos.Esses ossos pertenceram a pessoas que foram vivas como nós, e agora estão mortas como um dia também estaremos.
Contemplava aqueles restos, com tristeza, e propunha:
- Vamos, ajoelhemo-nos que e rezemos. Repeti comigo: "Senhor, por tua morte cruel e por tua Mãe Maria, dá paz às pobres almas".
Diz um autor que, lá do cemitério, o grupo brincava, e que o menino Jesus frequentemente aparecia, saudava as crianças e com elas brincava também, Isabel, porém, quando as amigas contavam o fato, repreendia-as, proibindo-as de referir o que quer que fosse.
Quando não brincava, procurava aprender o maior número possível de orações. Tudo aquilo que lhe falasse de Deus e da santa lei lhe era caríssimo. Propusera-se recitar determinado número de orações por dia, e enquanto não se desincumbisse do proposto voluntariamente, não se deitava. Sentia já que grande era o prêmio conferido à modéstia e ao decoro, de modo que arranjava o véu de tal maneira, que se lhe viam o menos possível, os traços infantis.
A caridade sem limites, que mais tarde devia identificar-se com a própria vida, já lhe inflamava a alma predestinada. Distribuía todo o dinheiro recebido dos pais adotivos, ou o que deles conseguia arranjar sob qualquer pretexto. Todos os dias, invariavelmente pela tardinha, ia às cozinhas do castelo em busca do que sobrara e, com cuidado, levava o que conseguia colher aos pobres esfaimados, que se haviam acostumado a esperá-la. Com pães, roscas, doces, carne, que lhes matava a fome, abençoavam-na, retiravam-se mais aliviados e com a alma em festa. Tais incursões nas cozinhas não era muito do agrado de copeiros e cozinheiros e, não raro, quando Isabel aparecia, fechavam a carranca.
Era costume, naqueles tempos, que as princesas e as jovens da nobreza tirassem a sorte entre os santos apóstolos para ter um deles como padroeiro especial. Isabel, que já havia escolhido a santa Virgem como protetora e advogada suprema, nutria veneração incomum por São João Evangelista, por causa da pureza virginal, da qual o apóstolo era o representante inconteste. Com ardor, pôs-se a suplicar a Nosso Senhor.
- Ó Jesus meu, fazei que a sorte caia em vosso apóstolo João!
Humildemente, foi ter com as companheiras e, com elas, à eleição.
Para a sorte, procedia-se da seguinte maneira: levavam-se ao altar doze velas, nas quais iam escritos os nomes dos apóstolos, um em cada uma; lá eram misturadas. Em seguida, as postulantes, cada qual por sua vez, ao acaso, tirava uma das velas.
Isabel, como princesa, foi a primeira. Colheu uma das velas. Era a que levava o nome de São João Evangelista. Satisfeita quis repetir a prova, para ver se o santo apóstolo, devia mesmo ser o padroeiro que Deus lhe daria. E não só mais uma, mas uma terceira vez, sempre colheu a vela que trazia o nome do apóstolo venerado pela pureza.
Vendo-se recomendada ao bom apóstolo, por uma especial manifestação da Providência, sentiu crescer por ele a devoção que já era grande, e foi fiel ao culto que se propôs render-lhe por toda a vida. Tudo aquilo que lhe pedissem em nome de São João não se recusava fazer.
Tal foi a primeira infância e juventude de Isabel. Em meio às graças que Deus lhe conferia, enviava-lhe também aflições que, segundo ela dizia, não deixavam de ser graças.
Aos seis anos, perdeu a mãe. Gertrudes, que morreu vítima do amor pelo marido: quando conjurados procuraram matar-lhe o esposo, pôs-se-lhe à frente, para que lhe desse tempo de fugir dos golpes do inimigo.
Aos nove, morreu o pai daquele a que fora prometida, o landegrave Herman, e tudo ficou diferente. Herman tratava-a como tratava a própria filha e não queria que ninguém pusesse obstáculo às práticas religiosas da protegida. Amava-a justamente pela precoce piedade. Com a duquesa-mãe e a filha, sofreu muito, escarneciam da vida modesta e piedosa que Isabel levava. Com efeito, a princesa vivia um tanto afastada da sociedade das jovens condessas e das nobres damas que lhe haviam dado companhia, porque procurava a das mocinhas humildes, filhas dos burgueses de Eisenach, e mesmo a das jovens que no castelo lhe prestavam serviços. Os insultos que recebia faziam-na mais doce, e mais, então, procurava companhia dos humildes.
Nunca, no coração de Isabel, morou o orgulho ou qualquer sentimento de amor próprio, nem mesmo a impaciência fora-lhe característica. E quanto mais injusta sofria, mais ligada a Deus ficava, como que fugindo das misérias do mundo. Amava-os mais, e mais se esforçava em servi-lo. "Como flor entre os espinhos, diz um biógrafo, a inocente Isabel floria e resplandecia em meio à animosidade, espalhando por toda a parte o doce e fragrante perfume da paciência e da humildade. (...)
Crescendo a caridade de Santa Isabel da Hungria sempre, em meio a provas de toda a espécie, Deus concedeu-lhe a graça de não só servir os pobres pelas mãos, mas também por meio de milagres.
Não deixava um só dia de ir visitar os pobres doentes no hospital, e isso duas vezes por dia, para saber do andamento das doenças e para consolá-los, encorajá-los, levar-lhes o de que necessitavam e os víveres que lhes destinava.
Um dia, ao entrar no hospital, viu um menino deitado na soleira da porta, estropiado e disforme, estendido e sem movimento. Era um pobrezinho surdo-mudo, cujos membros, tortos por uma moléstia cruel, não lhe permitiam andar senão de quatro, como animal. A mãe cansada dele, levara-o ao hospital e lá o abandonara, na esperança de que a boa duquesa, como chamavam a Santa Isabel, dele se apiedasse, e o acolhesse.
De fato, logo que o viu, olhou-o Isabel com ansiedade, toda penetrada de dor. Abaixou-se para o pobrezinho, acariciou-lhe os cabelos sujos e revoltos e perguntou-lhes:
- Onde estão teus pais, pobrezinho meu? Quem te deixou aqui?
Como o menino era surdo-mudo, e, pois, não a entendia, Isabel repetiu, mais docemente:
- De que sofres tu, filhinho? Não me respondes, não?
O menino olhou-a com ansiedade, silenciosamente, de olhos arregalados. E Isabel, desconhecendo-lhe a mudez e a surdez, julgando-o possuído do demônio, sentiu-se ainda mais penetrada de dor. Ergueu-se, resoluta, e em voz alta, muito alta e muito clara, disse:
-Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, eu te ordeno, a ti ou a quem em ti estiver, que me responda donde vens!
No mesmo instante, num abrir e fechar de olhos, o menino endireitou-se, ergueu-se, todo ereto, diante dela. Soltou-se-lhe a língua, e respondeu:
- Foi minha mãe que aqui me deixou.
E, desembaraçadamente, contou à santa que sempre fora disforme, nunca ouvira nem falara em toda a vida, a não ser naquele momento em que ela lhe ordenara, em nome de Nosso Senhor. E continuou:
- Endireitaram-se-me os membros, sinto-me forte, ouço tudo o que me dizem e falo palavras que jamais aprendi de ninguém.
De repente, caindo de joelhos, pôs-se a chorar um choro muito brando e docemente soluçado, em que se lhe ouviam palavras de agradecimento a Deus Todo-poderoso.
- Eu não conhecia Deus, dizia. Nem lhe sabia da existência. Todo o meu ser era morto. Não sabia o que era, não sabia. Agora sei o que é um homem, justamente o que eu, um dia, chegarei a ser. Não sou mais um animal, porque não passava dum animal: agora eu sei falar, seu falar de Deus. Bendita sejas tu, senhora, que obtivesse de Deus a graça que não me permitirá morrer como até o presente vivi.
A essas palavras, que de maneira tão tocante demonstravam as primeiras emoções daquela almazinha bem que Deus agira miraculosamente, por seu intermédio. Então, como fizera o menino, ela também caiu de joelhos e pôs-se a dar graças ao Senhor por aquele ser que vinha de salvar pela infinita bondade.
Terminando, disse ao pequeno:
- Agora volta a teus pais, mas vês, não digas nada do que te aconteceu. Dize apenas que Deus te socorreu. E, filho, ouve, guarda-te sempre de todo pecado mortal, não seja que Deus te faça retornar ao que eras. Lembra-te do que foste, e não te esqueças jamais de rezar ao Senhor. Reza por mim também, como rezarei, todos os dias, por ti. Vai. Que Deus, infinitamente bom, esteja contigo.
O menino, despedindo-se, saiu alegre como um passarinho na primavera.
Ao chegar em casa, o estupor da mãe foi sem limites, uma vez que o menino entrou, a chamar pelo nome dos pais.
- Quem te deu a faculdade de falar? Perguntou a mãe, atônita. Quem fez com que tu ouvisses, filho?
O menino, sorrindo, respondeu-lhe:
- Uma doce, muito doce senhora de roupa cinza ordenou-me que lhe falasse em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, e eu falei e respondi as perguntas que me fazia.
A mãe largou a correr pela rua, em direção ao hospital. Quem, senão a boa duquesa, lhe restituíra o filho completamente são?
Isabel, percebendo a mulher que lhe entrava pelo hospital, cheio de louca alegria, adivinhou a mãe do menino que Deus se dignara curar por seu intermédio, e fugiu, escondeu-se. E a fama de milagrosa, num instante, correu por todo o ducado, como o fogo num rastilho de pólvora.
Os pobres enfermos passaram a invocá-la com ardor, e o Todo-poderoso não negava manifestar-se.
Um dia, um homem muito doente, apareceu-lhe e pediu-lhe:
- Curai-me, boa duquesa, curai-me em nome do doce apóstolo São João!
São João! São João Evangelista, a pureza sem par, o padrinho que a acompanhava desde menina-moça!
Nem bem acabara de pedir pelo homem, e este sentiu-se curado. De joelhos, então ambos, entre lágrimas, agradeceram e louvaram a Deus e ao apóstolo.
Doutra feita, um pobre estropiado de pés e mãos, suplicou-lhe:
- Ó sol brilhante, ó mais bela entre as mulheres, eu sou de Reinhartsbrunn, lá onde teu marido repousa: pela alma de teu esposo, o bom duque Luís, vem em meu socorro, cura-me, sol inigualável!
Ao nome do marido, entristecida, comovida pela lembrança do doce e santo amor de dantes, Isabel deteve-se e olhou com infinita ternura aquele que assim o invocava. O suplicante, só com a luz do olhar da Santa, viu-se curado.
- Quão grande, quão poderoso, é o Senhor! Dizia ele, prostrado. Amado seja, por toda parte, o santo nome do Senhor!
Isabel costumava ir à igreja, anexa ao hospital, que ela mesma mandara erigir, por volta do meio dia. Era-lhe o melhor período. Podia dedicar-se livremente à oração, uma vez que, àquela hora, os fiéis, na maior parte, estavam em casa para o almoço.
Ajoelhada, a orar, viu um cego aparecer, a tatear, na igreja, com olhos abertos, como os de toda a gente, mas de pupilas murchas e vazias.
Isabel correu para ele e perguntou-lhe:
- Que fazes, assim sozinho, errando pela igreja?
O cego entreparou, respondeu-lhe:
- Queria encontrar a dama que consola os pobres, a boa duquesa, como a chamam.
-Que desejas dela?
- Pergunta-lhe coisas, tornou o cego, pedir-lhe uma esmolinha pelo amor de Deus. Mas, antes, quis vir a igreja rezar um pouco. Estava rodeando, para certificar-se de como é grande, conforme dizem. Ah, como gostaria de vê-la! Foi a boa duquesa que a construiu, sabes, não sabes: Quem não sabe?
Isabel, compungida, perguntou-lhe:
- Gostarias de vê-la?
- A duquesa?
- Não, a igreja.
- Oh, muito, respondeu o pobre, mas muito mais a boa duquesa, a mãe, a irmã da pobreza! Ah como é triste não poder ver as coisas, não poder ver o sol, os passarinhos, o céu ! Era menino, menino novo ainda, quando perdi a vista! Gostaria de trabalhar, de não depender dos outros. Os outros, os que vêem, ajudam-nos, mas cansam-se, aborrecem-se. Acho que com razão, não? Mas a boa duquesa não. Dizem que não se cansam que quanto mais ajuda os pobres, doentes, os estropiados, mais quer ajudar. Ah, a boa duquesa! E o pior, ouviste, é o pecado da inveja. Que inveja a gente tem dos que enxergam! É triste, muito triste, não ver! Quando junto de alguém, conversando, ainda vai, distrai-se, mas quando se fica sozinho, ah, é triste, muito triste sabes? Chora-se, chora-se muito!
Isabel ouvia-o, emocionada.
- Talvez tenha sido para teu bem que Deus te enviou a cegueira, disse-lhe brandamente. Dizes que tens inveja dos que enxergam, e esse é o teu pecado: se enxergasses talvez pecasses muito mais.
- Oh, não, não! Retrucou o cego. Não pecaria, não! Com a ajuda de Deus, não! Viveria para o trabalho e seria alegre com ele. O trabalho é o maior dos derivativos.
A boa duquesa, vencida pela piedade, propôs-lhe:
- Ajoelha-te aqui e pede a deus que de devolva a vista. Vamos, eu rezarei contigo, pedirei por ti.
Àquelas palavras, o cego abriu a boca, adivinhando que estava na presença daquela que procurava. Caiu de joelhos, procurando achar-lhe a fímbria do hábito, a suplicar:
- Ó nobre e misericordiosa dama, tem piedade de mim! És a duquesa, não, a boa duquesa, a mãe, a irmã da pobreza infeliz, não és? Oh, tem pena de mim!
Isabel pousou-lhe as mãos na cabeça e tornou a pedir:
- Reza a Deus, pede-lhe que te devolva a luz aos olhos. Tem confiança em Deus, e pede-lhe sem receio. Deus é misericordioso e infinitamente bom e poderoso.
Ela também se ajoelhou e orou com fervor.
Imediatamente, a vista foi restituída ao cego. Os olhos da bondade celeste vieram encher as órbitas ocas, vazias do pobre homem.
Aturdido, estonteado, levantou-se e deu com a Santa.
- Senhora! Exclamou. Louvado seja Deus! Eu vejo! Eu vejo tudo muito claramente! Oh, Deus do céu, eu vejo, vejo tudo! Principalmente a ti, ó boa duquesa!
A piedosa princesa, que sabia unir sempre a prudente solicitude de mãe cristã à caridade, disse-lhe:
- Agora que enxergas, que tudo vês, cuida de servir a Deus e de evitar o pecado. Trabalha, sê homem honesto, humilde e leal em tudo.
Santa Isabel da Turíngia, ou da Hungria, adoeceu em meados de novembro de 1231. Três dias depois, recebeu a extrema-unção e o santo viático. Perto da meia-noite desse mesmo terceiro dia, o rosto ficou-lhe tão resplandecente que quase se tornava impossível ficar-lhe os olhos. E, ao primeiro canto do galo, disse:
- Eis a hora em que Jesus nasceu de Maria. A hora em que os humildes foram os primeiros a ir adorá-lo. Ah, a estrela que guiou as gentes! Que estrela maravilhosa, como igual não há! Eis a hora em que soou a trombeta do resgate, pela garganta do galo. Que galo lindo e imponente seria aquele que primeiro cantou naquela noite maravilhosa! Oh, Jesus, que resgataste o mundo! Oh, Jesus, que regataste também a mim!
A boa duquesa estava alegre e feliz.
- Que fraqueza! Continuou. Mas não sinto dor alguma! Oh, não sinto nada! Dir-se-ia que nem doente estou!
Estava inflamada, toda inflamada pelo Espírito Santo.
Tentando soerguer-se no leito, exclamou, alto:
- Maria! Oh, Mãe! Vinde em meu socorro!
Tornou a deitar a cabeça no travesseiro e continuou:
- Chega o momento em que Deus convida os amigos para as núpcias... Oh! O Esposo vem em busca da esposa!
E, em voz muito baixa, ciciante, disse as últimas palavras:
- Silêncio!.... Silêncio!....
A cabeça pendeu-lhe doce, docemente. Era como se, placidamente, dormisse.
Era a noite de 19 de novembro de 1231 e Santa Isabel desaparecia com apenas 24 anos de idade.
Para satisfazer a devoção do povo que afluía de toda parte, deixaram exposto o corpo na igreja durante quatro dias inteiros, depois do que foi enterrado na capela dum dos hospitais que ela construíra. Muitíssimos milagres, então lhe atestaram a santidade.
Em 1235, pelo Papa Gregório IX, foi Santa Isabel da Turíngia ou da Hungria, solenemente canonizada.
(Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XX, p. 127 à 153)