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Santo do Dia


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Santa Marina da Bitínia, virgem e monja - Data: 17 de Junho 2022
 
 
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Por que Deus presenteia seus amados com sofrimento?

monjasA história de Santa Marina de Bitínia tem tanto de novelesca como surpreendente. Acusada de um crime que era impossibilitada de praticar, Santa Marina se tornou o opróbrio da comunidade. Como esta mulher, que sabia ser inocente, teve força para suportar tais insultos e punições? E, talvez mais obscura, levanta-se uma pergunta ainda mais inquietante: por que Deus age assim?

O disfarce e a entrada no mosteiro

Santa Marina nasceu no ano 700, ainda na virada do século VII para o VIII. Alguns estudiosos a situam no século V, pairando uma certa incerteza da data exata. De qualquer modo, ao vir a este mundo, sua mãe faleceu. Ficou ela só com seu pai, que a amava ternamente. Porém, o pai se consumia de luto pela mulher que perdera, culpando-se da morte e desejando fazer alguma penitência pela esposa. Apesar de amar Santa Marina paternalmente, quando esta fez 14 anos anunciou que a deixaria para ingressar em um mosteiro eremítico, onde levaria uma vida de solidão e oração.

Marina, que tinha muito afeto por seu pai, não queria deixa-lo. Desejosa também de se entregar ao Senhor, bolou um plano audacioso: ela se disfarçaria de homem e seria também um noviço como ele. Assim, ela não precisaria suportar a dor da separação e poderia se dedicar a virgindade, que já era seu desejo.

Diante do superior do mosteiro, com os cabelos cortados rentes à cabeça, com uma túnica larga e poída e a cabeça baixa, em sinal de humildade, Marina se apresentou com seu pai. O abade achou levemente estranho a moça, agora um rapaz chamado Marino, não ter barba, ou ter um aspecto muito franzino. Mas, sabendo ser muito novo e, segundo o pai, que afirmava que seu “filho” se penitenciava desde cedo, por isso mantinha uma estrutura corporal pequena, aceitou os dois.

Para Marina, o disfarce era convincente na medida necessária. A vida de monge, naquelas épocas, tanto como algumas ordens religiosas de hoje, prescrevia silêncio, oração e contemplação, o que não implicava ela em usar sua voz ou a força do seu braço, o que poderia ter-lhe revelado. Por isso, durante três anos, o monge “Marino” foi absolutamente feliz ao lado do seu pai na meditação e na prática da vida religiosa. Ao final deste período, seu pai adoeceu e faleceu no Senhor. Marino ficou muito triste, mas não quis abandonar esta vida de religioso: continuou a viver por lá, o que planejava até falecer.

A calúnia que leva ao final da vida

Certa vez, o abade, como era de costume, enviou alguns monges para uma estalagem onde passavam a noite para pedir esmolas e alimentos ao mosteiro. Marino foi um dos quatro, e foi tranquilamente, encomendando ao Senhor seu segredo. Porém, chegando lá, a filha do hospedeiro, que tinha engravidado de um soldado, com medo de revelar ao pai a verdade, acusou o monge Marino de estupra-la, e por isso engravidá-la. Dito isso, os monges contaram ao abade que expulsou o monge Marino do mosteiro, além da moça lhe deixar seu bebê para cuidar após este nascer.

O monge Marino, ou Santa Marina, sabia ser a única incapaz de ter engravidado uma moça. Mas ela manteve o segredo, ansiando ainda viver no mosteiro. Aceitando ser a criminosa e ainda criando o pequenino, ela se postou em uma propriedade perto do mosteiro, trabalhando com o que podia fazer e mendigando para sobreviver.

Os seus irmãos de vocação notaram o quanto o monge Marino se esforçava para “pagar” seu pecado e pediram que ele fosse aceito novamente no mosteiro. Tendo concordado, o superior falou com a moça da hospedaria, que aceitou cuidar do bebê que tinha parido, e aceitou de volta o monge Marino. Porém, para não deixar o tal ato impune, o monge Marino seria incumbido das tarefas mais servis, para que pagasse o pecado da carne. Novamente se sabendo inocente, Marino fazia seus trabalhos com uma alegria única, pois pôde voltar ao convívio dos seus irmãos religiosos.

Os esforços que fez quando cuidava do menino, fora todas as penitências que fazia, cobraram seu preço: om aproximadamente vinte e cinco anos, o monge Marino adoeceu, falecendo em seguida. Ao preparar o seu corpo para o embalsamento, o monge superior descobriu seu segredo: Marino era na verdade Marina! A comunidade ficou sabendo e, entendendo que ela não podia ter cometido o crime de engravidar a moça, choraram por tê-la tratado tão duramente.

A pergunta final que Santa Marina nos faz

A vida de Santa Marina da Bitínia é tocante ao ponto de enternecer o coração mais gélido. A moça, aceitando o fardo de criminosa, conquista seu lugar no Céu, mesmo tão rejeitada por seus companheiros, que, sem culpa por não saberem seu segredo, não quiseram ser coniventes de um crime de estupro. Por que Santa Marina não falou a verdade, não se revelou? Podemos achar que foi apenas para continuar a vida de religiosa em meio a seus irmãos de fé queridos, mas este não parece o real motivo. De algum modo, Santa Marina entendeu que Deus queria essa provação dela, e que a resposta certa era se deixar crucificar.

E aí chegamos à grande questão: porque o Senhor quereria isso para uma serva tão fiel quanto Santa Marina? Já não bastava ela ter se humilhado para se disfarçar, e viver assim por toda sua existência?

Quem nos responde é São Paulo: “Cristo fez-se obediente até a morte, e morte de cruz". Não bastava ser até a morte? Não. Era preciso ser morte de cruz. Pois a seus amigos, a seus amados, Deus dá de presente o sofrimento. Por que Ele sabe que aquele que vence sem dor, triunfa sem glória.

Portanto, é preciso que nós saibamos: se somos cristãos, Deus no dará uma cruz. E, para essa hora, já devemos pedir agora à Nossa Senhora, aos santos, a Santa Maria de Bitínia: força e fé para ficarmos e aguentarmos até o fim. Afinal, foi assim com Jesus, que suportou tudo. Porém, na Ressureição, triunfou como ninguém havia triunfado. Coitado de César, de Marco Polo, do maior Rei da Terra! A ressurreição de Nosso Senhor ofusca qualquer conquista. E, se formos fiéis, participaremos dela, pois também participamos de seus sofrimentos.

Cf. s. Marina de Bitinia - Informações sobre o Santo do dia - Vatican News

 
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