Santa Marta, cujo nome significa senhora, pertencia a mais rica família de Jerusalém. Possuíam castelos em Betânia, Magdala e um enorme terreno junto ao templo de Jerusalém. Após a morte de seus pais, Marta e Lázaro permaneceram no castelo em Betânia enquanto Maria foi administrar o castelo em Magdala, por isso tornou-se conhecida com o nome Madalena.
Marta e sua família tornaram-se amigos muito próximos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Quando passava pela região, Nosso Senhor se hospedava com essa dedicada família. Marta, extremamente zelosa, cuidava com grande esmero das estadias de Cristo, preparando com extremo amor e cuidado todas as coisas da casa e servindo com filial ternura o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
Após a Ascensão, Santa Marta com São Lázaro e Santa Maria Madalena, sendo a família mais influente de Jerusalém, recriminava em público os fariseus e chefes do povo por terem rejeitado e morto ao Messias, convertendo muitas pessoas e gerando grandes problemas para os inimigos de Cristo.
Os três irmãos passaram a ser perseguidos, mas não se intimidavam diante das ameaças. Os chefes do povo e os fariseus, vendo os frutos das pregações, não puderam mais suportar a situação, prenderam os três, os colocaram em um barco à deriva e soltaram em alto mar para que morrendo cessassem de vez os seus trabalhos.
Quis a Divina Providência que esse barco condenado ao fundo do mar viesse aportar em Marselha na França, para que aí começassem sua evangelização.
Santa Marta tornou-se missionária na região de Provença e muitos se converteram ao cristianismo. Depois, tendo reunido nesse lugar uma multidão de religiosas e construído uma grande basílica em honra da Bem-aventura Virgem Maria, levou uma vida austera. Santa Marta morreu aos 65 anos atacada por uma grande febre.
A devoção a santa Marta difundiu-se muito e a Igreja passou a celebra-la como a Padroeira dos Anfitriões, dos Hospedeiros, dos Cozinheiros, dos Nutricionistas e Dietistas.
A legenda áurea nos conta alguns fatos a respeito de sua vida missionária: naquele tempo, vivia nas margens do Ródano, num bosque, entre Arles e Avinhão, animal que era maior do que um boi e mais comprido que um cavalo, com dentes afiados como espadas, e protegido de ambos os lados por escamas como escudos; escondia-se no rio, matava todos os transeuntes e fazia naufragar os barcos. Marta, a pedido do povo, foi procurá-lo e encontrou-o no bosque. Atirou água benta sobre ele e mostrou-lhe uma cruz.
Em seguida, vencido e parado como uma ovelha, Santa Marta atou-lhe o seu cinto e ali mesmo foi morto pelo povo com lanças e pedras. Os naturais dessa região chamavam Tarascurus, um dragão; por isso em sua memória, aquele lugar ainda se chama Tarasconus (hoje Tarascon), em vez de Nerluc, que significa “lago negro”, porque os bosques eram sombrios e escuros.
Uma vez, quando pregava junto de Avinhon, entre a cidade e o rio Ródano, um jovem que estava além do rio queria ouvir suas palavras, mas não tinha barco; começou a nadar, mas foi levado pela força da correnteza e logo morreu afogado. Encontraram o seu corpo ao segundo dia e colocaram-no aos pés de Santa Marta para que o ressuscitasse. Ela se prostrou no chão de braços abertos em cruz e orou assim:
– Senhor Jesus Cristo, que outrora ressuscitou o meu querido irmão, olha, ó meu Hóspede Caríssimo, para a fé dos circunstantes e ressuscita este rapaz.
Pegou-lhe na mão e ele imediatamente ressuscitou, recebendo o santo batismo.
Santo Eusébio conta no livro quinto da História Eclesiástica que uma mulher que sofria de um fluxo de sangue, depois de curada, foi para o seu jardim e fez uma estátua parecida com Nosso Senhor Jesus Cristo, reverenciando-a com muita frequência. Mas cresceram as ervas, até então destituídas de qualquer virtude, e ficaram com tal poder que, daí em diante, curaram muitos enfermos. Santo Ambrósio diz que essa mulher fora precisamente Santa Marta.