Amábile Lúcia Visintainer, a Santa Paulina, deu testemunho de uma vida de santidade e ajudou na elaboração da história da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Além disso, por todos os lugares por onde passou, Madre Paulina deixou um legado de fé e de esperança. Porém, tendo se completado neste ano 70 anos de sua morte, quais as lições que esta santa tem a nos comunicar?
Santa Paulina nasceu no dia 16 de dezembro de 1865, em Vígolo Vattaro, em Trentino Alto Ádige, no Norte da Itália, e recebeu o nome de Amábile. Imigrante italiana radicada no Brasil desde os nove anos de idade, Santa Paulina adotou o Brasil como sua pátria e os brasileiros como irmãos. Ela se estabeleceu na localidade de Vígolo, na cidade de Nova Trento, em Santa Catarina. Desde pequena ajudava na vida pastoral e social da paróquia de Nova Trento.
No dia 12 de julho de 1890, com sua amiga Virginia Rosa Nicolodi, ela deu início à Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Quatro anos depois, as duas e mais uma terceira irmã se transferiram para a cidade de Nova Trento, onde receberam em doação um terreno e uma casa de madeira, que hoje é um centro de encontros. Em 1903, a santa deixou Nova Trento para cuidar dos ex-escravos idosos e crianças órfãs, em São Paulo.
Em 1909, a Congregação começa a crescer nos Estados de Santa Catarina e São Paulo, e com isso as irmãs assumem a missão evangelizadora na educação, na catequese, no cuidado às pessoas idosas, doentes e crianças órfãs. Em 1918, Santa Paulina é chamada a viver na sede Geral da Congregação. Ela morreu aos 77 anos, na Casa Geral em São Paulo, no dia 9 de julho de 1942, com fama de santa.
No dia 18 de outubro de 1991, Madre Paulina é beatificada, em Florianópolis, por João Paulo II. Após o segundo milagre atribuído a Santa Paulina ter sido comprovado, o pontífice a canonizou no dia 19 de maio de 2002, reconhecendo suas virtudes em grau heroico humildade, caridade, fé, simplicidade, vida de oração, entre outras.
Morreu Amabile. O que restou da Madre Paulina de 70 anos atrás?
Dela restou a certeza do que, naquele domingo de primavera de 2002, João Paulo II afirmou ao proclamá-la Bem-Aventurada: ela foi a "manifestação do Espírito Santo: consolador perfeito; doce hóspede da alma; suavíssimo refrigério".
Restou-nos a convicção de que ela viveu as virtudes da Fé, Esperança, Caridade e também as demais virtudes em grau heroico. Ficou a recordação de que ela foi irrepreensível na prática e observância dos votos religiosos - Castidade, Obediência e Pobreza. Restou na memória de todos que ela tinha profunda compreensão do valor da Cruz e que tudo ela sofreu com heroica resignação e por amor a Deus. Embora o sofrimento - físico e moral - tenha sido seu companheiro inseparável em todas as jornadas de sua vida.
De Madre Paulina ainda resta a lembrança de que ela teve uma alma, acima de tudo, profundamente contemplativa. Uma alma que dedicava muitas horas à oração, que rezava enquanto a comunidade das irmãs descansava. Dessa Veneranda Fundadora permanece a recordação de sua adoração constante ao Santíssimo Sacramento, de seu amor abrasado pelo Santo Padre e pelo clero e sua preocupação pelo triunfo futuro da Igreja desejando evangelizar o mundo inteiro. Permanece a recordação de seu amor entranhado à Imaculada Conceição da Santíssima Virgem.
Resta a certeza de que os milagres e graças alcançados por sua intercessão mostram que, diante de Deus, Madre Paulina foi fiel ao seu projeto de vida como filha dileta do Pai. Também nos ficou o legado de seu carisma plantado na alma de suas filhas e seguidoras: "Sensibilidade para perceber e disponibilidade para servir, especialmente aos irmãos mais necessitados". Este é o exemplo de toda sua existência que foi uma tradução prática do seu propósito fundamental: "Sou somente do meu Jesus, que tanto amo", "Quero ser vossa para sempre, ó Senhor, a última das vossas filhas, que quer ser sempre a última, para estar mais próxima de Vós, meu caro Jesus".
Por fim, após estas 7 décadas que almejam o seu centenário, legou-nos seu testamento que dizia: "Confiai sempre muito na Divina Providência; nunca, jamais, desanimeis, embora venham ventos contrários. Novamente vos digo, confiai em Deus e em Maria Imaculada; permanecei firmes e radiantes".