Antônio Maria foi o fundador da congregação dos Clérigos Regulares de São Paulo, conhecidos como Barnabitas. Nascido em Cremona em fins de 1502, foi Santo Antônio Maria Zaccaria um dos grandes a lutar pela restauração da Santa Igreja na Itália, antes do Concílio de Trento.
Órfão de pai em tenra idade, graças ao valor e à coragem da mãe, viúva aos dezoito anos, pôde estudar. Em Pavia, cursou filosofia e, em Pádua, medicina, em que se doutorou. Principiava, então, a rebelião contra Roma, comandada por Lutero.
Formado, de volta a Cremona, com vinte e dois anos, logo se sentiu Antônio Maria atraído para o rude trabalho de cuidar das almas. E, ao mesmo tempo que exercia a medicina, deu-se com todo o afinco à teologia. Na pequena igreja de São Vital, perto da casa em que vivia com a mãe, reunia alguns meninos e, muito docemente, principiou a ministrar-lhes aulas de catecismo. A pouco e pouco, foi-lhe invadindo a alma o desejo de somente procurar as coisas de Deus: em 1528, totalmente tomado por aquele afã, era ordenado padre.
Em 1530, estava em Milão. Ali, com dois jovens, aos quais se ligaria por sólida amizade, membros duma sociedade chamada da Sabedoria Eterna, Tiago Antonio Morigia e Bartolomeu Ferrari, Zaccaria iria lançar os fundamentos dos clérigos regulares, ou seja, de padres que teriam uma regra e votos, mas que não seriam monges nem irmãos, mas pregadores e administradores dos sacramentos. Que escopo primordial teve a congregação que triunfaria sem peias? Era um contra-ataque à propaganda luterana.
Em 1533, no dia 18 de Fevereiro, assinava o Papa Clemente VII um breve que aprovava a sociedade dos clérigos regulares, e, no ano seguinte, Antônio Maria dava aos irmãos o hábito de religião, que é o traje ordinário dos padres seculares. Paulo III, a 24 de Julho de 1535, nomeou-os clérigos regulares de São Paulo, clérigos que o povo logo passou a chamar paulinos.
Luísa Torelli, condessa de Guastalla, desde 1530 que agrupara em Milão algumas moças e senhoras para levar, por amor de Deus, vida singela e penitente. Aquelas moças e senhoras grandemente auxiliaram Zaccaria no mister que se propusera. Dali nasceram as Angélicas, outra fundação do santo médico. Estabelecidos mais tarde na igreja de São Barnabé de Milão, os paulinos começaram a responder pelo nome de barnabitas. Paulatinamente, crescia a congregação e, com as constituições revistas por São Carlos Borromeu, em 1537, assentou-se definitivamente.
Antônio Maria, na qualidade de fundador, era o superior geral. Morigia, porque o Santo queria levar mais longe o nome da sociedade, como missionário, eleito em 1536, tomou a seu cargo a administração. Em Vicência, Zaccaria adoeceu gravemente. Obrigado a voltar pra Cremona, abatido e fraco, encontrou a mãe alarmada, toda banhada em lágrimas. O Santo sorriu-lhe. Olhou-a muito ternamente:
- Ah! Doce mãe! exclamou. Não chores mais! Logo tu te alegrarás comigo na glória eterna, onde espero entrar agora!
No dia 5 de Julho de 1539, falecia o bom fundador, às três horas, justamente no momento em que iniciavam as vésperas da oitava dos santos Apóstolos. Ia-se para Deus com apenas trinta e seis anos. A causa da beatificação do pai dos barnabitas foi introduzida quando se assentava na Cátedra de Pedro o Papa Pio VI, em 1806. A heroicidade das virtudes foi proclamada em 1849, sob Pio IX, e, a 27 de Maio de 1897, era Antônio Maria Zaccaria elevado às honras dos altares, tendo o nome inscrito no catálogo dos santos. Célebre pelos milagres, veneram-lhe o corpo na igreja de São Barnabé de Milão.
Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XII, p. 205 à 207.