Euquério era de Orléans. Antes do nascimento, apareceu à mãe um anjo, anunciando-lhe o futuro do menino. Afilhado de Ansberto, bispo de Autun, dele recebeu a confirmação.
Euquério foi menino estudioso. Moço, dedicou-se ao estudo das Santas Escrituras e assimilou grandes conhecimentos de direito canônico. Meditavam principalemten, sobre matéria que se encontra nas epístolas de São Paulo, tais como: "O tempo é breve; resta que os que tem mulheres, sejam como se as não tivessem; e os que choram, como se não chorassem; e os que folgam, como se não folgasse; e os que compram, como se não possuíssem; e os que usam deste mundo, como se dele não usassem, porque a figura deste mundo passa" (1) Ou então; "Ninguém se engane a si mesmo; se algum dentre vós se tem por sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus, pois está escrito: Eu apanharei os sábios na sua própria astúcia" (2).
Foram tais meditações que o levaram a deixar o século, procurando as doçuras e a quietude do isolamento. Em Jumieges, abadia na Normandia, deu-se à vida religiosa. E por sete anos, trabalhando afincadamente para se aperfeiçoar, ali viveu apagadamente.
Ora, sucedeu que um dos seus tios, Suavarico, bispo de Orléans, faleceu, e o clero e os fiéis da cidade, unânimos, escolheram o santo para suceder-lhe naquela dignidade.
Euquério recebeu os que lhe transmitiram a notícia, com lágrimas nos olhos, apavorado com a escolha. Temeroso de enfrentar o mundo que deixara, recusou-se a aceitar o episcopado. Mas, grandemente instado por todos, mesmo pelos religiosos de Jumieges, acabou por se deixar levar. Recebeu a benção do bom abade que o governara, e partiu sob as vistas dos irmãos que lhe desejavam boa sorte. Sagrado bispo, Euquério passou a visitar as igrejas da diocese a sondar o clero, a evangelizar o povo. E, num instante, tornou-se querido de toda a população.
Como o demônio não descansa, o zelo, a pureza, a humildade, e a doçura do santo bispo despertaram a inveja de alguns mal formados, que o enredaram a Carlos Martelo, dizendo-lhe da instância com que Euquério procurava recuperar os bens da Igreja que haviam sido usurpados pelo Estado.
Exilado em Colônia, o santo bispo, pela paciência e sobriedade, conquistou a todos os corações, do clero e do povo, sentindo-se, entre eles, como se estivesse entre os seus diocesanos. De Colônia, Euquério foi transferido para Liége. E fixando-se na abadia de São Trond, ali ficou a cuidar da própria salvação, falecendo em 743.
Santo Euquério foi enterrado em São Trond, onde, então, numerosos milagres tiveram lugar: cegos recuperaram a vista, paralíticos passaram a fazer uso dos membros, desembaraçadamente, como se nunca lhes houvesse sucedido qualquer anormalidade, e muitos possessos se viram livres do domínio do demônio.
Houve diversas transladações do corpo de Santo Euquério, em 880, em 1045, em 1100, em 1167. Diz-se que em 1606, um osso de um dos seus braços foi concedido à Igreja de Orléans. (Livro Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume III, p. 339 à 341)