São Bernardino Realino, jesuíta italiano, era de Carpi, perto de Módena, onde nasceu no dia 1 de Dezembro de 1530. O pai, militar, servia sob um príncipe de Gonzaga.
Bernardino principiou os estudos em Carpi, continuou-os em Módena e finalizou-os em Bolonha, graduando-se em direito civil e em direito canônico.
Podestá de Feliizano, advogado em Alexandria, governador de Cassino, juiz em Castiglione, intendente do marquês de Pescara, acabou por se fazer jesuíta.
Com trinta e quatro anos, foi admitido como noviço no colégio de Nápoles. Era a 13 de Outubro de 1564. Ordenado Padre com trinta e sete anos, confiaram-lhe, de início, o cargo de mestre dos noviços, que levou até 1571. Pregava em diversas igrejas, e, querido pelo prelado Mário Carafa, foi enviado a Lecce, onde permaneceu quarenta e dois anos. Ali, pregava na catedral. Teve vida azafamada.
Visitava doentes, hospitais, prisões, fazia conferências, catequizava, evangelizava. Em breve era o homem de Lecce, que as famílias convidavam para almoçar ou jantar e gostavam de ter ao lado.
São Bernardino Realino amava muito particularmente os animais. Doía-lhe o coração quando via um passarinho aprisionado numa gaiola. Acercava-se, então, do dono, e negociava a ave. De posse do passarinho, ia-se-lhe a tristeza, e o soltava, atirando-o carinhosamente para o azul do céu, para a liberdade. Logo, porém, uma nuvem de tristeza ensombrecia-lhe o rosto: quantas avezinhas havia pelo mundo a viver encarceradas?
Pelo inverno, espalhava grãos e migalhas de pão pelo pátio da casa em que morava, e um bando de passarinhos visitava-o todos os dias. Sem cerimônia, pousavam-lhe pelos ombros, na cabeça, a pipilar alegremente, chegando mesmo a entrar no quarto de estudo do santo e a pousar sobre a mesa, os livros e os papéis. E Bernardino, muito admirado e desvanecido, agradecia ao Criador aquela bondade.
Em 1610, ficou quase cego, e, à medida que os anos iam avançando, foi-se tornando cada vez mais inválido, muito trôpego, muito acabado. Naquela época, coisa rara, concediam-lhe a comunhão diariamente.
Um dia, foram procurá-lo os magistrados da cidade. Encontraram-no muito abatido, desdormido, fraquíssimo, enterrado quietamente numa vasta poltrona macia. Oficialmente, suplicaram-lhe que tomasse sob sua proteção a cidade, para sempre. Bernardino, comovido, aceitou, e uma ata, ali mesmo, foi gostosamente redigida.
Pouco depois, Bernardino Realino vivia ainda, aqueles magistrados, compenetradamente, deram de pressionar o bispo para que abrisse um processo informativo para a futura canonização. Era a 15 de Dezembro de 1615. A 2 de Junho do ano seguinte, São Bernardino falecia, com oitenta e seis anos de idade. Fora grande amigo do bem-aventurado Carlos Spinola, martirizado no Japão, de São Roberto Belarmino, Doutor da Igreja, e de Santo André Avelino.
Beatificado por Leão XIII, no dia 27 de Setembro de 1895, foi canonizado pelo Papa Pio XII a 22 de Julho de 1947, juntamente com São João de Brito, jesuíta, mártir, e São José Cafasso. (Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XII, p. 137 à 139)