O Padre Charbel nasceu em 1828 na pequena aldeia de Bica-Kafra (Líbano). Desde sua infância se sentia atraído pelo divino. Não raro se afastava para o interior de alguma gruta, para satisfazer sua sede de Deus, entregando-se à oração. Não o seduziu a alegra companhia de seus colegas.
Ao completar vinte e três anos de idade, o jovem JOSÉ (seu nome de batismo) Makhlouf percebe que é já o momento de realizar seu sonho de ser monge na Ordem Libanesa Maronita. Deixa a casa, sem mesmo se despedir de sua mãe. Queria talvez poupar-lhe a dor da despedida. Recebido na Ordem, muda de nome, adotando o de CHARBEL (mártir do 2º século) Com isto revela sua resolução de esquecer o passado, tornando-se outro, diferente do que fora até então: quer morrer para o mundo a fim de viver para Deus.
Terminados os dois anos de noviciado, e admitido à profissão religiosa, que consiste no tríplice voto de castidade, pobreza e obediência, mudou-se para o Mosteiro de São Cipriano, em Kfafine, onde, por seis anos estudou teologia e filosofia. Aos trinta e um anos de idade foi ordenado sacerdote, na igreja de Bkerke, sede do Patriarca Maronita no Líbano, de onde voltou para o Mosteiro de São Macron, em Annaya, aí vivendo até os quarenta e sete anos de idade.
Na vida em comunidade, por melhores que sejam seus integrantes, sempre ocorrem incompreensões e, até, injustiças. Não se ouviu uma queixa dos lábios do Padre Charbel. Profundamente humilde, jamais se desculpou, quando injustamente repreendido. Antes, aceitara a repreensão, como se realmente a merecesse.
Sua vida sacerdotal de sacrifício, trabalho e contemplação o desligava cada vez mais das coisas do mundo, comunicando-se com seus companheiros de Ordem somente quando necessário, e exercendo o ministério espiritual junto aos habitantes das aldeias mais próximas apenas quando solicitado.
Apesar da rigidez da vida monástica, Padre Charbel desejava manifestações mais expressivas do seu amor para com Deus, obtendo para isto, licença para viver a vida eremítica no Êremo de São Pedro e São Paulo, situado nas imediações do mesmo mosteiro. Em 13 de fevereiro de 1875, aos 47 anos, Padre Charbel foi autorizado a viver como eremita. Viveu, então, mais vinte e três anos em um cômodo de seis metros quadrados, onde existiam um colchão de folhas de carvalho, uma lâmpada de azeite, um jarro de água, um prato de madeira, um banquinho e alguns livros. Dedicou-se à oração, à ascese, à penitência e ao trabalho manual.
Alimentava-se de cereais, legumes e água, fazendo apenas uma refeição por dia. Não comia nem das frutas que colhia da terra que ele próprio cultivava, impondo-se um regime de vida austero, com jejuns e vigílias, com atos de penitência, mortificação e contemplação.
Aos setenta anos de idade, em 16 de dezembro de 1898, o Padre Charbel foi atacado de paralisia, durante a celebração da Santa Missa, sendo obrigado a interrompê-la por duas vezes. Foi o início de sua agonia, que terminou com sua morte no dia 24 de dezembro de 1898.
Em dezembro de 1965, durante sua beatificação, o Papa Paulo VI disse: "grande é a alegria do Oriente e do Ocidente por este filho do Líbano, flor admirável de santidade, desabrochada na linguagem das antigas tradições monásticas orientais e venerada hoje pela Igreja de Roma". Ele foi canonizado em 9 de outubro de 1977.