Clemente Maria nasceu na Morávia no dia 25 de Dezembro de 1751, tendo sido batizado naquele mesmo dia, com o nome de João. Filho de modesto agricultor, perdeu o pai com sete anos, em 1758, e foi educado pela mãe, Maria Steer, piedosa mulher que lhe inspirou sentimentos da mais terna piedade.
Morto o pai, João principiou como ajudante de padeiro, em Zwain, onde viveu por três anos. Em 1771, passava o jovem a trabalhar com os premonstratenses de Bruck, cujo abade se propôs ensinar-lhe latim. Quando aquele bom homem, carinhoso com o discípulo, faleceu, João deixou o convento e foi viver como ermitão numa floresta, nas proximidades de Mulfrauen.
A força dum edito de José II, que vinha expulsar todos os ermitães do império, João, abandonando aquelas paragens, fez-se para Budwitz, ali aprendendo, num instante, a língua eslava. Conheceu então, Pedro Kunzmann, que ia fazer uma peregrinação a Roma, e o acompanhou.
De volta, pararam ambos em Tívoli, e o bispo Barnabé Chiaramonti, depois Pio VII, conhecendo as disposições dos moços João e Pedro, chamou-os para si e lhes revestiu com o burel dos ermitães, impondo-lhes ao mesmo tempo, outros nomes: João passaria a ser, desde aquele dia, Clemente Maria, e Pedro, Emanuel. Os dois viveram, então, seis meses numa solitária floresta, perto do célebre santuário da Madona. Foi ali que o desejo irresistível de trabalhar pela salvação das almas se apossou de Clemente Maria. E, abandonando a cela, demandou para Viena, onde queria preparar-se para o estudo do ministério sagrado.
Estudou ele, na Universidade de Viena, filosofia, fazendo-se amigo dum bom rapaz, Tadeu Hubl. Em 1784, Clemente Maria e Tadeu estavam em Roma. E, um dia, na Igreja de São Juliano, encantados com os padres da Congregação do Santíssimo Redentor, foram procurar o superior. E ao saber que aqueles padres trabalhavam pela salvação das almas mais abandonadas e que o fundador fora Afonso de Ligório, não titubearam.
No dia 19 de Março de 1785, Clemente Maria e Tadeu Hubl faziam profissão. No ano seguinte, estavam ordenados, prontos para, na pátria distante, implantar a congregação do Santíssimo Redentor. Chegados que foram a Viena, viram os mosteiros fechados por José II. Passaram, então, à Polônia, onde uma surpresa aguardava, na forma dum monge calmo e doce.
Atravessando o Danúbio, Hoffbauer deu com aquele monge. Olharam-se por um só instante. E, de braços abertos, chorando de alegria, correram um para o outro, era Pedro Hunzmann, ou antes o Emanuel dos dias do bom e santo bispo Barnabé Chiaramonti. Clemente Maria, entusiasmado, contou ao bom companheiro o que havia feito, e acabou por lhe dizer do desejo que tinha de fundar um convento no Norte. Emanuel, contaminado pelo entusiasmo do antigo amigo, solicitou sua admissão como irmão servente, uma vez que fora pedreiro.
Em Varsóvia, o núncio apostólico recebeu os três religiosos como se fossem enviados do alto, E disse: "Depois que os jesuítas foram suprimidos, milhares de pessoas ficaram sem padres que as confessassem, sem que lhes instruíssem os filhos, encaminhando-os nas vias do cristianismo. Perdem-se, perdem-se todos, e vós chegastes justamente a tempo para os salvar".
O rei, a pedido do Núncio, instalou os missionários em São Bennon, igreja nacional dos alemães.
Varsóvia, então, encontrava-se num estado deplorável, e a libertinagem, desenfreada, campeava. Clemente Maria, incansável, principiou a trabalhar. E rezava, porque tudo era dificílimo: - Senhor Jesus, se tu não vieres em nosso auxílio, devemos partir ou morrer. Naquele mesmo dia, em que o Senhor se dirigira com aquelas palavras, um desconhecido foi procurá-lo. E, em suas mãos, deixou grande soma de dinheiro.
Depois de um bombardeamento de Varsóvia, criou ele dois orfanatos. E as suas pregações, calando fundo da alma dos protestantes, levavam-nos a procurar a instrução, preparando-se para a abjuração. Uma outra missão surgiu em Mittau. Logo estabelecia o Santo duas outras: uma nas imediações de Varsóvia, El Ludkowa e outra em Radzumin. E Clemente Maria, sempre incansável, sempre ladeado dos bons amigos, trabalhava e trabalhava.
Contudo o Santo não devia ver o resultado de tão ingentes esforços, como dizia aos discípulos: "Os afazeres da congregação não se conformarão senão depois de minha morte. Tende paciência, pois que, assim que deixar escapar o último suspiro, tereis conventos em abundância."
São Clemente Maria pregou pela última vez em 1820, no dia 8 de Março. Estava, então, na Áustria. A 15, sob altíssima febre, recebeu os derradeiros sacramentos. Depois da ação de graças, dormiu um pouco. Quando acordou, a sorrir, disse os primeiros versos de um cântico favorito: "Tudo em honra de meu Deus!" Era meio-dia quando ouviu os sinos a dobrar. Exclamou aos que o assistiam: "Rezai! Angelus Domini!"
Os assistentes ajoelharam-se, rezaram as três Ave-Marias e, ao se levantar, Clemente Maria já se fora para sempre dentre eles. Pio VII, quando soube daquela morte, da perda imensa que o mundo cristão sofria, disse: "A religião perdeu, na Áustria, o principal sustentáculo".
Segundo a bula de canonização, o corpo de Clemente Maria Hoffbauer foi sepultado no cemitério de Santa Maria de Enzerdorf. O túmulo foi objeto de veneração e lugar de peregrinação. Ora, os redentoristas de Viena, desejosos de possuírem os preciosos restos do santo missionário, de tê-los ao pé de sua casa, transferiram-nos para a igreja de Santa Maria Scalaris, quanto, então, uma mulher, doente do peito e desenganada pelos médicos, recuperou a saúde.
São Clemente Maria Hoffbauer foi canonizado, solenemente em 1909, a 20 de Maio, por São Pio X.