São Faro, bispo de Meaux, era filho de Agnérico e irmão de Walberto, que foi bispo daquela cidade antes dele, de Burgondofara, ou Fara, e de Chagnoaldo, bispo de Laon.
Muito querido na corte do rei Teodeberto, foi escolhido para padrinho do futuro Clotário II, o qual, feito rei seguiu à risca os conselhos do Santo.
Com a esposa, São Faro levou vida edificantíssima. Resolvendo dedicar-se inteiramente a Deus, de acordo com a mulher, separaram-se. Ela foi para um mosteiro e ele recebeu a tonsura.
Morto o irmão Walberto, sucedeu-o no episcopado, surpreendendo o povo com a atitude e os milagres que operou. Tendo fundado em Meaux um mosteiro em honra da Santa Cruz, nele, quando faleceu, foi enterrado. A casa, então, passou a chamar-se de São Faro.
Foi durante o longo episcopado deste santo bispo que prosperaram as fundações da sua diocese. Erigidas por São Colombano, que fora grande amigo de seu pai, e pelos discípulos daquele decantado Santo, alçaram-se grandemente, tanto espiritual como materialmente.
São Faro faleceu por volta do ano de 670 e a sua vida foi escrita por Hildegário, também bispo de Meaux, mais ou menos em 870, mas nunca a editaram no todo.
Conta-se que, quando os saxões se revoltaram contra Clotário II, o rei Bertoaldo enviou àquele soberano uma embaixada, com a seguinte mensagem, que foi transmitida ironicamente:
- Vejo que tu não tens nem a força, nem a esperança de te sublevares contra o meu poder. Assim, quero usar de doçura, e te peço que venhas servir-me de guia nesta terra que não conheço!
Clotário, rubro de cólera, no mais terrível furor, quis, na hora, massacrar os que lhe falavam tão despudoradamente, mas Faro soube contê-lo, e os embaixadores foram poupados. Todavia, viram-se metidos na prisão. À noite, o santo bispo foi procurá-los, exortando-os a abraçar o cristianismo, para que, batizados, pudessem salvar a vida e, ao mesmo tempo, escapar à morte eterna, Ouviram-lhe os conselhos.
No dia seguinte, quando Clotário, decidia da sorte daqueles enviados de Bertoaldo, São Faro apareceu-lhe, dizendo-lhe que os prisioneiros não eram mais dos saxões e, tendo sido batizados por um fiel, vestiam agora os brancos trajos dos neófitos.
Clotário e os conselheiros ficaram admirados do acontecido, e os presos, cumulados de presentes, ganharam a liberdade.
O grande gesto de São Faro foi cantado pelas mulheres da cidade, numa canção que falava da sua clemência e na qual o honravam por ler, debaixo do incógnito, salvo os embaixadores de Bertoaldo.
(Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XVIII, p. 65-66)