Santo do Dia


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São José, esposo da Virgem Santíssima - Data: 19 de Março 2020
 
 
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São José, o esposo legítimo da Virgem Maria, é, neste sentido, o pai de Jesus, pai legal, pai adotivo, mas sobretudo, pai por afeição. Foi ele o primeiro homem a quem Deus revelou o cumprimento da grande promessa feita aos nossos primeiros pais, após a queda.

Promessa de graça e de misericórdia, renovada de geração em geração aos profetas e patriarcas; promessa aplicada pelo profeta Isaías à casa de Davi, atribuindo-lhe, desde então, grande glória: Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um Filho e chamá-lo-ão Emanuel, isto é, Deus conosco.

O anjo do Senhor lhe disse: "José, Filho de Davi, não receies ficar com Maria, tua esposa, Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus ou Salvador, dado que ele salvará o povo dos pecados". Tu lhe darás o nome de Jesus. Que glória para o humilde e casto José! São Jerônimo nos diz em seu livro contra o herético Helvídio que São José sempre foi virgem, e é sabido que, após ter-se unido à santa esposa, viveu sempre na mais perfeita continência. Por isso, justifica-se a intimidade que o céu lhe dedica.

Foi ele que Deus encarregou de cuidar do Divino Infante. Foi ele que o anjo mandou o levasse de Belém ao Egito, desde à Judéia, da Judéia a Nazaré. Como Jesus honrava o estremecido pai! Como Maria honrava o casto esposo! Que felicidade, que honra para ele morrer entre os braços de Jesus e de Maria!

Caminhada de São José na santidade

Como São José se tornou o que é? Ele era humilde, pobre, dócil, temente a Deus. Descendia da família real de Davi, porém vivia do trabalho de suas mãos. Vindo para a cidade dos pais, Belém, viu-se obrigado a morar em um estábulo, todavia, não se lamentou. O anjo lhe disse, durante a noite, que fugisse para o Egito. Levantou-se no mesmo instante. Os maiores mistérios lhe foram revelados. E o segredo foi guardado com fidelidade inquebrantável.

Como não devia amar a Jesus e a Maria! Venerava sua castíssima esposa como o templo vivo de Deus, do qual ele mesmo foi instituído guarda. Com que piedade terna não devia carregar nos braços o Menino Jesus, cobrindo-o de beijos, dirigindo-lhe os primeiros passos, recolhendo lhe as primeiras palavras. Oh! Quem poderá compreender a amizade recíproca desse pai e dessa criança!

Consideremos um pouco os principais acontecimentos da vida de São José.

A Santa Família morava, a princípio, em Nazaré, foi lá que Cristo foi concebido. Mas, segundo a profecia, deveria nascer em Belém. Como, pois, iria a profecia ser cumprida? Admiremos a Providência de Deus. O imperador romano, César Augusto, desejoso de saber o número dos súditos de seu império, ordenou fosse cada qual inscrever-se na sua terra natal. Como José era originário de Belém, para lá e dirigiu com Maria, sua esposa. Como a cidade fosse pequena e para lá acorresse enorme multidão, foram obrigados a se abrigarem em um estábulo. E foi nesse lugar que Jesus nasceu. Oh, que santa família a de Jesus, Maria e José. Sim, foi no estábulo de Belém que ela se tornou completa! Quem não ambicionaria a glória desse estábulo?

Os anjos do céu a proclamam. Glória a Deus no mais alto dos céus, diziam, e paz na terra aos homens de boa vontade. Anunciaram a boa nova aos pastores: Não temais, hoje vos nasceu um Salvador, que é o Cristo Senhor, na cidade de Davi. Eis o sinal pelo qual o reconhecereis. Encontrareis um menino envolto em faixas e deitado em uma manjedoura. Vinde, humildes pastores, vinde, sede os primeiros! E ei-los a contar a Maria e a José o que viram e ouviram. Maria e José se encheram de admiração e de alegria.

Depois dos pastores de Belém vieram os reis do Oriente, os magos. Ofereceram ao novo rei dos judeus ouro, incenso e mirra. Novo motivo de admiração por parte de José, esposo da Virgem. Iluminados pelo Espírito de Deus, viram nesses magos o cumprimento das profecias; viram as primeiras conversões dos gentios a Deus. E esses gentios somos nós mesmos. Desde então nos regozijamos pelos corações de Maria e de José.

Mas isso não é tudo. Quarenta dias após o nascimento do infante Jesus, São José o apresentou, com Maria, no templo, para oferecê-lo a Deus e resgatá-lo pelo sacrifício de duas rolinhas. Maria e José foram as pessoas que o ofereceram a Deus, no templo, ele, o Filho eterno e único de Deus, feito homem e vítima.

O santo velho Simeão o reconheceu, o abraçou, adorou e o proclamou, não apenas glória de Israel, mas Salvador de todos os povos, luz de todas as nações. Uma santa profetisa juntou seus louvores. Maria e José, seu esposo, se encheram de admiração. Simeão os bendisse e a Maria, mãe do menino, dirigiu estas palavras: "Este foi posto para ruína e para a ressurreição de muitos em Israel e como sinal de contradição. E tua alma será traspassada por uma espada, para que sejam descobertos os pensamentos de muitos, escondidos no fundo do coração". Essa espada, essas contradições, começarão imediatamente.

Após a partida dos magos e a apresentação no templo, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonho a José, esposo da Virgem Santíssima, e lhe disse: "Levanta-te, toma a criança e sua mãe e foge para o Egito e fica lá até que te avise, porque Herodes procurará o menino, para matá-lo." José levantou-se, tomou a criança e a mãe durante a noite e se retirou para o Egito. Lá ficou até a morte de Herodes; para que se cumprisse o que o Senhor tinha anunciado pelo profeta, ou seja: Do Egito chamei meu Filho.

São José, Esposo da Virgem, a tudo suporta

Se Deus nos tivesse encarregado do bem-estar da santa família, provavelmente, em seu lugar de fazê-la pobre, tê-la-íamos feito muito mais rica do que Abraão. Em lugar de fazer com que Jesus nascesse em um estábulo, ter-lhe-íamos dado um berço mais rico do que o de Salomão. Deus não pensou como nós, Não somente quis que a santa família fosse pobre, mas obrigou-a em um estábulo. As riquezas e os palácios, deixou-os para o malvado Herodes, que, ao invés de nisso encontrar felicidade, encontrou invejas, ódios e todas as paixões.

E isso não é tudo. Poder-se-ia esperar que a santa família fosse ao menos tranquila em sua pobreza. Mas, isso não se deu, porque teve de fugir em plena noite, como se fosse uma família de malfeitores. Atravessou os desertos e dirigiu-se para o Egito, país desconhecido, onde não havia outro recurso que a Providência e o trabalho das próprias mãos. Anjos do céu, cuidai destes pobres emigrantes!

E durante esse tempo, que fez Herodes! Matou as criancinhas de Belém e dos arredores. E não parou aí a mortandade. Matou o avô de sua esposa, o cunhado, a própria mulher e três filhos. Quis matar a si mesmo. Ordenou que, à sua morte, fossem mortos os principais chefes de família, para que nos seus funerais houvesse muito pranto.

O palácio deste homem malvado era feito de invejas, ódios, acusações de uns contra os outros, conspirações, assassinatos, envenenamentos. Era verdadeira imagem do inferno. Santa família de Jesus, Maria e José, preservai-nos, preservai-me de algo semelhante! Refugio-me no vosso seio. Dignai-vos receber-me, se não como criancinha, pelo menos como servo. Prefiro ser humilde na casa de Deus a habitar nos palácios dos pecadores.

Após a morte de Herodes, um anjo apareceu em sonho a José, no Egito, dizendo-lhe: "Levanta-se, toma o menino e sua mãe e volta para o país o de Israel, porque já não são mortos os que procuravam a alma da criança". José se levantou, tomou a criança e a mãe e voltou para a terra de Israel, Mas, sabendo que Arquelau reinava na Judéia, em lugar de Herodes, seu pai, temeu ir para lá. E, advertido em sonho por aviso divino, retirou-se para a Galileia. Lá chegando, foi morar em uma pequena cidade chamada Nazaré, a fim de que se cumprisse o que havia sido dito pelos profetas: "Será chamado Nazareno". Em hebraico, Notzer ou Notzri.

"Teu pai e eu, aflitos, te procurávamos"

José e Maria segundo o preceito da lei, não faltavam, todos os anos, às celebrações da Páscoa, no templo de Jerusalém. Levavam o filho querido junto, que percebia essa santa observância e talvez se deixasse instruir a respeito do mistério dessa festa, Ele já estivera nela antes de nascer; Ele era o fundo da desta, dado que era o verdadeiro cordeiro que devia ser imolado e comido em memória de nossa passagem para a vida futura. Mas Jesus, sempre submisso aos pais mortais durante sua infância, deixou um dia patente que sua submissão não provinha da fraqueza e da incapacidade de uma idade ignorante, mas de ordem mais profunda.

Escolheu, para cumprir esse mistério, a idade dos doze anos, quando se começava a obter capacidade de raciocínio e de reflexões mais sólidas, a fim de não parecer querer forçar a natureza, mas, antes, seguir-lhe o curso e o progresso. A subtração de Jesus, escapando à sua santa Mãe e ao santo José, esposo da Virgem e seu Pai, não é uma punição, mas um exercício. Não se lê que tenham sido acusados de tê-lo perdido por negligência ou por qualquer falta; é, pois, uma humilhação e um exercício.

Primeiramente, sentiram-se inquietos, depois tristes, pelo fato de não o encontrarem entre os parentes e os conhecidos entre os quais julgavam estar. Quantas vezes, se nos é permitido fazer conjeturas, quantas vezes o santo ancião deve ter-se mortificado, pelo pouco cuidado que tivera com o depósito celeste! Como não teria ficado aflita com ele a terna Mãe, como a melhor esposa que jamais existiu?

Os encantos do santo menino eram surpreendentes. É para admitir que todos os quisessem para si. E nem Maria nem José podiam deixar de crer que estivesse em qualquer grupo de viajantes, porque as pessoas da mesma região iam de Jerusalém em grupos, para se fazerem companhia. Assim, Jesus escapou facilmente e seus pais caminharam um dia sem se aperceberem da perda.

Voltai a Jerusalém. Não é entre os parentes nem entre os homens que se deve procurar Jesus Cristo. É na cidade santa. É no templo que o encontraremos ocupado com os assuntos de seu Pai. Com efeito, após três dias de procura laboriosa, quando tinha sido bastante pranteado e procurado, o santo menino se deixou encontrar no templo.

Estava sentado no meio dos doutores. Estes o escutavam e o interrogavam. E todos os que ouviam se admiravam de sua prudência e de suas respostas. Ei-lo, pois, de um lado, sentado com os doutores, como se ele mesmo fosse um deles e tivesse nascido para ensiná-los; e de outro, não o vemos dar lições expressas. Escutava, interrogava os que eram reconhecidos como mestres em Israel, não juridicamente, por assim dizer, nem dessa maneira autêntica da qual usou mais tarde. Era, se podemos dizer, um menino, e como que desejoso de ser instruído. E por isso que foi dito que escutava e respondia, por sua vez, os doutores que o interrogavam; e se admiravam de suas respostas, menino modesto que era, doce e bem instruído, nele percebendo, como é claro algo de superior, de sorte que o deixavam tomar lugar entre os mestres.

São José, esposo de Maria Virgem, ficou admirados de encontrá-lo entre os doutores, aos quais causava espanto. O que assinala que estes não viam nele nada de extraordinário no comum da vida, porque tudo estava como que envolto no véu da infância; e Maria, que era a primeira a sentir a perda de um filho tão querido, foi também a primeira a lamentar-lhe a ausência.

E, meu filho, disse Ela, por que nos fizestes isso? Teu pai e eu, aflitos, te procurávamos. Notai: teu pai e eu.

Ela disse pai e, de fato, São José, seu esposo, o era, como já vimos; pai, não somente pela adoção do santo menino, mas ainda verdadeiramente pai pelo sentimento, pelo cuidado, pela doçura; o que fez como que Maria dissesse: teu pai e eu, aflitos. Iguais na aflição, porque sem ter tomado parte no teu nascimento, partilha comigo da alegria de te possuir e da dor de te perder. Todavia, mulher obediente e respeitosa, nomeia a José, seu esposo virginal, por primeiro: teu pai e eu, dando-lhe a honra de tratá-lo como se fosse pai a exemplo dos demais. (...)

Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-se das coisas de meu Pai? Eis a resposta sublime do menino. Teria com isso corrigido a Maria, por ter chamado a José de seu pai? Absolutamente. Ele lembra apenas a doce lembrança de seu verdadeiro pai, Deus, cuja vontade, assunto do qual quer falar, deve ser sua ocupação. A vontade do Pai era que lhe dessem então, uma amostra da sabedoria da qual estava pleno e que vinha declarar, juntamente com a superioridade como devia tratar os pais mortais sem seguir a carne e o sangue, seus superiores de direito, a eles submetido por deferência especial. (...)

São José, esposo virginal, parte para a eternidade antes da vida pública de Jesus

Compete esclarecer que, pelo que parece, (Jesus) perdeu José, esposo da Virgem Santíssima, antes do tempo de seu ministério. Por ocasião da paixão, deixou sua Mãe com o discípulo bem amado, que a recebeu em sua casa, coisa que não teria feito, se José ainda estivesse vivo. Desde o começo de seu ministério, vê-se Maria convidada com Jesus às bodas de Caná; não se fala de José, esposo da Virgem Santíssima e modelo de pai.

Pouco depois, vemo-lo em Cafarnaum, com sua Mãe, irmãos e discípulos. José não aparece. Maria aparece muitas vezes. Mas, depois de ter sido educado por São José, não se fala mais deste santo homem. E quando, no começo de seu ministério, Jesus Cristo vinha pregar em sua terra, dizia-se: Não é este o carpinteiro filho de Maria? Como ele, não nos envergonhemos pelo fato de o terem visto, por assim dizer, manter a oficina, sustentar com seu trabalho a Mãe viúva e levar adiante o pequeno comércio de uma profissão que garantia a subsistência de ambos.

Sua mãe não se chama Maria? Não temos entre nós seus irmãos Jacó e José, e Simão e Judas e suas irmãs? Não se fala de seu pai. Aparentemente, pois, já o havia perdido. Jesus o servira durante sua última doença. Feliz pai a quem tal filho fechou os olhos! Verdadeiramente, morreu-lhe nos braços e como que num beijo do Senhor. Jesus ficou para consolar sua Mãe, para servi-la. Nisso consistiu todo seu exercício.

Santa família de Jesus, Maria e José, ah, se todas as famílias vos fossem semelhantes! O céu começaria na terra! Não teríamos guerras, violências, injustiças, processos, ódios, Por toda parte reinaria a paz, a união, a concórdia, a caridade. Todos amariam todos em Deus e Deus em todos.

Livro Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume V, p. 141 à 155.
 
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