São Partênio, filho de um bom homem chamado Cristódulo, era originário de Melitópolis, Pouco conhecedor das letras humanas, era, em compensação, versadíssimo nas Escrituras santas.
Condoído com a sorte dos pobres, moço, fez-se pescador; todas as tardes, religiosamente, era visto pela cidade a vender o produto do trabalho diário, cujo apurado, totalmente, distribuía à pobreza.
Deus principiou a operar milagres por intermédio daquela santa alma, quando Partênio completou dezoito anos. Livrando do espírito impuro muitos possuídos pelo demônio, Partênio foi chamado pelo bispo de Melitópolis e feito sacerdote. Ordenado padre, ficou encarregado de visitar as ovelhas do rebanho do bom bispo. Foi numa dessas visitas que, encontrando-se com um cão raivoso, o matou tão somente, fazendo o sinal da cruz, diante do animal que lhe saltava ao pescoço, selvagemente.
O bispo de Cízica, Áscolo, fê-lo bispo de Lâmpsaco, lugar em que a população era quase totalmente pagã. Pelas orações e instruções, principalmente pelos milagres ali operados, o santo converteu a cidade inteira.
Um dia, determinando usar uma grande pedra que pertencera a um dos templos dos idólatras de Lâmpsaco, ordenou a transportassem para a igreja que fervorosamente levantava na cidade.
Entre os homens que se incumbiram da remoção da enorme peça estava um operário chamado Eutiquiano. Esse Eutiquiano, posta a pedra no carro, foi, em dado momento, escorregando, por-se debaixo das rodas. Amassado, morreu na hora. Quando Partênio soube do sucedido, ficou emocionadíssimo, e, atribuindo-o a uma investida do demônio, correu ao local do acidente, encontrando o homem morto. Ajoelhando-se-lhe ao lado, ergeu os olhos para o céu e dirigiu, a chorar, uma fervente prece ao Senhor.
Terminada a oração, Eutiquiano voltou à vida. Sentado, olhava para um e para outro, sem saber o que lhe havia sucedido.
Conta-se também de São Partênio que, em Hecléia, metrópole da Trácia, ao visitar o bispo Hipatiano, encontrou-o gravemente doente. No mesmo instante, por revelação divina, descobriu a causa do mal do prelado: a avareza.
- Tua doença, disse a Hipatiano, não te vem do corpo, mas da alma.
- Da alma? Fez o prelado debilmente. Mas como?
- Sim, confirmou Partênio. É a avareza que te corrói, pouco a pouco. E, se quiseres recuperar a saúde toda ela, restituiu a Deus todos os bens dos pobres, que conservas.
O bispo, chamado o ecônomo, deu-lhe ordens para distribuir à pobreza tudo o que ferrenhamente guardava.
- Não, tornou o Santo. Tu mesmo é que deverás fazê-lo.
- Mas, tornou o doente prelado, sinto-me sem forças. Como deixarei este leito, tão fraco estou?
- Não te sentirás fraco amanhã, sentenciou São Partênio, convictamente, Manda que, amanhã de manhã, toda a pobreza se reúna na igreja de Santa Glicéria e vai cumprir o dever.
Hipatiano, no dia seguinte, fez-se transportar para a igreja. E, à medida que se livrava dos bens que conservava, ia recuperando, milagrosamente, as forças que o haviam abandonado.
Três dias depois, estava toda a saúde de outrora. Quando São Partênio morreu, aquele bispo, em companhia doutros prelados, prestou-lhes os últimos deveres. (Livro Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume III, p. 95 à 97)