Santo do Dia


Santo do Dia


São Pascoal Bailão, Franciscano - Data: 17 de Maio 2019
 
 
Decrease Increase
Texto
Solo lectura
0
0
 
Buscar por dia

Navegue no Calendário Litúrgico ao lado e saiba mais sobre os santos de cada dia.
 
Escolha o santo deste dia

Na simplicidade, ele encontrou a salvação

São Pascoal Bailão, da ordem de São Francisco nasceu em 1540, em Torre Hermosa, pequeno burgo do reino de Aragão; seus pais, que ganhavam a vida cultivando a terra, eram extremamente virtuosos. Ele seguiu as primeiras pegadas, e parecia ter sugado o leite materno com máximas de piedade. A fortuna da família era muito limitada, para que o pudessem enviar à escola, e o piedoso menino supria a falta da seguinte maneira: levava consigo um livro quando ia guardar o rebanho no campo, e pedia a todos que encontrava a caridade de fazê-lo conhecer as letras.

O desejo que tinha de instruir-se foi tão vivo e sua intenção tão grande, que em breve soube perfeitamente ler e escrever. Não se servia dessa vantagem senão para aperfeiçoar o conhecimento da religião. Os livros de recreação pareciam-lhe insípidos; gostava dos que lhe relatavam as principais circunstâncias da vida de Jesus Cristo, e as ações dos que tinham imitado o seu exemplo. Apesar da extrema juventude, não encontrava prazer senão no que era sério e sólido.

São Pascoal Bailão lê Deus no livro da natureza

Quando saiu da primeira infância, mereceu elogios na qualidade de pastor. A vida tranquila e inocente que lhe proporcionaria tal profissão oferecia-lhe toda sorte de encantos. Cada objeto que se lhe apresentava aos olhos, servia para excitar-lhe a fé e devoção. Constantemente lia no grande livro da natureza, e por ele se elevava até Deus, a quem contemplava e bendizia em todas as suas obras. Valia-se, ainda, da leitura de livros próprios ao esclarecimento de seus deveres e a inspirar-lhe amor.

Seu mestre, que tinha piedade, demonstrou-lhe a alegria que sentia ao vê-lo levar a vida tão edificante, propôs mesmo adotá-lo como filho e fazê-lo seu herdeiro. Mas Pascoal Bailão, que não suspirava senão pelos bens do céu, temeu que os da terra fossem um obstáculo preferindo permanecer na primeira situação. Acreditava mediante ela adquirir a conformidade com o Salvador, que tinha vindo ao mundo, não para ser servido, mas para servir.

Viam-no frequentemente orar de joelhos, sob uma árvore qualquer, ao longe, enquanto o rebanho pastava nas montanhas. Foi um destes entretenimentos secretos com Deus, na prática da humildade e numa atenção extrema para purificar todas as ações de sua alma, que adquiriu a experiência consumada nas coisas espirituais, experiência que despertava admiração até nos mais perfeitos. Ninguém tinha mais razão do que ele para dizer com Davi: "Felizes os que vós instruis pessoalmente, ó meu Deus!"

Quando falava de Deus e da virtude, fazia-o com essa unção, essa luz, esse fervor de sentimento que o Espírito Santo comunica às almas inteiramente afastadas das coisas terrestres e que se consomem no amor divino.

"Senhor, quem é semelhante a Vós?"

Mais de uma vez aconteceu sobrevirem-lhe transportes durante a prece, e frequentemente não podia aos olhos dos homens a veemência do amor sagrado que o extasiava e fazia de certa forma a sua alma fundir-se pelos excessos das doçuras celestes. Experimentava em si próprio o que relatam muitos contemplativos, a saber: que a consolação comunicada às almas piedosas pelo Espírito Santo é infinitamente maior que todos os prazeres do mundo, mesmo que reunidos todos num só homem. Ela fazia, por assim dizer, dissolver o coração por um vivo sentimento de alegria, a ponto de não poder mais conter-se. Era então que o servo de Deus cantava com o rei profeta: "Minha alma se rejubila no Senhor, e ela triunfará de sua libertação. Todos os meus ossos exclamarão: Senhor, quem é semelhante a Vós?"

Conquanto a virtude não deva ter a recompensa senão no céu, ela não deixa de receber na terra um como que antegozo, que a sustém nos combates. Deus, neste vale de lágrimas, mudará seus desertos num lugar de delícias, e sua solidão num jardim do Senhor. Ali se verá em toda parte a alegria e o júbilo; ali se ouvirão as ações de graças e os cânticos de louvor à glória do Eterno.

Julga-se acertadamente que não recebia tantas graças extraordinárias, senão como preço de sua paciência nas provas interiores, duma abnegação perene e de uma perfeita crucificação de sua carne. O rocio das consolações celestes não tomba jamais sobre uma alma não mortificada que procura as alegrias deste mundo.

São Pascoal Bailão deseja a vida religiosa

O santo não se acreditava dispensado de esmolas na sua pobreza; fazia-o na medida que lhe era possível, e tomava para socorrer os infelizes, do que lhe davam para a subsistência. Dava-lhes uma parte das pequenas provisões que lhes enviavam no campo.

Por mais amor que tivesse pela profissão, não deixou de encontrar dificuldades que o desgostaram pouco a pouco. Não conseguia, apesar de toda a vigilância, impedir que as cabras que guardava fosse, vez por outra, em terreno alheio; isso foi causa de que abandonasse o cuidado delas. Tomou outro rebanho; mas encontrou ao mesmo tempo outros motivos para sofrimentos. Alguns de seus companheiros tinham o costume de praguejar, brigar e bater-se. Ele havia-lhes chamado a atenção para a indignidade de tal conduta, mas eles não o escutavam, persistiam nas desordens. Concebeu então o plano de abandoná-los para não participar de seus crimes.

Antes de escolher um estado de vida, redobrou as orações, os jejuns e outras austeridades: dispunha-se, assim, a conhecer a vontade de Deus. Algum tempo após, acreditou-se chamado à vida religiosa. As pessoas a quem se abriu, indicaram-lhe conventos ricamente ornados; mas não eram a classe de casas que desejava. Sou pobre, dizia, e estou resolvido a viver e morrer na pobreza e na penitência.

Com a idade de vinte anos, São Pascoal Bailão deixou o mestre e pátria, e dirigiu-se para o reino de Valência, onde havia um convento dos franciscanos descalços, chamados "Tamanqueiros" em virtude de uma espécie de tamanco ou sandália que traziam.

Esse convento situava-se num deserto, a regular distância da cidade de Monteforte. Dirigiu-se aos religiosos da casa para consultá-los sobre a verdadeira maneira de servir a Deus, e depois entrou para o serviço dos sitiantes da vizinhança, para guardar-lhes os rebanhos. Sua vida recolhida e penitente fê-lo conhecido em breve. Falavam dele como sendo o santo pastor. Afinal, resolveu romper todas as relações com o mundo. Apresentou-se ao convento dos franciscanos e pediu que o recebessem na qualidade de irmão converso, o que lhe foi concedido em 1564. Ofereceram-lhe inutilmente colocá-lo entre os religiosos do coro: a humildade fê-lo recusar a proposta.

Piedoso, dedicado e generoso

Seu fervor não terminou com o noviciado, como acontece frequentemente; manteve-se, e aumentou mesmo dia a dia. Seu amor pela mortificação o fazia acrescentar novas austeridades às de sua regra; mas ele assim agia com grande simplicidade de coração e não tinha apego à própria vontade. Se acontecia advertirem-no os superiores de que levava as coisas longe demais, aceitava-lhes as advertências e atinha-se à letra da regra.

Procurava sempre as mais baixas ocupações da comunidade. Quando mudava de convento, conforme o costume da ordem que, pelas mudanças, queria prevenir os apegos secretos do coração, não o ouviam jamais queixar-se; nem dava mesmo a entender que achava alguma coisa de mais gracioso numa casa do que noutra, porque estava inteiramente morto para o mundo e procurava Deus em tudo.

Jamais São Pascoal Bailão se permitiu um repouso entre os deveres da igreja e os do claustro; rezava sempre, mesmo durante o trabalho. Não tinha senão um hábito, velho e usado. Andava sem sandálias na neve e nos caminhos mais ásperos. Em qualquer lugar, em qualquer estação, era sempre o mesmo, alegre, doce, afável e respeitoso para com todos. Se lhe anteparava uma oportunidade para prestar a alguém serviços humilhantes e penosos, aproveita-a com empenho e tinha-se por muito honrado.

O geral de sua ordem, Cristóvão de Cheffontaines, duma antiga família da Bretanha, estava em Paris, quando São Pascoal Bailão lhe foi enviado em deputação, para tratar de assuntos da província. Partiu para a França sem se deixar atemorizar à vista dos perigos sem conta que teria que enfrentar da parte dos huguenotes, senhores de quase todas as cidades por onde teria que passar. Fez a viagem descalço e com o hábito franciscano, o que o expunha ainda mais ao furor dos heréticos. Estes o perseguiram muitas vezes a golpes de pedra e bastão. Pascoal recebeu no ombro um ferimento do qual se ressentiu a vida inteira. Duas vezes o prenderam como espião; mas Deus soube livrá-lo de todos os perigos.

Desincumbindo-se da missão com o seu geral, deixou a França para voltar à Espanha. No mesmo dia da chegada, retomou, apesar da fadiga adveniente da viagem, os trabalhos e funções habituais. Nunca o ouviram falar dos perigos arrostados. Contentava-se em responder em poucas palavras, às diversas perguntas que lhe faziam; ainda tinha o cuidado de suprimir o que teria sido capaz de atrair-lhe louvores. Tinha uma terna devoção pela divina Eucaristia, bem como pela paixão do Salvador.

Retorno à casa do Pai

Nos últimos anos de vida, passava a maior parte da noite ao pé dos altares, por vezes de joelhos, prostrado por vezes. Honrava também especialmente a Mãe de Deus, e não cessava de pedir, por sua intercessão a pureza da alma. São Pascoal Bailão morreu em Villareal, perto de Valência, em 17 de Maio de 1592, na idade de cinquenta e dois anos. Durante os três dias que seu corpo ficou exposto, operou um grande número de milagres. Foi beatificado no ano 1618 por Paulo V, e canonizado em 1690 por Alexandre VIII.

Livro Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume IX, p. 9 à 15
 
Comentários