São Pedro, bispo de Osma, originário de Bourges, foi monge na ordem de Cluny, talvez em Santo Orens, na diocese de Auch, onde teria conhecido Bernardo da Salvação.
Com vários outros monges, da mesma ordem, passou à Espanha, no afã de ligar-se aos homens de Castela no grande trabalho da reconquista e combate aos mouros.
Em 1085, Bernardo da Salvação foi nomeado arcebispo de Toledo, Castela formou-se em 1037, sob Fernando Magno, pela união de Leão, mas, com a morte deste rei, em 1075, seus Estados foram novamente divididos pelos filhos, um dos quais, Afonso VI de Leão, conseguiu, de novo, anexar Castela e Galiza e fazer de Toledo a capital, no ano em que Bernardo era nomeado arcebispo, 1085.
Todavia, o período sobre todo heróico da reconquista da península foi o século XII. Neste século foi que, chamadas pelo emir de Sevilha, vieram as cruéis hordas de berberes fanáticas, período em que se salientou Dom Rodrigo de Bivar, o Cid Campeador da lenda.
Em 1097, Bernardo escolheu a Pedro para arcediago, e, em 1103, levava-o a Sé de Osma, vaga desde muito tempo, e restaurada pelos católicos apenas se viram expulsos da cidade os infiéis.
O novo bispo teve trabalhos penosíssimos na diocese. Havia que começar tudo, recriar. As igrejas estavam em ruínas. Os fiéis, na mais crassa ignorância, haviam como que esquecido as obrigações da moral cristã.
Foi um trabalho insano, trabalho que varava dias, varava noites, ininterruptamente.
São Pedro de Osma lançou os fundamentos duma nova catedral, Restaurou paróquias, Estabeleceu hospitais. E pregava. Pregava sem tréguas. Cansado, esgotado, pregava com ardor, com entusiasmo. Alevantava-se com o fogo das próprias palavras.
E Deus, coroando aquele esforço hercúleo, confirmava as pregações com grandes milagres. E tudo foi subindo, firmando-se, concretizando, definindo, assentando definitivamente.
Em 1109. São Pedro compareceu às exéquias do rei Afonso VI em Sahagum. Ali, durante as cerimônias, tomou-o a febre. Piorando e piorando, levaram-no para Palência, onde faleceu. Era no dia 2 de Agosto.
Segundo o desejo que deixava expresso, o corpo foi levado para Osma. Enterrado, os milagres sem conta que se realizaram à beira da sepultura levaram o povo a considerá-lo, de fato, um grande santo, já que, em vida, tal o trabalho que desenvolvera, tinham-no todos como tal.
Num átimo, o culto de São Pedro espalhou-se por toda a região.
(Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XIV, p. 51-52)