São Ruperto ou Roberto era da raça dos reis de França e bispo de Worms, no segundo ano de Childerico III, no ano de 696. Sua reputação chegou até Teodão, duque da Baviera. Este lhe enviou emissário para lhe rogar insistentemente que viesse ensinar na Província de Nórica. O santo bispo enviou, a princípio, alguns missionários, depois foi pessoalmente para lá.
O duque, pleno de alegria, veio-lhe ao encontro, recebendo-o em Ratisbona, com grandes homenagens. São Ruperto ensinou tanto a moral como a fé católica, batizou-os juntamente com muitos súditos, tanto nobres como plebeus.
É certo que, desde o tempo do rei Teodorico I, os bávaros haviam recebido a religião cristã, como consta de suas leis; mas vemos ao mesmo tempo, sobretudo pelo capitulário do Papa Gregório, que não havia nenhuma organização de bispados sob uma metrópole, nem, por conseguinte, nenhuma sucessão assegurada aos bispos. Concebe-se que, em tal estado de coisas, sobretudo em meio a resoluções políticas do reino da Austrásia, as gerações novas da Baviera, sem serem precisamente idólatras, nem sempre eram cristãs. Era a isso que o Papa Gregório procurava remediar, por seus legados.
Convertendo-se o duque Teodão prometeu a São Ruperto escolher um lugar para estabelecer uma sede episcopal e construir igrejas e alojamentos para os eclesiásticos. O santo bispo embarcou no Danúbio e foi até as fronteiras da Panônia inferior, pregando a fé.
Ao voltar, passou por Laureac, atualmente Lorch, antiga metrópole de Nórica onde curou vários doentes por suas orações e converteu inúmeras pessoas. Em seguida, sabendo que um lugar chamado Juvave havia existido quantidade apreciável de edifícios maravilhosos, mas, então, quase que em ruínas e cobertos de árvores, foi para lá e pediu esse lugar ao duque de Teodão. Esse lhe concedeu de boa vontade, com as terras dos arredores, em uma extensão de duas léguas. São Ruperto, estabeleceu sua sede episcopal, construiu uma igreja muito bonita em honra de São Pedro, com um claustro e alojamentos para os clérigos, para celebrarem o ofício todos os dias. Foi assim que, à voz do pontífice, a antiga Juvave saiu das ruínas para reviver séculos sob o nome de Salisburgo.
Esse santo bispo tinha necessidade de operários que pregassem o Evangelho. Por isso voltou a seu país e trouxe consigo doze, com sua sobrinha Erentrude, que se havia consagrado a Deus. Fundou para ela um mosteiro em honra da santa Virgem sobre uma montanha vizinha, do qual ela foi a primeira abadessa. Ele continuou a visitar assiduamente todo o país, a construir igrejas e a ordenar clérigos.
Enfim, após ter ordenando seu sucessor, morreu em 718, no dia da Páscoa, 27 de Março, dia em que a Igreja lhe honra a memória. (Livro Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume V, p. 317 à 319)