Um homem vale pela sua grandeza diante do infortúnio. São Simplício foi um santo que assistiu à decadência e queda de Roma, a grande. Em face a isso, ele não desistiu: sua posição e autoridade fizeram a Roma dos Césares se tornar a Roma dos Papas.
Não se tem nada documentado a respeito da infância ou juventude de São Simplício. Sabe-se, apenas, o que ocorreu quando ele já trabalhava pela Santa Igreja.
Um dado apresentado em sua história é que o Santo Padre conheceu São Leão Magno, aquele que parou a investida de Átila, Rei dos hunos. Diante do Papa todo vestido com suas vestes formais, paramentos, báculo e mitra, o bárbaro, tão temido, recuou e foi embora.
Com certeza a magnificência da cena povoou a mente de São Simplício, e a admiração por um papa tão majestoso encheu seu coração. Assim, anos mais tarde, quando ele assumiria o trono, teria tal imponência diante dos problemas também.
O santo assumiu o pontificado em 468, com uma certa idade. Nessa época, Roma estava em contínua guerra com os povos vizinhos, os bárbaros, que tentavam quebrar suas defesas e forçar a vitória.
Durante sua vida, São Simplício notou a eficiência do exército romano e suas contínuas batalhas. Se fosse um homem materialista, acomodado com a fama de Roma, teria ficado assustado, surpreso e sem reação diante da queda da cidade.
A vitória de Odoacro, rei dos Hérulos, é datada do ano de 473, cinco anos após São Simplício assumir o pontificado. Rômulo Augusto, figura central e imperador, tornou-se um prisioneiro vil.
O bárbaro vencedor defendia o Arianismo, e entre suas fileiras grassava a heresia. Nem por isso o Papa Simplício curvou sua cabeça ao descrente, mantendo sua autoridade de líder da Igreja Católica.
São Simplício continuou a governar o leme da Santa Igreja nesta época de incerteza, o que fez os olhos de todos os oprimidos se voltar a ele. Defendeu arduamente o direito dos pobres, da manutenção da sociedade que sobrara e do respeito de um para com o outro, mesmo nas calamidades.
Tanto quanto podia, não permitiu saques, depravações, assassinatos e espoliações, o que acontece na queda de uma civilização.
Protegeu a arte românica, como quando pediu que escondessem os mosaicos da Igreja de Santo André.
Mesmo na destruição, não parou de fomentar os estudos, inclusive escrevendo várias cartas contra os hereges que aproveitaram a queda do império romano para proliferarem seus erros.
Construiu igrejas, preservou a memória e a tradição, instituiu cultos aos apóstolos e continuou a atender aqueles que necessitavam.
São Simplício faleceu no dia 10 de março de 483, deixando um legado de autoridade e caridade. Sua festa foi instaurada para celebração no dia 2 de março, data que o celebramos até hoje.
Forte foi aquele que, diante do infortúnio, manteve a haste do estandarte de Cristo ainda tremulando! São Simplício, rogai por nós!