Não há nada mais natalino que os cânticos que foram criados para celebrar o profundo mistério do nascimento de Cristo.

Isto porque somos especialmente sensíveis à música; esta arte é capaz de nos transportar ao universo de acordes e harmonias que nos libertam das amarras e das prisões da carne, do concreto e do cotidiano cansativo.

A maioria destes cânticos natalinos escondem lições preciosas, transmitidas através de refrões e versos de fácil repetição.

Vamos explorar um pouco o universo musical e ler, nas entrelinhas, o louvor perene ao Menino Deus que nasce.

Hark! The Heralds Angels sing (Anunciam os Anjos)

A salvação de Nosso Senhor se derramou sobre todos os povos, sem excluir nenhum. Por isso, diferentes idiomas louvam o início de nossa Redenção, que é a vinda de Jesus ao mundo.

Uma singela música natalina, “Hark! The Heralds Angels sing”, cantada em inglês, narra o júbilo dos Anjos e sua convocação às nações para louvar o Menino Deus.

Em uma especial passagem, o cântico nos fala de um grande mistério que circunda o nascimento da Divina Criança: “Paz na Terra! Com a misericordiosa Criança, Deus e pecadores são reconciliados”. Ou seja, a missão de Jesus foi reabilitar nossa natureza decaída à glória do Céu, pagando nossa dívida e unindo-nos novamente ao Pai.

Saibamos enxergar no pequenino que nasce a sua intenção de reconciliação.

El Tamborilero (O Menino do Tambor)

Da Península Ibérica podemos ouvir o repicar entusiasmado dos sinos no Natal. Para os espanhóis, o nascimento de Cristo envolve a máxima alegria, por ser o início de nossa salvação.

Em uma de suas músicas, podemos vê-los indo à gruta, com queijo e vinho (“Campana sobre campana”).

Em outra que aqui trazemos, porém, suas vozes cantam e narram a história de um pequeno menino que, ouvindo a notícia de que o Rei do Universo havia nascido, quis acompanhar a caravana dos Magos a fim de presenteá-Lo.

Mas com que haveria de alegrá-lo, se não possuía nada, sendo tão pobre?

Tomou, então, seu tambor e decidiu presentear Cristo com uma música. E a inocente criança, diante do presépio, fez percutir o som com todo o amor de seu coração.

Qual foi a resposta de Cristo perante tal oferta? A canção diz: “Quando Deus me viu tocando, me sorriu, me sorriu”.

Este cântico nos ensina a dar o que possuímos ao Menino, mesmo sem possuir riquezas; o que Ele mais almeja é nosso amor.

Tu scendi dalle stelle (Vós descestes das estrelas)

Dentre os cânticos natalinos, este é um escrito por um Bispo italiano, Santo Afonso Maria de Ligório.

Ela foi originalmente composta no dialeto napolitano, mas sua riqueza de significado é tão grande que o Papa Pio IX pediu que fosse adaptada para o idioma italiano, tornando-se assim uma das principais canções natalinas no país.

Santo Afonso coloca, na melodia e na letra, um enorme carinho pela figura pequenina que nasce para a Cristandade. E mesmo sem enxergar a divindade na Criança, o Santo louva sua providencialidade: “Vós descestes das estrelas, ó Rei do Céu!”

Mas a principal nota natalina neste cântico é a doçura do Infante: “Meu divino doce Menino, eu Vos vejo aqui tremendo [de frio]” e “Bebezinho querido eleito”.

Mas Santo Afonso quer nos fazer lembrar que todas as dificuldades e sofrimentos que Cristo experimentou foi para nos remir: “Ó Deus bendito! Quanto Vos custou ter me amado!” É necessária uma reciprocidade nossa perante tamanha doação.

O Jesulein süß (Ó doce Jesus)

Os alemães não poderiam ficar de fora nas comemorações natalinas.

Entre os cânticos que compuseram, este, escrito pelo famoso Johan Sebastian Bach, louva, com uma grande piedade, a Criança Divina que vem a nós.

A melodia lembra o sussurro frio do vento que penetrava na Gruta de Belém e que embalava a Cristo. Foi seu primeiro contato com a natureza, e neste momento mais uma vez Ele firmava seu propósito de redimir o gênero humano.

Os Arautos do Evangelho adaptaram uma tradução em português para ser colocada na melodia. O título é o mesmo da cantiga original, “Ó Doce Jesus”.

Em um de seus versos, cantamos: “Ó pobre Jesus, ó rico Senhor!” Esta harmonia entre os opostos engrandece ainda mais a figura de Cristo, que Se fez pobre, sem contudo abandonar o trono de riqueza que possui no Céu.

O Messias Prometido

Esta música, “O Messias Prometido”, adaptada pelos Arautos do Evangelho, cintila entre as constelações dos cânticos natalinos.

Em nosso idioma pátrio, somos levados pelo coro e orquestra a enxergar, no nascimento de Jesus, a grandiosidade de sua missão. Não permanecemos apenas na gruta, mas caminhamos com Ele até as portas do Céu, que se tornará nossa casa quando Ele consumar sua missão.

Em um verso cantamos: “Nasce um Menino, dos bons [é] a vitória! […] Eis que o Pequenino calca aos pés o inferno; sendo onipotente, funda um Reino eterno”.

Ao estarmos diante do presépio, não nos esqueçamos que Cristo é também a maior de nossas esperanças e por Ele vencemos tudo que hoje nos aflige.

Dentre os cânticos natalinos, o mais perfeito: “Noite Feliz”

Por último, não poderíamos deixar de mencionar, entre todos os cânticos natalinos compostos, este que se tornou o símbolo do Natal: “Noite Feliz”.

Foi escrito por dois germânicos e somente no século XIX floresceu como a maior de todas as tradições. Tendo sido traduzido para mais de cinquenta idiomas ou dialetos, hoje o “Noite Feliz” se afigura como o maior dos cânticos natalinos.

Somos levados a um momento de paz, de calma e de tranquilidade ao entoá-lo. Como se um bálsamo se passasse sobre nossas mágoas, nesta hora não sentimos mais nossos problemas.

Diante de Cristo na gruta, contemplamos sua Santa Mãe e seu castíssimo pai, e permanecemos ali, apoiados no bastão de um pastor ou ao lado de uma pequena ovelha que, mesmo inconscientemente, presta suas homenagens.

Que neste Natal saibamos deixar de lado nossas preocupações rotineiras para encarar, com amor, o verdadeiro sentido do Natal: a alegria e a felicidade pela vinda do Menino Deus.