"Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso" (Mt 11, 28).
Composição de lugar
Um certo homem fez um dia um grande banquete, e enviou à hora da ceia o seu servo a dizer aos convidados: vinde, já está tudo preparado. Vinde, comei de meu pão e bebei o vinho que para vós preparei. Assim canta um piedoso hino, cheio de unção eucarística, tão sublime mistério do amor de Deus. Jesus, sabendo que era chegada a hora de separar-se dos discípulos e concluir na cruz a obra da Redenção; para consolá-los da perda de sua presença visível, quis ficar com eles no Santíssimo Sacramento. Na noite em que foi traído Jesus quis opor ao excesso da maldade humana, um grande banquete de doçura celestial, do excesso de seu Amor, instituindo a Eucaristia.
Ave Maria,...
Oração inicial:
Ó, Maria Santíssima, pedimo-Vos que tenhamos no fundo da alma, os sentimentos ardorosos que Vós tivestes, quando ouvistes por primeira vez a revelação de Vosso Divino Filho a respeito da instituição da Eucaristia. E tendo assim colocado a minha atenção em vossas mãos e na Santíssima Eucaristia, eu inicio esta meditação para melhor reparar o vosso Sapiencial e Imaculado Coração.
Assim seja!
I- O Pão da Vida.
Naquele tempo disse Jesus às multidões dos judeus: vossos pais no deserto comeram o maná e morreram. Este é o pão que desceu do céu, para que não morra todo aquele que dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. É o pão, que eu hei de dar, é a minha Carne para a salvação do mundo. (Jo. 6, 50-52).
Vamos fixar esses versículos como primeiro ponto de nossa meditação. Ele fala à multidão, portanto tinha diante de Si um grande número de pessoas, porque Ele queria fazer uma comunicação para todo o orbe terrestre; para constar que deixava esse sacramento, que a carne dEle é verdadeira comida, o sangue dEle é verdadeira bebida.
Este sexto capítulo do Evangelho de São João é dedicado inteiro para fazer todo um apanhado da didática e do ensinamento do divino Mestre sobre a Eucaristia. Como procedeu Nosso Senhor para convencer os Apóstolos passo a passo de que, naquela aparência de pão, naquela aparência de vinho estavam seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade?
A multiplicação dos pães:
Como excelente professor, Jesus primeiro multiplicou os pães, nós conhecemos a cena: o povo estava faminto, não havia lugar onde pudessem comer, era uma quantidade enorme de pessoas, eram mais de cinco mil famílias; o que significava pelo menos umas trinta mil pessoas, com senhoras e crianças. Onde, portanto, iriam comer? Ele multiplica os pães e os peixes e dá aos Apóstolos, discípulos e aos que O acompanhavam, a idéia exata de que Ele tinha poder sobre os alimentos; Ele podia fazer do pão o que quisesse. E devemos aqui imaginar: que pão Ele deve ter oferecido para aqueles milhares de pessoas, a ponto de logo no dia seguinte, pela manhã, eles correram atrás de Nosso Senhor a procura daquele pão que tinham comido na véspera. Pão extraordinário!
Jesus anda sobre as águas:
Naquela noite, Ele se afastaria dos Apóstolos. Estes vão pescar em alto mar. E qual não é a surpresa deles quando vêem, no meio de uma névoa um vulto, uma figura andando sobre as águas... Pânico! O que aconteceu? Será um fantasma? São João, discípulo amado, discerne imediatamente que se tratava de Jesus e exclama: é o Mestre! São Pedro, o que mais amava, quando se dá conta que se trata de Nosso Senhor, salta para a água, não se dá conta de que ele podia ir para o fundo; ele vence o medo das águas; ele vence completamente toda e qualquer circunstância que pudesse segurá-lo dentro do barco: atira-se e vai em direção a Nosso Senhor!
Quando ele se dá conta que está andando sobre as águas, titubeia; e no titubear, tirando os olhos de Nosso Senhor, começa a afundar. Ele pede por socorro: - Mestre salva-nos! Nosso Senhor o toma pelas mãos e o coloca na barca. Jesus prova com isso que Ele tem poder sobre seu corpo Então, fica provado que Ele tem estes poderes sobre o pão e sobre o próprio corpo!
E será no dia seguinte que Ele fará a revelação dessa nossa meditação, dizendo: Eu sou o pão da Vida!
O pão que produz a imortalidade.
O povo judeu tinha sido preparado para compreender o que deveria ser um pão da vida. Tanto mais que seus pais no deserto tinham comido o maná. Quando tinham fome era só colher aquela neve magnífica que caía logo pela manhã; uma neve extraordinária que era um alimento fora do comum, era o maná.
Ele já havia feito o milagre das Bodas de Caná transformando a água em vinho, também pré-figura da Sagrada Eucaristia. Os milagres preparariam todos.
E Nosso Senhor ainda tem o cuidado de dizer: “Vossos pais no deserto comeram o maná e morreram.”
Ele levanta a curiosidade de toda a assistência sobre um pão que, uma vez comido, prolonga a vida, mais do que isso produz a imortalidade. Certamente no meio daquele público uma curiosidade muito maior, porque, como eles estavam com o sabor do pão multiplicado do dia anterior, portanto, aquela gente estava ainda com o paladar aceso no fundo do seu apetite. Um gosto extraordinário de um pão que eles nunca tinham comido. Então, eles procuravam um pão que, além de ter um sabor excepcional, produziria também a imortalidade. E Nosso Senhor diz:
"Este é o pão que desceu do céu, para que não morra todo aquele que dele comer."
E este é propriamente o pão que Ele nos deixou, que está aqui no sacrário; que se faz presente em nossos altares, a partir do momento em que o sacerdote pronuncia as palavras da consagração: então, não há mais pão, não há mais vinho, há Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Quem não comer deste pão, não terá a vida eterna.
Os judeus não entenderam e começaram a murmurar: Como pode este dar-nos de comer a sua carne? São os materialistas daquele tempo. Quanta gente hoje, ao ouvir falar da Eucaristia, também não entende do que é que se trata, não aceita o que está na Eucaristia? Entretanto, a Eucaristia é o Pão da Vida; quem não comer desta Carne, quem não beber deste Sangue, não terá a Vida Eterna, e não terá vida. Este é o Pão da Vida.
Não que a pessoa não morra desta morte comum e corrente, a que está destinada toda criatura humana. Quem come, morre. Ele mesmo, Nosso Senhor morreu. Todos os que de lá para cá comungaram também morreram. Não se refere à morte, no que diz respeito à vida humana; trata-se de uma referência à vida eterna e sobrenatural. E esta Nossa Senhor garante que concede a todo aquele que recebe este pão. E é para isto que nós estamos sendo convidados nesta meditação.
Vinde a Mim todos vós que estais cansados.
Nesta meditação, somos convidados a progredir muitíssimo no amor ao culto eucarístico, na adoração ao Santíssimo Sacramento, no aprofundamento da piedade, devoção a Jesus-Hóstia, etc. E tirarmos daí de dentro um proveito enorme para a nossa vida, porque nada consola mais do que a Eucaristia.
Coração Eucarístico de Jesus, fonte de toda consolação.
Quando temos alguma aflição procuramos alguém para conversar. Têm-se um amigo, uma amiga, procuramos para conversar a respeito do drama que estamos vivendo naquele momento.
Poder falar com este amigo, exprimir-lhe os sentimentos de dor, de preocupação, de aflição que levamos dentro de nós; a pessoa sente um alívio. Sobretudo se o amigo entende o que se está dizendo.
Acontece que nós temos na Eucaristia um amigo com A maiúsculo, é o Amigo por excelência. Nosso Senhor Jesus Cristo está na Eucaristia desejoso de salvar-nos, de ser nosso bom confidente; o Médico divino que quer curar as nossas dores, aliviar as aflições.
Ele se dá como alimento na Eucaristia.
Ele é o amigo que está no tabernáculo, Ele é o amigo que estará nos altares, na celebração eucarística, com o qual nós podemos abrir a alma e colocarmo-nos inteiramente nas mãos dEle. Mas Ele deixou-se a Si mesmo como alimento; não é pouca coisa!
Pensar que Ele criou o homem de tal forma que tem necessidade de comer: café da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar; tem que comer todos os dias, não pode deixar de comer senão morre! Por que criou-nos com essa necessidade? Com vistas à em determinado momento deixar-Se como alimento nosso... Qualquer alimento que eu tomo, este é digerido pelo meu organismo; eu aproveito desse alimento o que é útil para a minha saúde, o meu sangue, os meus músculos, meu desenvolvimento físico. Portanto, o alimento se transforma em mim. Mas na Eucaristia se passa um fenômeno bem diferente e oposto a este:
Quando eu tenho um copo de um bom e puro álcool e tomo uma gota de essência de primeiríssima categoria, e coloco neste copo, a gota é menos do que o copo de álcool; entretanto, o álcool deixa de ser álcool para se transformar em perfume. Ora, eu quando comungo, por ser Nosso Senhor Jesus Cristo que está ali em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, ao invés de eu transformá-Lo em mim, o que se passa é uma coisa bem oposta: é que Jesus Cristo, sendo Deus e Homem verdadeiro, é Ele Quem me assume, é Ele Quem nos transforma. É o que nos ensinam Santo Alberto Magno, Santo Efrém, e vários outros santos. Dado que a substância dEle, sendo tão superior a nós, é Ele Quem nos assume, é Ele quem nos transforma, É por isso que Ele nos diz:
"Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele" (Jo 6, 56).
Oração Final
Ó, Maria Santíssima, Vós que sois a mais excelente Devota do Santíssimo Sacramento, ardente de amor a Deus em Vosso Imaculado Coração, nos convidando a sermos devotíssimos da Eucaristia, suplicamos que aceiteis esta meditação em desagravo ao Vosso Sapiencial e Imaculado Coração. Concedei-nos graças sobre graças na linha de compreendermos bem o tesouro que possuímos, o mais belo e o mais essencialmente alto, elevado sacramento, e dai-nos um ardor extraordinário pela Eucaristia como Vós tivestes.
Minha Mãe, aqui estamos para que nos transformeis em ardorosos adoradores da Eucaristia!
Assim seja!
Texto sem revisão do autor.