Revista Arautos do Evangelho, Ano XXIII, nº 277, Janeiro 2025
Revista Arautos do Evangelho, Ano XXIII, nº 276, Dezembro 2024
Revista Arautos do Evangelho, Ano XXIII, Edição Especial
Falece Bento XVI aos 95 anos
Recentemente, o mundo recebeu a notícia de que o já debilitado pela doença Bento XVI entregou sua alma nas mãos do Senhor, podendo descansar de sua missão de pastor nesta terra. Joseph Ratzinger foi um notável teólogo, que, tanto em documentos (quando ainda cardeal) como também com suas encíclicas papais, dirigiu o futuro da Igreja nos delicados anos posteriores ao concílio Vaticano II. Após uma vida inteira dedicada a ser um humilde servo na Vinha do Senhor, ele faleceu no sábado, 31 de dezembro de 2022, tendo seu corpo velado até o dia 05 de janeiro de 2023. Neste artigo, vamos entender um pouco como serão as celebrações do funeral de Bento XVI.
Os novemdialem
Como configurado no Ritos Funerários do Pontífice de Roma, é de praxe que o corpo de sua santidade seja velado por 9 dias, chamados de novemdialem. Porém, por ser um papa emérito, retirado, os dias de vigília ao corpo de Bento XVI serão 4, começando a contagem no primeiro dia do ano de 2023, até a quinta-feira, 05 de janeiro, quando será enterrado.
No dia 02 de janeiro, às 9h do Vaticano, o corpo de Bento XVI será velado na Basílica de São Pedro. Antes disso, seus restos mortais estavam descansando no mosteiro Mater Ecclesiae, sem serem previstas entradas ou orações públicas.
O funeral de Bento XVI está marcado para o final dos quatro dias de vigília na Basílica de São Pedro, quando será celebrada a Missa de Ritos funerários, na praça central. A Missa está marcada para às 09h30. Por enquanto, as delegações oficiais confirmadas são apenas a da Alemanha e da Itália.
Solenidade na deposição do corpo
Após a celebração litúrgica, os restos mortais do pontífice descansarão ao lado de outros papas, com toda a dignidade que sua função lhe reservou. Os papas são enterrados em 3 caixões: o primeiro, mais interno, é feito de cipreste e adornado com fitas vermelhas. O intermediário é de zinco, adornado com uma cruz, com o seu nome, Bento XVI, os anos de papado (2005-2013), e seu brasão. Já o terceiro caixão, o externo, é feito de nogueira ou elmo e fechado com pregos de ouro.
O brasão de Bento XVI contém a tiara pontifícia, clássica figura, e outros simbolismos: o campo principal do brasão é o central, que é vermelho. No ponto mais nobre do escudo, encontra-se uma grande concha de ouro, que pretendeu recordar a lenda atribuída a Santo Agostinho, o qual encontrando um jovem na praia, que com uma concha procurava pôr toda a água do mar num buraco cavado na areia, lhe perguntou o que fazia. Ele explicou-lhe a sua vã tentativa, e Agostinho compreendeu a referência ao seu inútil esforço de procurar fazer entrar a infinidade de Deus na limitada mente humana.
Encontram-se também dois símbolos provenientes da Tradição da Baviera, que Joseph Ratzinger, ao tornar-se em 1977 Arcebispo de Mónaco e Frisinga, tinha introduzido no seu brasão arquiepiscopal. No ângulo direito do brasão está uma cabeça de mouro, com lábios, coroa e colar vermelhos. É o antigo símbolo da Diocese de Frisinga, que surgiu no século VIII.
Já no ângulo esquerdo da parte superior, está representado um urso, de cor escura, que carrega no seu dorso um fardo. Narra uma antiga tradição que o primeiro Bispo de Frisinga, São Corbiniano, tendo-se posto em viagem a cavalo rumo a Roma, ao atravessar uma floresta foi atacado por um urso, que lhe devorou o cavalo. Contudo, ele conseguiu não só aplacar o urso, mas carregar nele a sua bagagem fazendo-se acompanhar por ele até Roma. Por isso o urso é representado com um fardo sobre o dorso.
Um papa celebra o funeral de Bento XVI
Em 2013, Bento XVI assumiu uma posição sem muitos precedentes na História: abdicou do Trono Pontifício, mantendo, entretanto, a batina branca e o título de papa emérito. Foi por essa ocasião que subiu ao principado da Igreja o Cardeal Bergoglio, atual Papa Francisco. Assim, pela primeira vez, um papa estará celebrando os ritos funerários de outro.
O funeral de Bento XVI será realizado com toda a honra, mesmo que abreviada, devida a um falecido papa. Sua presença à frente da Igreja foi marcante, assumindo o leme da Barca de Cristo em 2005, após o falecimento de São João Paulo II, que exerceu o terceiro maior pontificado na história da Igreja. A brevidade, então, com que Bento XVI representou a Cristo para nós contrasta de modo a nos lembrar que é o Senhor o responsável pela Santa Igreja e que o Espírito Santo é dadivoso, sejam em 26 anos de pontificado quanto em 8.
Nestes dias do funeral do Papa Bento XVI, que nossos corações estejam espiritualmente em vigília, e que de nossos lábios saiam preces pelo falecido. Rezemos para que o Senhor, Aquele que sabe as intenções e perscruta rins e mentes, conceda o descanso eterno a este Servo dos seus servos.
