Cidade do Vaticano (Segunda, 26-01-2009, Gaudium Press) O Papa Bento XVI concedeu, no último sábado, a revogação da excomunhão sob a qual estavam submetidos há mais de vinte anos os bispos da Fraternidade Sacerdotal San Pio X, ou bispos lefebvrianos, segundo comunicado divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
O documento ressalta que a remoção do caráter de excomungados é uma iniciativa de Bento XVI para "recompor a ruptura com a fraternidade", em direção a uma "completa reconciliação."
Fundada em 1968 pelo arcebispo francês Marcel Lefebvre, o grupo se opunha ao reformismo das medidas aprovadas após o Concílio Vaticano II, como a autorização da celebração das missas em diferentes idiomas, e não só o latim.
Após terem sido ordenados bispos por Lefebvre, que não tinha mandato pontifício e nem a permissão da Santa Sé, S.E monsenhor Bernard Fellay, S.E. monsenhor Bernard Tissier de Mallerais, S.E. monsenhor Richard Williamson e S.E. monsenhor Alfonso de Galarreta, foram formalmente submetidos à excomunhão latae setentiae pela Congregação para os Bispos, no dia 1° de julho de 1988.
Diz o comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé:
"O Santo Padre, após um processo de diálogo entre a sede apostólica e a Fraternidade Sacerdotal San Pio X, representada por seu superior geral, S.E. monsenhor Bernard Fellay, acolheu o pedido formulado novamente pelo referido prelado, em carta do dia 15 de dezembro 2008, também em nome dos outros três bispos da Fraternidade, S.E. monsenhor Bernard Tissier de Mallerais, S.E. monsenhor Richard Williamson e S.E. monsenhor Alfonso de Galarreta, de levantar a excomunhão à qual estavam submetidos há vinte anos.
Na carta de monsenhor Fellay citada no texto, o religioso afirmava, segundo o Vaticano que: "somos sempre fortemente determinados na vontade de permanecer católicos e de colocar todas as nossas forças a serviço da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Igreja católica romana. Nós aceitamos os seus ensinamentos como ânimo de filhos. Nós cremos firmemente no Primado de Pedro e nas suas prerrogativas, e por isto nos faz sofrer tanto esta situação atual."
Ainda de acordo com o comunicado da Santa Sé, "Sua Santidade Bento XVI, que seguiu este processo desde o seu início, procurou sempre recompor a ruptura com a fraternidade, também encontrando pessoalmente monsenhor Fellay, no dia 29 de agosto de 2005. Naquela ocasião, o sumo-pontífice manifestou sua vontade de proceder gradualmente e em tempo razoável no caminho da revogação e agora, benignamente, com solicitude pastoral e misericórdia paterna, mediante decreto da Congregação para os Bispos de 21 de janeiro de 2009, levanta a excomunhão que pesava sobre os prelados mencionados. O Santo Padre foi inspirado nessa decisão pela percepção que se chegue o mais cedo à completa reconciliação e à plena comunhão."
Em uma carta endereçada aos fiéis lefebvrianos, monsenhor Fellay teria dito que a revogação da excomunhão do Papa não altera as "reservas" dos tradicionalistas sobre o concílio Vaticano II.