Na parábola do semeador, lemos que “todo aquele que ouve a Palavra do Reino e não compreende, vem o maligno e rouba o que foi semeado em seu coração” (Mt 13, 19).

Essa é uma das numerosas passagens da Sagrada Escritura nas quais se põe em relevo a Palavra. Aqui, Jesus nos adverte que ela deve ser não só ouvida, mas também entendida.

Tal Palavra é eficaz e poderosa. Ela tem a capacidade, por exemplo, de pacificar.

Quem, sobressaltado de preocupações, correrias ou angústias, quiser reencontrar a paz, preste atenção nessa Palavra: “Eu disse essas coisas para que tenhais a minha paz. Neste mundo, vós tereis aflições, mas tende coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16, 33).

Ainda através do Evangelho, vimos a saber que essa Palavra purifica, ilumina e alegra: “Mais felizes são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11, 28).

Nesses dizeres de nosso Salvador, encontramos um terceiro degrau, ao qual deve subir quem já ouviu e compreendeu: pôr em prática. A recompensa é atingir a felicidade.

Essa potente Palavra também condena, como ensinou o próprio Redentor: “Quem Me rejeita e não aceita as minhas palavras, já tem seu juiz. A Palavra que falei será o seu juiz no último dia” (Jo 12, 48).

Para muitos, ela é causa de enlevo e admiração: “Todos os que ouviam o Menino estavam maravilhados com a inteligência de suas respostas” (Lc 2, 47).

Para outros, pelo contrário, ela é motivo de divisões, contradições e ódios: “Ele tem um demônio, está louco! Por que vós O escutais?” (Jo 10, 20).

Mas, que palavra é essa?

Consultemos de novo a Sagrada Escritura e aí encontraremos um esclarecimento: “Porque Eu não falei por Mim mesmo, o Pai que Me enviou, Ele é que Me ordenou o que Eu devia dizer e falar” (Jo 12, 49).

Há, portanto, uma íntima relação entre o Pai e o Filho no tocante à Palavra. E o Filho, que é a Palavra, a promulga. Daí vem sua eficácia divina, a ponto de nos garantir a vida eterna.

Conforme a admoestação do Senhor, essa Palavra deve ser compreendida. ­Para isso, é necessário que seja oferecida de modo belo, didático e atraente ao ouvinte, para que nele penetre seu significado. Eis o grande e sublime dever do pregador.

Conforme São Tomás de Aquino deixa consignado em seus escritos, quem anuncia a Palavra, se quiser ter sucesso, precisa ser contemplativo, estudioso, bem instruído e fiel às normas da Igreja, bem como virtuoso. Ademais, deve ser uma pessoa de oração, uma vez que só com o auxílio do Espírito Santo, sua palavra convencerá e moverá os corações.

Essas considerações visam sublinhar a importância da XII Assembleia do Sínodo dos Bispos, a ser realizada neste mês de outubro, em Roma. Sob a orientação do Papa Bento XVI, deverá ela tratar do papel essencial da Palavra para a vida e a missão da Igreja.

Acompanhemos, com nossas orações, nossos pastores, pedindo a Deus que os inspire e ilumine de modo que os resultados superem todas as expectativas e deem novo dinamismo à Esposa de Cristo.