Quão grande é a influência do Papado!

Nossos corações de católicos exultaram ao presenciar a comoção que tomou conta do mundo, tanto a propósito do falecimento do querido Papa João Paulo II, quanto da jubilosa eleição do Papa Bento XVI.

Na França antiga, havia um brado para assinalar a morte de um rei e a imediata coroação de outro: “Le roi est mort, vive le roi!” (O rei morreu, viva o rei!). Os franceses daquele tempo pretendiam, com essas palavras, indicar a continuidade da monarquia gálica.

“Stat crux dum volvitur orbis!” – Enquanto gira a terra, a cruz permanece fixa, proclama o famoso lema cartuxo. “Tudo passa, tudo se quebra, tudo se substitui”, diz um provérbio francês. Entretanto, verdadeira solidez e perpétua continuidade só tem a linhagem daqueles que receberam um poder diretamente de Deus: “Tudo o que ligares na terra será ligado no Céu, e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu” (Mt 16, 19)! A instituição do Papado infalível é tão imortal quanto a própria Igreja.

Por isso, poder-se-ia afirmar sem receio: “O Papa morreu, viva o Papa!”

E graças ao progresso da técnica no campo das comunicações, foi possível em todo o orbe assistir às pompas fúnebres e logo em seguida às cerimônias festivas que engalanaram o Vaticano.

Pela primeira vez, centenas de milhões de pessoas, muitas das quais não-católicas, puderam de algum modo, com um misto de espanto e maravilhamento, participar em tempo real das vicissitudes do Papado, a partir do agravamento da saúde de João Paulo II. Uma multidão de almas se beneficiou com conversões, progressos na santificação, fervor e entusiasmo.

Ora, ensina a doutrina católica que todo movimento bom de alma, seja num indivíduo, seja num conjunto de pessoas, é causado pela graça.

Sendo assim, é forçoso concluir que essa comoção mundial só foi possível em virtude de abundantes graças derramadas sobre a humanidade pela Divina Providência.

Deus jamais abandona suas criaturas e – tal como no auge da História determinou enviar-nos seu Unigênito para nos redimir e ensinar-nos o caminho, convidando-nos à conversão – um sopro do Espírito Santo renovou nas almas dos batizados um fervor adormecido, a propósito da Cátedra de Pedro, nestas últimas semanas.

Por menos praticante que seja um cristão, há no fundo de seu coração uma sensibilidade toda voltada para as chaves e a tiara. Basta um simples reluzir desses símbolos, para uma consolação quase sempre sensível percorrer nosso interior. “Anima humana naturaliter christiana” – a alma humana é naturalmente cristã, dizia Tertuliano.

E nós poderíamos reverter sua afirmação nesta outra: “A alma cristã é naturalmente voltada ao Papado”. Sim, porque o Papa é o nosso Doce Cristo na terra.

O mundo parou para ver Pedro. Neste nosso tempo afligido por tantos males, no qual notícias ruins nos sufocam quase que diária e constantemente, todos nós pudemos respirar o mais puro ar, vendo no Papa que nos deixou e no Papa que subiu ao trono pontifício, o próprio Príncipe dos Apóstolos, imortal nos seus sucessores, a nos lembrar as palavras do Divino Mestre: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16, 18).